Abordo neste texto o significado da mobilidade social para empresários negros que fazem parte da classe média, a partir do relato das trajetórias de mobilidade e do significado da cor nesse processo. Ao contrário da maioria dos estudos clássicos sobre o tema, que viam na mobilidade social dos negros um exemplo contundente da não existência do preconceito de cor no Brasil, destaco na análise a forma como o preconceito e a discriminação são percebidos pelos entrevistados. Mas ainda que a maioria deles tenha relatado terem sido vítimas do preconceito racial, as respostas variam muito e nenhum deles relatou ter recorrido à justiça. Por este motivo, tenho insistido no fato de que o reconhecimento ou a percepção que o próprio indivíduo tem acerca de ser alvo do preconceito racial não se traduz, necessariamente, na tomada de uma atitude que consideremos eficaz ou politicamente relevante no combate ao racismo.
Perspectivas e contribuições das organizações de mulheres negras e feministas negras contra o racismo e o sexismo na sociedade brasileiraPerspectives and contributions from the black woman organizations and black feminists against racism and sexism in the Brazilian society
ResumoO ar ti go dis cu te, a par tir da po lê mi ca de sen ca de a da com a pu blica ção do ar ti go "So bre as Arti ma nhas da Ra zão Impe ri a lis ta", de P. Bourdi eu e L. Wac quant, as pec tos do de ba te so bre as re la ções ra ci a is bra si le iras vin cu la dos a dois as pec tos de ter mi na dos: i) a for ma ção do cam po cien tí fi co como his tó ri ca e so ci al men te de ter mi na do; e ii) a co lo ni a li da de de po der/sa ber que pa re ce de fi nir a cons ciên cia in te lec tu al na ci o nal com o sen ti men to de ina de qua ção. Esta ina de qua ção, mar ca his tó ri ca da cons ciên cia in te lec tu al na ci o nal, já foi ex pli ca da como re sul tan te da inser ção pe ri fé ri ca do Bra sil no ca pi ta lis mo mun di al. Pro cu ra re mos, nes te sen ti do, apon tar al guns pa râ me tros para a re con si de ra ção da po lê mi ca so bre a in tro du ção de ca te go ri as "es tran ge i ras" no cor pus da re fle xão soci o ló gi ca so bre o ne gro no Bra sil.Pa la vras-chave: cam po ci en tí fi co, crí ti ca ide o ló gi ca, co lo ni a li da de do po der, so ci o lo gia do ne gro no Bra sil.
Os estudos das relações raciais no Brasil foram constituídos a partir de uma comparação com os Estados Unidos. Um dos aspectos mais destacados desta comparação foi a existência de uma escala classificatória da cor com mais de 300 termos empregados para a auto-classificação da cor no Brasil, em oposição ao sistema binário americano. Em que pese estas inúmeras possibilidades de classificação, os indicadores sociais de renda e escolaridade apontavam para a existência de somente duas categorias: branco e negro. A partir dos anos 1970 e das demandas dos movimentos negros temos constatado a emergência de um discurso afirmativo da identidade negra e a recusa deliberada do uso dos inúmeros termos de cor. Do ponto de vista político, essa demanda obteve êxito, pois demonstrava a existência de um país dividido. O objetivo deste texto é estabelecer um diálogo com a teoria queer, principalmente, no que se refere com as questões relativas à identidade étnico-racial e de sua importância na conquista de direitos no contexto brasileiro.
Resumo: Embora tenham suas especificidades - geográficas, demográficas, políticas, econômicas, étnicas e raciais, tanto o Brasil quanto a Guiné-Bissau são ex-colônias portuguesas e apresentam-se como duas realidades sociais em que as mulheres negras, etnicamente diferenciadas e racializadas, elaboram um novo tipo de feminismo a partir de suas relações com ações coletivas dos seus grupos de pertença na reivindicação dos próprios direitos. Referindo-se à América Latina, Lugones (2008) demonstrou como a colonialidade do poder, resultante da experiência e da hierarquia racial da colonização, significou também uma colonialidade de gênero, mas, em que medida é também uma realidade para o contexto africano? Como procuramos demonstrar, o próprio conceito de raça e, consequentemente, de racismo, assumem dinâmicas diferenciadas nas duas sociedades. E o uso do conceito de gênero parece ser mais importante para pensar como as desigualdades se estruturam no Brasil, se comparado à experiência nos países africanos, particularmente na Guiné-Bissau. Nosso objetivo é analisar a experiência do "feminismo negro" nos dois países, numa perspectiva comparada. Buscamos compreender em que medida essas duas realidades apresentam cenários similares no que tange às lutas ideológicas, políticas e sociais das mulheres.
Neste texto, propomos uma revisão/análise das abordagens teórico-metodológicas do feminismo nos últimos anos. Destacamos que a epistemologia feminista negra articula teoria, metodologia e prática política com vistas à transformação social. A análise realizada revela um diálogo constante entre o feminismo negro brasileiro e o feminismo afro-americano, ainda que as editoras brasileiras só tenham traduzido a contribuição feminista negra e descoberto este filão comercial nos últimos cinco anos. A popularização do conceito de interseccionalidade no Brasil é relativamente recente para um conceito que fez 30 anos, sendo atualmente o mais utilizado aqui para analisar as relações e as interconexões possíveis entre as categorias de gênero, raça, classe, sexualidade, geração etc. É importante destacar o significativo crescimento das pesquisas, livros e artigos acadêmicos produzidos por mulheres negras, bem como a divulgação de ideias e reflexões políticas através do uso das plataformas digitais, tais como sites, blogs, facebook, Instagram e YouTube. Este movimento, que algumas autoras têm definido como a quarta onda feminista, mas que algumas mulheres negras preferem chamar de maré feminista negra, ampliou o referencial teórico, incluindo as contribuições de autoras africanas e afrodiaspóricas, como por exemplo, Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí (2017) e Grada Kilomba (2019), e recuperou contribuições negras, notadamente femininas negras que foram historicamente silenciadas, através de práticas epistemicidas, construindo desse modo uma nova epistemologia feminista negra.Palavras-chave: Epistemologia. Movimento social. Feminismo negro. Empoderamento. Descolonização
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