A fotografia como documento de arquivo A leitura do ensaio de Ricardo Mendes suscita uma série de reflexões. A começar do próprio título, que invoca o "horizonte digital" como referência para a análise das implicações que as modernas tecnologias trazem para a gestão de acervos documentais. Embora pouco relevante para a abordagem que pretendemos realizar, a oposição digital/analógico vem sendo considerada imprópria para dar conta dessa realidade, obrigando a uma maior precisão conceitual e à busca de outros parâmetros para demarcar o novo.O autor parte do pressuposto de que a organização de documentos e a elaboração de instrumentos de pesquisa modelam, necessariamente, o passado; ou, em outras palavras, determinam "as historiografias possíveis" a seu respeito. A afirmação valeria tanto para a era digital quanto para o período que lhe é anterior, já que as ferramentas informáticas de que hoje dispomos para tais operações apenas contribuiriam, em sua opinião, para acelerar esse processo. Até que ponto devemos generalizar o pressuposto, tornando-o aplicável a toda e qualquer situação? Caberia, antes de mais nada, destacar do universo dos documentos aqueles que são produzidos ou recebidos para viabilizar ou provar determinadas atividades, no âmbito do funcionamento das organizações públicas ou privadas. Nos documentos de arquivo, com efeito, em contraposição àqueles que resultam de um gesto posterior de atribuição de sentido (como ocorre com boa parte dos documentos que integram instituições museológicas), o caráter evidencial não é uma contingência, mas a marca que os distingue dos demais e que deve ser sempre preservada, sob pena de fazê-los perder sua identidade. Qualquer que seja o gênero, suporte ou formato em que se apresente, o documento de arquivo guarda estreita relação com a atividade que lhe deu origem, formando com ela uma unidade peculiar, de representação (o documento é a "corporificação do fato", como o definiu Luciana Duranti 1 ) ou de equivalência (o documento é o próprio fato, como ousou Angelika Menne-Haritz 2 ). A essa propriedade reflexiva
A falta de arquivos de periódicos brasileiros em São Paulo tem sido, para a maior parte dos pesquisadores, motivo de grande preocupação.
Muitas são as conjeturas em tôrno da figura de Pero Vaz de Caminha. Vários autores tentaram sua biografia, sem contudo, por falta de documentação esclarecedora, chegarem a resultados satisfatórios. O nosso caso não diferirá, infelizmente, em muito, do dos nossos antecessores.
-625 -existente no Vaticano é o do autor, e o único existente, não apresenta problemas de reconstituição pelo bom estado, ou dificuldade para a leitura.A obra, Vida de Roberto, o Pio, foi escrita entre 1031 e 1041, pelo monge Helgaud de Fleury-sur-Loire, que conheceu o rei pessoalmente e que dá uma descrição total dai sua época, tanto por suas palavras, como por seus silêncios, e da reação dos meios religiosos à ascenção dos capetíngios. Helgaud fêz quase uma hagiografia do rei, estando ligado a êle por laços pessoais: doações à abadia, posição assumida nas lutas internas das abadias. O manuscrito, embora identificado pelo nome do autor, foi escrito por várias pessoas que anotaram o que êle ditava; havendo retoques, complementos e rasuras, constando tanto na edição diplomática, como nas notas em rodapé.A edição própriamente dita, é composta por uma Introdução: com a vida do autor e seus condicionamentos, história e descrição do manuscrito e um estudo das diferentes grafias que nêle aparecem, a obra com sua finalidade, época de composição, fontes de informação do autor e seu primeiro rascunho, gênese da obra e plano, • valor histórico e literário, utilização por outros autores, edições, traduções e excertos. O texto, com leitura diplomática em latim, com notas no rodapé contendo emendas, rasuras, etc., e leitura modernizada em francês, com notas explicativas em páginas paralelas, dividido segundo o autor em 30 capítu-los. Há ainda uma parte contendo as explicações sôbre o estabelecimento do texto e orientação bibliográfica, anterior ao texto, e, posteriormente um Hino do autor, a árvore genealógica de Roberto, o Pio, a bibliografia utilizada por Helgaud, índice dos nomes em latim, índice das palavras, o índice geral e quatro f ôlhas contendo fác-similes do manuscrito e do rascunho.Esta obra, embora luxuosamente impressa, tem um interêsse limitado: somente estudiosos de história medieval podem utilizá-la plenamente; entretanto, deve ser consultada por todos quantos se interessem por edição de textos, pelo alto nível apresentado, pelo exemplo de trabalho cuidadoso e consciencioso, que a alguns pode parecer desinteressante e minucioso demais, mas que é o verdadeiro trabalho científico em edição de textos.
Neste número de Resgate, as fronteiras que separam os arquivos das ações memoriais (incluída nessa categoria a própria historiografia) são matéria de discussão, além de pretexto para a apresentação de estudos de caso bem-sucedidos. Seu principal mérito, no entanto, está em mobilizar uma série de conceitos fundamentais para a área, deixando abertos os caminhos para novas e instigantes investidas sobre o tema.
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