Este estudo pretende apresentar as articulações dos dados de uma pesquisa bibliográfica cujo objetivo primordial foi gerar reflexões que venham, de alguma forma, contribuir para o debate sobre as conseqüências na subjetividade do trabalho no contexto socioeconômico contemporâneo. Emerge como foco de discussão o assédio moral nas organizações de trabalho. Realiza-se uma abordagem do trabalho em termos conceituais, considerando o contexto e a historicidade como essenciais para o alcance do objetivo proposto. Explicita-se uma caracterização dos modos de produção capitalistas e, posteriormente, uma apresentação do assédio moral, de acordo com a abordagem de Mary-France Hirigoyen, bem como o de seu equivalente em Christophe Dejours. Em última instância, buscou-se demonstrar as aproximações e os distanciamentos sob essas duas perspectivas quanto ao fenômeno assédio moral no trabalho. Palavras-chave: Trabalho, Assédio moral, Perversão, Cinismo viril, Sofrimento psicossocial. Harassment in work organizations: perversion and pain The current analysis provides data collected from a bibliographical research aimed at provoking reflections that may somehow contribute towards a debate on the subjectivity consequences of work in the contemporary social and economical context. Discussion is focused on moral harassment in work organizations. Concepts are analyzed taking into consideration context and historicity as essential to obtain the above aim. The modes of capitalist production are highlighted, coupled to a presentation of moral harassment according to the approaches by Mary-France Hirigoyen and Christophe Dejours. Approximations and distancing of these two points of view are demonstrated with regard to moral harassment in the work environment.
O estudo da relação violências e subjetividades é bastante complexo, tanto em função das muitas acepções da violência na sociedade quanto pelas suas especificidades e diferentes implicações relacionais na construção das individualidades. Entendi a privação como sendo a acepção comum a todos os processos de violência e identifiquei a intervenção dos mecanismos cruéis da violência de Estado sob o Capital como um importante articulador da violência na sociedade contemporânea. A violência social, enquanto violência simbólica, é apreendida nesse estudo com a ajuda da Teoria Crítica, de Theodor Adorno, e da Psicanálise, e quando internalizada pelas subjetividades nos processos de identificação projetiva e introjetiva. São examinadas as técnicas de encobrimento e de banalização da violência na sociedade assim como aquelas que produzem a estandardização e conformação dos indivíduos com a conseqüente deteriorização dos diferentes processos psíquicos.
The Remnant Group was one of working parties of the project "Phoenix: Challenge in the rebirth of subjective citizenship". The group consisted of young people who integrated a government educational institution, current called assistant philanthropic institution, in which they could not be members after their 18th birthday. Consequently, they had to return to the streets. Participating research was the methodology employed and interventions with these young people aimed at re-signifying their experiences which had been shaken by self-aggressive identifications. Debates tried to de-mystify biases linked to their social condition of poverty. The young people repeated in their activities the danger labels that society imposed upon them. The mediation of the dangerous social class concepts, accusation category and the internalization of social violence was undertaken. They became aware of the necessity of protecting themselves from society and the State apparatus. In our dialogues it was agreed that the manifestation of detailed intimate feelings was not allowed. Different procedures were used and the repeated themes consisted of social violence in its most diverse nuances. The most important difficulty comprised the management of the intensity of the consolidation of social stigmas internalized by the young people to whom were attributed the connotations of dangerousness and evilness.
Resumo. Este artigo tem como objetivo compreender os desdobramentos do uso adolescente das redes sociais virtuais na contemporaneidade sob a ótica psicanalítica que considera a constituição dos adolescentes na/pela relação com o outro, pela via social, cultural e por meio de processos identificatórios. Para compreendermos essa relação, partimos do conceito de ideal como elemento norteador da cultura, que oferece referências sobre aquilo que deve ser almejado. Nossa hipótese, no entanto, é de que os ideais da contemporaneidade não têm cumprido a função de amparo e a promoção de laços sociais, tal como proposto por Freud (2010cFreud ( [1930), e têm lançado os adolescentes a uma busca por amparo na virtualidade, o que pode ser visto de forma privilegiada a partir do Facebook.Palavras-chave: adolescência, contemporaneidade, Facebook.Abstract. This article aims to understand the ramifications of teenage use of virtual social networks in contemporary society by a psychoanalytic perspective that comprises the adolescence as a subject who is built on/by the relationship with the other, through a social and cultural via, as well as by identification processes. To understand the relationship between adolescents and culture, we have used the concept of ideal as the culture guiding principles which offer references about what shall be longed for. Our hypothesis, however, is that contemporaneity goals forged by society have not fulfilled their function of performing a sense of security and fostering social ties/bonds, social bonds like what was proposed by Freud (2010cFreud ( [1930
RESUMO: Na contemporaneidade, a mentira constitui um dos principais atributos das relações sociais, instituindo-se como valor eticamente perverso; manifesta-se como ideologia ou é expressa cinicamente como "mentira manifesta"; a lei é a da hipocrisia normatizada entre os sujeitos; revela-se sob as sutilezas enganosas e opressivas da burocracia, em certas justificativas cínicas de segredo ou de sigilo; destrói as manifestações do desejar, sentir, pensar e agir e esvazia o respeito à alteridade dos indivíduos; apresenta-se potencializada pela cumplicidade, mesmo que inconsciente, dos indivíduos, que a reproduzem em vínculos de farsa. O poder de difusão da mentira sustenta-se na banalização da malignidade que atravessa a vida dos homens. A mentira produz e difunde a atribuição de periculosidade a certos grupos e/ou nações -"os terroristas" -para justificar ações bélicas contra povos com fins prioritariamente econômicos. PALAVRAS-CHAVE: Mentira; indústria cultural; banalização da malignidade; normatização social; destrutividade psíquica. TRIVIALIZATION OF LIES IN CONTEMPORARY SOCIETY AND THEIR INTERNALIZATION AS PSYCHIC DESTRUCTIONABSTRACT: Lies are currently the chief attributes of social relationships with an ethically perverse value. Lies manifest themselves as ideology or are cynically expressed as "overt lies". Naturalized hypocrisy among subjects is the new norm and is revealed beneath the wary and oppressive subtleties of bureaucracy in cynical secrecy or oath justifications. Lies disrupt the manifestations of desire, feeling, thought and activity and blurs the respect towards the individual's alterity. They are totally complicit even though unconsciously individuals reproduce them as a farce. The propagation force of lies is foregrounded in the trivialization of evil that lies within human life. Lies produce and propagate the attribution of dangerousness of certain groups and/or nations, such as that of the so-called "terrorists", so that war activities for economical advantages against certain populations may be justified. KEYWORDS: Lies; cultural industry; trivialization of wickedness; social standardization; psychic destructibility. Os Interesses da Sociedade mudam o Significado dos Episódios CulturaisHá duas gerações, crianças, adolescentes e adultos aguardavam com expectativa e regozijo a chegada do dia 01 de abril -Dia da Mentira -consagrado como tal desde o Século XIII ou XVI (Teixeira, 2002; Universidade Federal de Goiás [UFG], 2004). Era o dia da "brincadeira de enganar o bobo", que, apesar de certo grau de maledicência, trazia consigo o lúdico e a desculpa pelo constrangimento causado ao outro. Nesse dia era permitido trapacear com os amigos, deixá-los assustados e perplexos com notícias picantes, desastrosas e/ou de bons augúrios a fim de vê-los apavorados e/ou hilariantes e nos deliciarmos com seus desconforto e sofrimento, seus tormentos, suas euforias descabidas, deixando-os totalmente vulnerabilizados e impotentes. Eles eram ingenuamente apanhados de surpresa para serem burlados. Eram trapaças...
Tarefa difícil a de analisar um estudo complexo e polêmico da epistemologia da Psicologia numa época em que o modismo da procura de uma diversidade de paradigmas anima a ânsia de cientificidade de muitos pesquisadores nessa área do conhecimento .Mais complicado ainda quando se tem de contrariar a muitos negando a existência desse parâmetro de cientificidadea Psicologia não se enquadra nas ciências paradigmáticas. Porém alentador quando para tal nos respaldamos nos estudos de Iray Carone que há muitos anos vem debruçando seu olhar de filósofa nas teorias psicológicas, aprofundado pela sua perspicácia epistemológica e com o pleno domínio da Teoria Crítica de Theodor Adorno e dos estudos da Estrutura das Objetivações Sociais de Agnes Heller.Nessa tarefa muitos de nós seus orientandos/ psicólogos nos beneficiamos de sua sagacidade intelectual para, pelo menos,desenvolver um pouco mais de humildade-crítica nas nossas produções científicas.A Profª Drª Iray Carone é, atualmente, pesquisadora da UNIP e professora aposentada do IPUSP/SP.No que se refere à proposta de seu livro "A Psicologia tem paradigmas?", Iray Carone vem estudando essa questão há muitos anos. Fez pesquisa sobre a bibliografia psicológica nacional e internacional dos anos 60 em diante,verificando como tem sido tratado o conceito de paradigma por uma série de autores da Psicologia.Ressaltese que procurou conhecer os trabalhos que mencionavam Thomas Kuhn ao se referirem a paradigmas na Psicologia.Ao mesmo tempo, foi tentando verificar os vários sentidos que historicamente foram atribuídos à palavra "paradigma", que apareceu primeiramente na obra de Platão como um dos recursos de sua dialética no movimento ascendente ao conceito ou à essência de uma coisa. Assim, por exemplo, ele usava uma série de imagens correntes de seu tempo para explicitar o conceito de "sofista" ou de "político", ou de "alma", etc. Por exemplo, a imagem de um piloto de navio era por ele considerada uma imagem paradigmática que permitiria entender a função do político na condução da sociedade ou polis: ele era um condutor muito semelhante ao piloto que a todo momento corrige a rota da viagem, de acordo com a contingência inesperada de ventos, tempestades, calmarias, correntes marítimas, etc. Um político trabalha com as várias contingências sociais e deve ter a sabedoria de um piloto para não permitir que crises e calamidades ocorram e ponham em risco a segurança e a paz na cidade.A imagem do piloto serviu nesse caso como um paradigma para ascender à idéia de político como condutor dos negócios públicos.Além disso, na língua inglesa, a palavra "paradigma" é usada como exemplo-padrão da conjugação de verbos regulares. Como é que aprendemos a conjugar o presente do indicativo de um verbo regular terminado em "ar", em "er", em "ir", em português? Se tomarmos o presente indicativo de "amar", estamos aprendendo também a conjugar todos os verbos regulares terminados em "ar". A dimensão paradigmática dos verbos aponta para a conjugação de verbos que seguem o mesmo padrão e permite identifica...
Resumo Este artigo pretende compreender a forma como o processo de luto ocorreu entre os familiares de desaparecidos-mortos políticos durante a Ditadura Militar de 1964, que, valendo-se da Doutrina de Segurança Nacional, fez desaparecer militantes, ocasionando um hiato traumático no cerne das famílias, que precisaram lidar com o vazio próprio do desaparecido/desaparecimento. Sabendo que, para a elaboração do luto, se requer uma objetivação da morte - a identificação do corpo morto e os ritos de passagem da vida para a morte -, supomos haver dificuldade nessa possibilidade de elaboração do luto. Identificados com o trabalho freudiano Luto e melancolia, percorremos os dois caminhos por ele apresentados, sem intenção de abranger toda a complexidade humana no que tange às formas de sofrimento no luto, a saber: o luto e sua possibilidade de reinvestimento de libido; e os caminhos da melancolia, que paralisa o sujeito e impede que este faça novos investimentos pulsionais. Caminhando nos passos do pai da psicanálise, verificamos nos familiares de desaparecidos políticos que a melancolia paralisa o sujeito em um estado mortificante, enquanto no luto é possível algum movimento.
O presente trabalho faz uma análise da competição e de sua propagação ideológica na contemporaneidade. Inicialmente identificamos sua matriz na propriedade privada, que possibilitou a utilização dessa conduta como mola propulsora do desenvolvimento do capitalismo. Nesse trajeto, a ciência mostrou-se como componente de legitimação e intensificação. A fim de aumentar a exploração do trabalho humano, atualmente a competição se mescla ao discurso cínico da cooperatividade. Na reprodução da competição entre os indivíduos estão presentes alguns elementos subjetivos como a submissão autoritária ao social, à projetividade, o sadomasoquismo e o pensamento coisificado ("mentalidade do ticket"). No terreno dos afetos, a competição é sustentada pela inveja, que ainda, via indústria cultural, induz os indivíduos ao consumismo. Este artigo é o desdobramento de uma pesquisa de cunho bibliográfico, cujas bases teóricas são a Psicanálise freudiana e a Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, em especial Adorno e Horkheimer.
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