RESUMO: Objetivos: Descrever o perfil dos atendimentos por agressões em unidades de urgência e emergência com base nos dados do Inquérito de Violências e Acidentes em Serviços Sentinela de Urgência e Emergência (VIVA Inquérito) 2011, 2014 e 2017 e comparar a evolução de seis indicadores ao longo de quatro (2011 a 2014) e sete anos (2011 a 2017). Métodos: Estudo transversal, com dados das três últimas edições do VIVA Inquérito realizadas no Distrito Federal e em 19 capitais do Brasil. Foram selecionados os tipos de ocorrência: agressão/maus-tratos e intervenção por agente público. Calcularam-se as frequências ponderadas das características das pessoas atendidas, das agressões, das lesões e da evolução dos casos, segundo o sexo. As diferenças entre as proporções foram comparadas pelo teste χ2. Também foram selecionados seis indicadores, e avaliou-se sua evolução ao longo dos anos por meio da variação percentual e do intervalo de confiança a 95%. Resultados: Em grande parte dos atendimentos por agressão, os indivíduos eram negros, jovens e adultos, em ambos os sexos. A principal natureza das agressões foi física, alcançando mais de 85% em todos os inquéritos, seguida da negligência. Na comparação entre 2011 e 2017, as agressões de natureza negligência tiveram aumento significativo em ambos os sexos e em crianças e idosos; já as agressões de natureza sexual tiveram aumento significativo apenas em crianças. Conclusões: O VIVA Inquérito é uma importante ferramenta para o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes do Brasil, proporcionando evidências para a tomada de decisões em Saúde Coletiva e para o enfrentamento e a prevenção das violências.
O texto narra a experiência de militância e trabalho de uma rede estadual de enfrentamento da violência contra as mulheres, além dos procedimentos tomados para o acolhimento inicial de um caso atendido em um serviço especializado que integra a rede de atendimento às mulheres em situação de violência, durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Mesmo no contexto de crise sanitária, política, social e econômica, a rede reagiu de forma criativa, produzindo coesão, ações estratégicas e mobilização em torno da violência; aspectos semelhantes requeridos para o atendimento do caso pela equipe interdisciplinar. Ao apresentar essas experiências procuramos apontar alguns desafios para o trabalho em rede, na tentativa de contribuir para o aprimoramento das práticas coletivas que visam a garantia dos direitos das mulheres.
RESUMO: Objetivos: Descrever as notificações de violências interpessoais e autoprovocadas com arma de fogo em adolescentes e identificar os fatores associados à notificação desses eventos. Metodologia: Estudo transversal com dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de 2011 a 2017, em adolescentes de 10 a 19 anos feridos por arma de fogo. Utilizou-se o teste χ2 para verificar a diferença de proporção entre os sexos. Realizaram-se análise de correlação e regressão linear múltipla entre o logaritmo da taxa de notificação por arma de fogo e cada variável independente, em amostra de municípios de grande porte. Aplicaram-se teste de normalidade e homocedasticidade ao modelo final. Resultados: Registraram-se 30.103 notificações de violências com armas de fogo em adolescentes, sendo 74,7% no sexo masculino de 15 a 19 anos (83,8%). Entre as meninas, a violência é mais comum na residência, com agressor conhecido e violência física e sexual combinadas. A taxa de óbito por arma de fogo foi maior em Fortaleza, Maceió, João Pessoa, Salvador e Natal, variando de 105,88 a 71,73 por 100 mil. A maior taxa de notificação de violência por arma de fogo teve associação com maiores taxas de óbito por esse tipo de arma e maior cobertura das unidades de saúde. Conclusão: A violência perpetrada por arma de fogo é um importante problema de saúde pública em adolescentes. Os ataques ao estatuto do desarmamento e a flexibilização do porte e da posse de armas afrontam diretamente o presente e o futuro das crianças e adolescentes.
RESUMO Este relato de experiência narra a construção participativa de um Protocolo de Rede para o enfrentamento das violências contra as mulheres em um município de médio porte no estado de Minas Gerais. Com a ausência de políticas especializadas, trabalhadores/as se organizaram de forma a construir um coletivo dialógico e autônomo que, baseado nas premissas da pesquisa-ação, pudesse propor um instrumento que normatizasse e garantisse atenção competente e intersetorial às mulheres em situação de violência sexual e doméstica. A experiência resultou em um diagnóstico construído de forma coletiva, que apontou os principais desafios institucionais vivenciados pelos serviços. Também, partindo da iniciativa dos profissionais que compuseram o grupo de trabalho, articulada à ampla mobilização da sociedade civil, o Protocolo de Rede foi aprovado como Lei de Iniciativa Popular no município. O trabalho coletivo, solidário e multiprofissional, que deu origem ao documento público, continuou, após aprovação da Lei, por meio de um comitê técnico organizado para acompanhamento do Protocolo de Rede, sustentando um espaço educativo para discussão dos atendimentos, sensibilização e formação permanente dos profissionais.
RESUMO Este artigo apresenta os principais resultados de uma pesquisa sobre Trabalho Escravo Contemporâneo, financiada pela Organização Internacional do Trabalho e realizada no município de Açailândia (MA), com trabalhadores resgatados. A partir da estratégia metodológica dos grupos focais, o objetivo foi analisar a experiência de trabalhadores que vivenciaram o processo de escravização que culmina no trabalho escravo, a partir de suas construções narrativas. As narrativas das experiências dos trabalhadores resgatados forneceram informações fundamentais sobre as distintas dinâmicas que caracterizam o TEC, como o perfil e as condições de vida dos trabalhadores resgatados; o perfil e o modus operandi dos aliciadores; o perfil e o modus operandi dos proprietários das empresas que escravizam sua mão de obra; a sazonalidade e imigração (origem - destino), o processo de exploração e a degradância nas condições de trabalho.
O artigo apresenta uma discussão sobre a construção da queixa de violência doméstica de mulheres em uma delegacia de polícia da cidade de Viçosa (MG). Pretendeu-se compreender como é construída a queixa de violência doméstica de mulheres levando em consideração as diferentes variáveis que incidem no momento da denúncia e para as pessoas nelas envolvidas. Os dados para estudo foram colhidos a partir de uma etnografia realizada durante o período de seis meses e que constituiu em uma pesquisa de mestrado. Compôs o conjunto de métodos a pesquisa participante, entrevistas em profundidade com mulheres acompanhadas durante suas queixas e com os policiais, registros em diário de campo e análise de documentos produzidos pela instituição. Os resultados demonstram que, mesmo após a lei Maria da Penha, o atendimento às mulheres e a compreensão da violência de gênero por parte dos policiais permanece sendo circunstanciado a partir de valores patriarcais e normativas de gênero que privilegiam a dominação masculina.
Este artigo propõe discutir a atuação de policiais na construção da queixa de violência doméstica de mulheres no cotidiano de uma delegacia de polícia. A partir de observação participante e imersão em uma delegacia, busca-se analisar as novas demandas para a atuação policial. A resposta coercitiva, que sempre marcou o lugar social da polícia brasileira, se vê confrontada, a partir de mecanismos políticos institucionais como a Lei Maria da Penha, a construir uma atuação educativa que flexibilize a lógica masculina própria da instituição. Marcadores de gênero e diferentes performances atravessam o trabalho de um (a) profissional que se vê desafiado (a) a compor novos arranjos subjetivos e saberes da prática que questionem o já consolidado aprendizado advindo da Academia de polícia.
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