Este trabalho discute o confinamento de trabalhadores de cruzeiros marítimos sob a luz dos estudos das mobilidades, lançando mão de conceitos como mobilidades justas, elites cinéticas e instituição total. Apesar desse suporte empírico, a proposta é produzir um exercício ensaístico que, ao final, agregue contribuições para o estudo do turismo como manifestação complexa das mobilidades, abrindo espaço para trazer outras dimensões do fenômeno de maneira crítica e integrada. Um dos aspectos que se busca iluminar é o fato de que, até hoje, nas tentativas de se teorizar o turismo, pouca atenção se tem dado aos trabalhadores do turismo em detrimento de maior visibilidade ao próprio turista. Nota-se que, durante a pandemia, trabalhadores confinados em cruzeiros nos EUA sofreram situações que indicam assimetrias e desigualdades no regime de mobilidades que opera para a produção da cadeia do turismo. Assim, em um contexto de pandemia e seus desdobramentos sobre a atividade turística, e tendo o setor de cruzeiros como espaço de estudo aplicado, espera-se apontar para uma forma de compreensão mais alargada e crítica do fenômeno turístico pelas lentes das mobilidades.
Este artigo tem o objetivo de analisar o efeito da pandemia Covid-19 na geração de empregos no turismo, em modalidade atípica de contrato de trabalho [jornada intermitente]. Regulamentado pela Reforma Trabalhista em 2017, o contrato de trabalho intermitente não define previamente a jornada de trabalho do trabalhador, e seus ganhos dependem estritamente dos períodos trabalhados. Nas empresas de turismo, o número de contratos intermitentes nos anos de 2018 e 2019 foi insignificante, representando menos de 1% do total dos contratos de trabalho celebrados. No entanto, em 2020 já foi possível identificar um outro cenário: o maior saldo positivo de empregabilidade ocorreu justamente entre os empregados regidos pelo contrato de trabalho intermitente, enquanto os empregos regidos pela CLT apresentaram um expressivo saldo negativo. Conclui-se que a pandemia teve efeito decisivo na geração de empregos flexíveis no turismo [intermitente, prazo determinado e temporário], cujos empresários permaneceram receosos quanto à contratação por tempo indeterminado [contrato-padrão de trabalho] de mais trabalhadores, em período de grandes incertezas. Assim, a celebração de contratos intermitentes de trabalho mostra-se como estratégia para os empresários do turismo, que não dispensarão o novo arcabouço legal trabalhista para precarizar ainda mais o trabalho e garantir seus lucros financeiros.
Apesar da enorme importância do ofício das camareiras para o bom funcionamento dos hotéis, cursos de qualificação dessa ocupação tendem a atender as necessidades mais imediatas do mercado hoteleiro. Nesse contexto, o objetivo principal deste trabalho é problematizar a qualificação profissional de camareiras de hotéis a partir dos estudos de Paulo Freire. Apesar de não haver uma crítica sistemática de Paulo Freire à educação profissional, pode-se inferir como a crítica freiriana ao ensino chegaria aos cursos de qualificação profissional. A qualificação das camareiras ocorre em nível de qualificação profissional, em que a escolaridade básica exigida é o ensino fundamental, habilitando os alunos ao uso de equipamentos e materiais adequados, e à manutenção e limpeza dos apartamentos. Em nosso entendimento, o ensino profissional tem um papel de suma importância para a formação humanista das trabalhadoras, devendo, por isso, respeitar o “saber de experiência feito” das educandas-trabalhadoras, ter o trabalho como princípio educativo e ser crítica à reprodução do capital – alicerces da teoria Freiriana. Constitui-se uma pesquisa exploratória de revisão teórica (pesquisas bibliográfica e documental) e utiliza-se como pesquisa empírica a cidade de Brasília (Distrito Federal) para o estudo do perfil das camareiras de hotéis e da oferta de cursos de qualificação profissional do segmento.
Sul em 1977, e no Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hospitalidade em 2014, com o objetivo de contribuir para a realização de pesquisas histórico-sociológicas relacionadas ao Turismo e à Hospitalidade. Tem colaborado na discussão teórica sobre os espaços sociais e sobre
Este artigo tem por objetivo retomar a discussão sobre os focos das políticas culturais que visam a salvaguarda dos patrimônios de característica imaterial. Para essa discussão, utilizamos a análise empírica das políticas e ações públicas municipais de Sorocaba (São Paulo) que atuam nesse sentido, a partir do estudo de caso sobre o patrimônio imaterial do cururu. O cururu é uma forma de canto, em que as duplas de cantadores, acompanhados por alguns violeiros, apresentam uma sequência de fatos, que são cantados alternadamente entre os cururueiros em forma de versos rimados. Esta pesquisa seguiu um método monográfico ou de estudo de caso, com abordagem qualitativa crítica. A análise dos dados aponta que as atuais ações do setor público municipal tendem a privilegiar os eventos como principal forma de manutenção deste patrimônio.
O Cais do Valongo é considerado o maior porto de entrada de africanos na América Latina, já que recebeu entre 500 mil e 1 milhão de negros escravizados no Rio de Janeiro entre os anos de 1811 e 1831. Todavia, somente em 2011 o Cais foi redescoberto em razão do processo de revitalização da região portuária, projeto denominado de “Porto Maravilha”. Em razão de seu excepcional valor histórico e arqueológico, o sítio foi registrado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 2017. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi o de analisar de forma descritiva como o Cais do Valongo, e mais especificamente a memória dos afrodescendentes sobre esse espaço que evidencia o período escravocrata no país, vem sendo apropriado turisticamente pelas políticas oficiais da Prefeitura e iniciativas de movimentos negros do Rio de Janeiro. Utilizou-se de metodologia de estudo de caso, que consiste na análise aprofundada do Cais do Valongo como lugar de memória (NORA, 1993), e realizou-se observação direta assistemática a campo e pesquisa bibliográfica sobre memória, lugar de memória e turismo cultural.
O Brasil enfrenta no último quadriênio uma crise na economia que vem gerando desemprego e redução do consumo. Nesse contexto, gastos com turismo ficam em segundo plano no orçamento das famílias. É com base nessa premissa que o presente artigo busca avaliar como Gramado, reconhecido como um dos principais destinos do País, está sendo impactado pela crise; ou seja, se houve redução do fluxo de turistas entre 2014 e 2017. Desta maneira, o objetivo é o de analisar se a atual crise econômica impacta o posicionamento de Gramado, conforme o Modelo do Ciclo de Vida do Turismo, de Butler (1980) enquanto um destino consolidado. Utiliza como metodologia pesquisa bibliográfica, identificação e análise qualitativa dos dados. Os
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