Campos científicos, pesquisas e objetos -interfacesNeste texto refletimos acerca das dimensões teórica, metodológica e ética em estudos que tomam a violência contra mulheres como objeto da Saúde Coletiva, pretendendo mostrar suas necessárias imbricações. Referidas à saúde, nossas considerações estão, ainda, circunscritas à violência nas relações interpessoais de gênero. Também examinaremos as interfaces daquelas dimensões; não cada qual. Por fim, trata-se de elaborações feitas com base em cotidianos de pesquisa; reflexões epistemológicas de cientistas acerca de suas práticas.Produção similar não é novidade nas Ciên-cias Humanas e Sociais, ainda que incomum em outros campos e também na Saúde, quer em seu ramo experimental biomédico, quer na Epidemiologia. Em estudos do social, são as pesquisas qualitativas, pela característica da experiência de campo da qual se investe o pesquisador, as que fomentam inúmeras discussões de natureza teórico-metodológica e ética no fazer da pesquisa. No entanto, encontraremos alguns textos que tratam também das pesquisas sociológicas quantitativas. Inspiram-nos, portanto, Bourdieu et al.
Violência de gênero no campo da Saúde Coletiva: conquistas e desafiosGender-based violence in Public Health: challenges and achievements Resumo Este texto trata da violência contra mulheres (VCM) como objeto científico e prático da
Propõe-se compreender, pela vulnerabilidade, como os sentimentos de medo e vergonha associados às situações de violência impactam nas possibilidades de superação da violência doméstica de gênero. Apesar desses sentimentos aparentemente se apresentarem como um problema de cada mulher, a violência doméstica de gê-nero não é um problema individual (ou do agressor), mas uma questão política e social de violação dos direitos humanos. Analisaram-se 16 entrevistas de mulheres com história de violência doméstica. O conceito da vulnerabilidade permite iluminar e analisar a articulação entre aspectos subjetivos das mulheres, nesse caso o medo e a vergonha, com os componentes programáticos e sociais, como as legislações, as políticas sociais e serviços que visam assegurar direitos das mulheres, enfatizando as conexões entre indivíduos, suas relações comunitárias, o contexto sociocultural e econômico mais geral. Articular estas diferentes dimensões do problema é fundamental para abordar a violência de gênero e os processos para a sua superação. Palavras-chaveViolência baseada em gênero Vulnerabilidade Medo Vergonha Abstract KeywordsGender Based Violence Vulnerability Fear ShameThe objective is to understand -by means of the vulnerability concept -how the feelings of fear and shame associated with violent situations have an impact on the possibilities of women overcoming gender-based domestic violence. Although these feelings are considered a problem and are expressed according to each woman's personal viewpoint, this article argues that the relationship between them and gender-based domestic violence is not an individual problem; rather it is a social and cultural violation of human rights. Based on sixteen interviews with women with a history of domestic violence, the vulnerability concept was used to analyse the relationship between the subjective perspectives of the interviewees and the programmatic and social components that make these women vulnerable. This is turn permitted the analyse of women's social representations in relation to violence and to the means of confronting it, as well as women's objective and subjective relationship with health services. Terra, Maria Fernanda; d´Oliveira, Ana Flávia Pires Lucas & Schraiber, Lilia Blima (2015). Medo e vergonha como barreiras para superar a violência doméstica de gênero. Athenea Digital, 15(3), 109-125. http://dx
Resumen AbstractNeste trabalho tratamos da violência contra a mulher como questão da Saúde. Considerando como podem mulheres em situação de violência e profissionais da saúde lidar com o problema, discutimos o caráter interativo das decisões e ações relacionadas ao rompimento com a violência. Examinamos alguns obstáculos das mulheres e dos profissionais nesse sentido, como a ideologia e a cultura da desigualdade de gênero, produzindo a invisibilidade da violência e as implicações disto para as práticas em Saúde. Esse exame apontou a recusa tecnológica dos profissionais como nova e relevante questão, que resulta das necessidades de intervenção próprias do campo da Saúde, embasadas no reconhecimento de situações concretas bem delimitadas, e o fato dos profissionais esperarem uma prática culturalmente mais adequada como tecnologia para intervenção. Conclui-se que a pesquisa pode produzir dados nessa direção e subsidiar intervenções mais compatíveis com o campo, atuando ness a recusa tecnológica.In this article we treat violence against women as a health issue. Starting with an account of just how it is that health professionals, and women who are the victims of violence, cope with their situation, we explore the interactive nature of the decisions and actions available to them. We examine some of the obstacles they face in bringing violence to an end: specifically, the constraining force of ideology, and the culture of gender inequality, both of which which render violence invisible, and mask its implications for health practices. We identify technology-based denial caused by the institutional demands of the health professions. Our conclusion is that research can provide relevant data, and support interventions which will help overcome this technological denial.
Neste trabalho tratamos da violência contra a mulher como questão da Saúde. Considerando como podem mulheres em situação de violência e profissionais da saúde lidar com o problema, discutimos o caráter interativo das decisões e ações relacionadas ao rompimento com a violência. Examinamos alguns obstáculos das mulheres e dos profissionais nesse sentido, como a ideologia e a cultura da desigualdade de gênero, produzindo a invisibilidade da violência e as implicações disto para as práticas em Saúde. Esse exame apontou a recusa tecnológica dos profissionais como nova e relevante questão, que resulta das necessidades de intervenção próprias do campo da Saúde, embasadas no reconhecimento de situações concretas bem delimitadas, e o fato dos profissionais esperarem uma prática culturalmente mais adequada como tecnologia para intervenção. Conclui-se que a pesquisa pode produzir dados nessa direção e subsidiar intervenções mais compatíveis com o campo, atuando ness a recusa tecnológica.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.