Resumo: O texto se desenvolve em três etapas complementares: primeiro, discutimos a estratégia da negação da política, com a qual Bolsonaro afrontou valores democráticos sem romper definitivamente com a democracia, tanto na campanha presidencial como na pandemia. No segundo momento, discutimos a estratégia do negacionismo como política, importante para a compreensão do modo como Bolsonaro empreendeu sua gestão da pandemia. No terceiro momento, argumentamos que durante a pandemia aquelas duas estratégias se conjugaram, produzindo fenômenos sócio-políticos que corroem a democracia, como a banalização das mortes e a naturalização da clivagem entre vidas valiosas, vidas submetidas a processos de menos-valia e vidas descartáveis.
André DUARTE 2 n RESUMO: Para Hannah Arendt, a modernidade configura um período histó-rico de obscurecimento das determinações políticas democráticas, pois, onde a política não foi reduzida ao plano da violência, como no caso dos fenômenos totalitários, ela foi reduzida ao plano da administração burocrática dos interesses econômicos da sociedade. Neste artigo, pretendo discutir a constituição argumentativa desse diagnóstico, referindo-o à sua raiz de inspiração, isto é, as críticas de Nietzsche e Heidegger à modernidade. Finalmente, procuro demonstrar que Arendt não se limitou a uma concepção negativa das possibilidades políticas modernas, pois vislumbrou nos modernos eventos revolucionários a possibilidade de uma revitalização da política em suas determinações democráticas originárias, dado que aí se restabeleceram os laços entre a ação política, a liberdade e a felicidade pública.n PALAVRAS-CHAVE: Arendt; modernidade; política; Nietzsche; Heidegger.Decorridos 25 anos da morte de Hannah Arendt, seu pensamento político e filosófico conserva toda a originalidade, pertinência e seu cará-ter profundamente desconcertante, desafiando os rótulos e classificações forjados no calor dos debates ideológicos ou no furor dos modismos teó-Trans/Form/Ação,
RESUMO Esse texto questiona as disputas contemporâneas em torno da sexualidade e do gênero nas discussões dos planos nacional, estadual e municipal de educação. Abordam-se, sobretudo, as batalhas narrativas em torno da presença dos conteúdos da igualdade de gênero e da diversidade sexual na educação brasileira, aspectos que se tornaram o centro de uma disputa pelo estabelecimento de novas formas de governamento do corpo e do desejo. Tendo em vista as noções de governo e governamentalidade de Michel Foucault, esse texto empreende uma análise genealógica daquilo que Gayle Rubin denominou de pânico moral, instaurado com o programa “escola sem homofobia” e suas repercussões no debate para a formulação dos planos de educação.
■ RESUMO: Discute-se o diagnóstico crítico da Modernidade proposto por Heidegger e Foucault enfatizando as suas continuidades. Em linhas gerais, pode-se afirmar que, em Heidegger, é a reflexão filosófica que se assume enquanto essencialmente histórica, ao passo que, para Foucault, é a investigação essencialmente histórica que assume o caráter de reflexão filosófica. No entanto, ainda que a partir de démarches teóricas distintas, ambos consideram que a compreensão a respeito de quem somos, hoje, depende de uma análise da constituição da modernidade como época histórica determinada pelo humanismo, isto é, pela concepção do homem como senhor da totalidade do ente (Heidegger) e pela concepção do homem como sujeito e objeto de relações de poder-saber (Foucault). Tal mutação epocal na concepção do humano foi decisiva para a liberação da revolução científica que culminou na técnica moderna e na biopolítica. Se, como afirma Foucault, a biopolítica é a política de nosso tempo, ou seja, de uma época que politizou o fenômeno da vida por meio de sua gestão técnico-administrativa, então a técnica moderna, que implica a concepção do homem como sujeito assujeitado pela tecnologia, constitui a instância por meio da qual a vida humana pode ser simultaneamente produzida e aniquilada por meios científicos.■ PALAVRAS-CHAVE: Foucault; Heidegger; modernidade; humanismo; técnica moderna; biopolítica.O presente texto centra-se na discussão do diagnóstico crítico da Modernidade proposto por Heidegger e Foucault, os quais apresentam peculi-1 Professor Adjunto do Departamento de Filosofia e do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Paraná-UFPR. Artigo recebido em set/06 e aprovado para publicação em out/06.
UFRGS RESUMO A proposta deste artigo é considerar a discussão promovida por Hannah Arendt aos conceitos de poder, força, vigor, violência e autoridade no seu opúsculo Sobre a violência, e também em O que é autoridade?, a partir de uma perspectiva histórico-filosófica, avançando nela, a partir do confronto das concepções da autora com o cabedal metafísico proporcionado pelo aristotelismo tomista, aliado, ainda, a considerações de caráter histórico e sociológico hauridas no sociólogo Robert Nisbet, bem como outras de caráter filológico, buscadas em Émile Benveniste e Maxence Hecquard. O primeiro objetivo do artigo é apresentar as concepções da autora sobre os termos listados e analisar sua consistência, isto é, tanto sua coe-rência lógica, quanto sua consonância aos dados da vida humana em sociedade, ao menos no Ocidente. Verificada sua insuficiência, diante tanto da sua incoe-rência discursiva interna, quanto da sua ausência de consonância com a realidade que pretende retratar, é apresentada uma crítica aos conceitos que a autora faz dos termos apresentados; falhos, por serem baseados numa metafísica de in-fluência plantonista, que deixa de fora o influxo eficiente da causa final, tornando ininteligível a forma social em detrimento de uma mera união de forças. Propõe-se, então, uma reformulação deles assentada na metafísica e na antropologia tomista, que leva em conta tanto a ordem da participação, quanto a da causalida-de. PALAVRAS-CHAVE Hannah Arendt, Sobre a Violência, violência, poder, autoridade, metafísica.
Dividido em três etapas complementares, o presente artigo discute a reflexão de Hannah Arendt sobre a crise da educação no mundo contemporâneo. Na primeira parte se estabelecem algumas conexões teóricas gerais entre as teses de Arendt a respeito da crise da educação e sua reflexão filosófico-política sobre a crise política da modernidade. Na segunda parte do texto, discute-se a hipótese arendtiana de que a crise da educação também está relacionada à introdução de abordagens educacionais de caráter psicopedagógico, as quais, em vez contribuir para educar os jovens para a responsabilidade pelo mundo e para a ação política, os mantêm numa condição infantilizada que se estende até a idade adulta, trazendo, em consequência, novos problemas políticos. Finalmente, na terceira parte do texto, propõe-se a hipótese de que uma das principais contribuições do pensamento arendtiano para pensar a crise contemporânea da educação se encontra em sua interessante discussão do binômio "crítica" e "crise", o qual põe em questão o binômio tradicional "crise/reforma". Arendt, assim como Foucault e Deleuze, nos ensina que crítica e crise são fenômenos modernos indissociáveis e nos convida a enxergar a crise como momento privilegiado para o exercício da atividade da crítica. Para Arendt, a crise na educação deve ser entendida como oportunidade crucial para reflexões críticas a respeito do próprio processo educativo.
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