A questão ambiental é trabalhada na perspectiva da mudança climática, do aquecimento global e de outros fatores que interferiram nas condições da Gaia, também na perspectiva do desenvolvimento do Capitalismo com o uso intensivo de recursos naturais, gerando desequilíbrio e consequências para o planeta Terra em seu conjunto. Contudo, a ênfase principal do trabalho está nos efeitos dessas mudanças ambientais especialmente no campo da saúde. Tendo-se por base uma literatura diversa, mas específica, e estudos de casos objetiva-se demonstrar como as modificações ambientais, decorrentes das migrações humanas, da acentuada urbanização, do desmatamento e de desastres socioambientais, resultaram em diferentes alterações na natureza e inclusive na epidemiologia das doenças transmitidas por insetos vetores.
In this Introduction, we set the Special Issue on 'Tropical Imaginaries and Climate Crisis' within the context of a call for relational climate discourses as they arise from particular locations in the tropics. Although climate change is global, it is not experienced everywhere the same and has pronounced effects in the tropics. This is also the region that experienced the ravages – to humans and environments – of colonialism. It is the region of the planet’s greatest biodiversity; and will experience the largest extinction losses. We advocate that climate science requires climate imagination – and specifically a tropical imagination – to bring science systems into relation with the human, cultural, social and natural. In short, this Special Issue contributes to calls to humanise climate change. Yet this is not to place the human at the centre of climate stories, rather we embrace more-than-human worlds and the expansion of relational ways of knowing and being. This paper outlines notions of tropicality and rhizomatics that are pertinent to relational discourses, and introduces the twelve papers – articles, essays and speculative fiction pieces – that give voice to tropical imaginaries and climate change in the tropics.
Resumo: O artigo analisa o conhecimento médico produzido sobre a região norte de Mato Grosso pelos médicos da Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas, conhecida como Comissão Rondon (1907)(1908)(1909)(1910)(1911)(1912)(1913)(1914)(1915). No início do século XX, essa região era pouco conhecida em termos geográficos, antropológicos e, especialmente, epidemiológicos. Um dos objetivos da Comissão era explorar cientificamente os locais por onde o fio telegráfico passaria. Desse modo, a análise do papel do conhecimento das populações sobre as localidades visitadas no processo de produção de conhecimento médico serve de peça fundamental neste estudo. O argumento central deste artigo é que as relações mantidas entre médicos e habitantes locais produziram importantes e ricas descrições sobre aspectos epidemiológicos e diversas crenças sobre saúde, doença e práticas de cura entre as populações do noroeste do país, que tiveram impacto nas ações médico-sanitárias da Comissão e nos serviços de montagem da infraestrutura do telégrafo por fio.Palavras-chave: Comissão Rondon. Medicina tropical. Conhecimento popular. Malária. Mato Grosso. Rondônia. Abstract:The article analyzes the medical knowledge on the northern State of Mato Grosso, in Brazil, produced by doctors of the Comissão Construtora de Linhas Telegráficas de Mato Grosso ao Amazonas, known as the Rondon Commission (1907)(1908)(1909)(1910)(1911)(1912)(1913)(1914)(1915). In the early 20 th century, this region was poorly known in geographical, anthropological and especially epidemiological aspects. The Commission should explore scientifically the places where the telegraph wire would be installed. Thus, the article highlights the role of local knowledge on the places visited by the Commission in the production of medical knowledge. We argue that the relationship between doctors and inhabitants have produced important and rich descriptions on epidemiological aspects and different beliefs about health, illness and healing practices among the populations, which impacted medical and sanitary actions of the Commission and the assembly of the infrastructure of telegraph wires.
Resumo O artigo analisa o papel dos rios pertencentes às bacias do Purus e do Juruá, especialmente o rio Iaco, nas disputas políticas em torno da autonomia estadual do Acre e na escolha de sua futura capital entre 1904 e 1920. Nesse período o Acre era dividido em quatro unidades políticas independentes (departamentos do Alto Acre, Alto Purus, Alto Juruá e Tarauacá), que disputavam a hegemonia política sobre o território. Consultaram-se periódicos publicados nos departamentos, em Belém do Pará e na capital federal, bem como relatórios dos prefeitos locais, para mapear a presença dos rios nos acontecimentos políticos. O rio Iaco foi agente produtor de incertezas, atuando decisivamente na resolução de conflitos, nas relações políticas do governo federal com as elites locais, nos surtos de doenças que marcavam a imagem externa e na escolha definitiva da capital, com a grande cheia de 1915. Palavras-chave: Amazônia; Acre; rio Iaco; Sena Madureira; Rio Branco. AbstractThe article analyzes the role of the rivers belonging to the Purus and Juruá basins, especially the Yaco River, in the political disputes around the state autonomy of Acre and in the choice of their future capital between 1904 and 1920. Acre was divided into four political independent units (departments of Alto Acre, Alto Purus, Alto Juruá and Tarauacá), which disputed political hegemony over the entire territory. Periodicals published in the departments, in Belém do Pará and in the federal capital are analyzed, as well as reports written by the mayors of the region, to map the presence of the rivers in the political events of the time. Yaco River was an agent of uncertainty, acting decisively in the resolution of conflicts, in the political relations of the federal government with the local elites, in the outbreaks of diseases that marked the external image, and in the definitive choice of the capital of the territory, with the great flood of 1915.
O artigo analisa o decreto N° 8.843 de 26 de julho de 1911 que criou a Reserva Florestal do Território Federal do Acre a partir de sua inserção na complexa trama política que envolvia os projetos de integração do Acre ao Brasil, no início do século XX. A leitura das principais fontes aqui utilizadas, como relatórios do Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio e publicações em jornais do território do Acre e da Capital Federal, seguem orientação processual/relacional inspirada nas análises de contingências em Robin Wagner-Pacifici. Sugere-se, nesse artigo, que a instauração da reserva florestal no Acre foi uma contingência política que gerou um sério impasse envolvendo as elites seringalistas locais, o governo do então presidente Hermes da Fonseca e as oligarquias dos estados do Ceará, Amazonas e Pará representadas no Congresso Nacional. O esquecimento da implementação da reserva, assim, é entendido como fenômeno emergente próprio do impasse provocado pelo decreto.
Resumo Entre os anos de 1917 e 1935, a revista “A Informação Goyana” publicou, de forma esporádica, diversas fotos de espécimes de Arapaima gigas (pirarucu) capturados no rio Araguaia. O presente artigo segue as interconexões formadas pelo registro fotográfico dessa espécie e pela sua exposição na referida revista, objetivando analisar os esforços de integração do estado de Goiás ao Brasil, via desenvolvimento de uma indústria pesqueira ainda inexistente neste estado. Esse esforço coincide com a emergência de um debate, em nível nacional, sobre o incentivo à pesca e à formação de um mercado interno do pirarucu como forma de diminuir as importações do bacalhau. Essas imagens serviam para exaltar a biodiversidade de animais aquáticos que habitavam os rios de Goiás, o tamanho e o peso dos pirarucus da bacia do Araguaia e o potencial de sua pesca em larga escala para o desenvolvimento econômico do estado.
O presente livro é uma versão atualizada da tese de doutorado de Jean Luiz Neves Abreu, defendida em 2006, no âmbito do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Transformado em livro, esse estudo alcança relevante êxito ao analisar as transformações ligadas às percepções sobre o corpo, a saúde e a doença no mundo luso-brasileiro do século XVIII, tendo em vista a ainda pequena quantidade de trabalhos sobre essa temá-tica no referido período. O tempo histórico analisado constitui-se de profundas mudanças políticas e institucionais ligadas à maior recepção das ideias da ilustração em Portugal. Para essa investigação, o autor parte do próprio saber médico produzido à época e divulgado através de tratados médicos, manuais de medicina, periódicos científicos e lunários, intercalando-o com as transformações mais amplas do contexto português.O autor privilegia a institucionalização da anatomia em Portugal como ponto de partida para uma mudança mais ampla na produção do conhecimento médico luso-brasileiro. Por essa razão, o primeiro capítulo é destinado a analisar fundamentalmente as transformações no ensino e a relação que os médicos portugueses travavam com as teorias médicas vindas de outras partes da Europa, inclinadas à importância do experimentalismo e da anatomia para o conhecimento do corpo e suas enfermidades. Abreu analisa a força da tradição de pensamento fundada na leitura de pensadores gregos como Hipócrates e Galeno e a rejeição da maior parte da classe médica portuguesa, no início do século XVIII, à anatomia e à ciência dos séculos XVII e XVIII desenvolvida em outras partes da Europa, tendo por base as ideias de Descartes, Newton, Boyle, entre outros. Essa rejeição inicial, posteriormente, vai dar forma a diversas controvérsias sobre a importância da anatomia e da renovação do ensino médico em Portugal. Os médicos à frente dessas controvérsias possuíam, em sua maioria, formação no exterior (os "estrangeirados") e dialogaram, ao longo de sua formação, com os estudos vindos do norte da Europa. Esses médicos defendiam a união entre teoria e prática, na qual o médico deveria ser, também, versado em cirurgia. O autor destaca a visão de inferioridade imputada ao trabalho dos cirurgiões, fruto da imagem dicotômica entre trabalho manual e trabalho intelectual característica do início dos 1700 e como, gradativamente, com a abertura portuguesa às ideias da ilustração, esse posicionamento se modificou. Com a reforma do ensino médico na Universidade de Coimbra, no início da década de 1770, a cirurgia passa a ser considerada uma atividade médica. A partir daí, inicia-se o controle de seu exercício e a restrição aos cirurgiões não habilitados na área da medicina.No segundo capítulo é analisada a mudança na concepção de corpo humano. No início do século XVIII o homem era visto como um microcosmo ligado ao macrocosmo do universo sendo, dessa forma, influenciado por mudanças de ordem astrológica. Acreditavase, portanto, que os astros e sua disposição exerciam influência sobre o ...
Comenta o artigo "Região do Madeira: Santo Antônio", do médico Joaquim Augusto Tanajura (1878-1941), chefe do serviço de saúde da Comissão Rondon de 1909 a 1912. Publicado em 5 de junho de 1911, no Jornal do Commercio de Manáos, o artigo insere-se no contexto inicial de redescoberta dos sertões, quando emergiram denúncias sobre o cenário de abandono e doenças no interior do Brasil, e dialoga com as primeiras viagens científicas promovidas pelo Instituto Oswaldo Cruz. Ele permite analisar a atuação de membros da Comissão Rondon na dinâmica política local e as controvérsias ligadas à construção da imagem de sertão e seus habitantes, no período.
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