Nas últimas décadas, as discussões sobre o ensino de línguas têm sugerido um trabalho contextualizado com a gramática. Diante disso, o objetivo deste trabalho é analisar a abordagem do ensino de gramática no livro de 8º ano do projeto Aprova Brasil (Soluções Moderna), que visa à preparação de estudantes para avaliações externas como a Prova Brasil, que avaliam a sua competência leitora. Para isso, atividades do material foram analisadas qualitativamente, com base nos postulados de Antunes (2007, 2014) e Possenti (1996). Os resultados mostraram um trabalho contextualizado com a gramática, focado na produção de sentidos dos elementos dentro do texto, em vez de uma redução à nomenclatura ou de uma abordagem descontextualizada, o que prepara o aluno para os usos sociais da língua.
A incorporação das tecnologias digitais ao cotidiano dos sujeitos abriu lacunas nas pesquisas científicas que têm como base o estudo das ações e relações humanas, inclusive na linguística, ciência que estuda, por meio de perspectivas diversas, a língua e o seu uso pelos falantes. Diante disso, o objetivo deste artigo é discutir a adoção da perspectiva etnográfica em estudos linguísticos voltados especificamente às produções de linguagem que ocorrem em ambientes virtuais. Para isso, baseamo-nos nos pressupostos de Hine (2000) e Kozinets (2015), que abordam a etnografia em ambientes on-line, nomeando-a de etnografia virtual e netnografia, respectivamente. Além disso, fundamentamo-nos em linguistas como Marcuschi (2008, 2010), Xavier (2002, 2015) e Soares (2002), que discutem as produções de linguagem realizadas em ambiente digital. Com base nessa fundamentação, adotamos uma metodologia bibliográfica para discutir a abordagem da etnografia em pesquisas linguísticas realizadas em ambientes on-line. Por meio da observação desses trabalhos, constatamos que a etnografia pode subsidiar pesquisas linguísticas que visem ao aprofundamento em determinada comunidade on-line e em suas práticas de linguagem, o que contribui, ainda, para o desenvolvimento do letramento dos pesquisadores.
Os gêneros do discurso são, segundo Bakhtin (2011), tipos relativamente estáveis de enunciados que circulam nos diferentes campos da atividade humana. Com o passar do tempo, especialmente após a popularização de determinadas tecnologias, como a internet, novos gêneros emergiram, a partir da transmutação/reelaboração de gêneros já existentes. O fenômeno de reelaboração ocorre, também, quando um gênero passa por transformações, sem que um novo gênero surja. Este artigo apresenta um olhar sobre a reelaboração de gêneros no tweet, texto de 280 caracteres publicado na rede social Twitter, visando analisar quais estratégias são utilizadas para reelaboração de gêneros em um corpus de tweets postados por diferentes usuários, com diversos propósitos comunicativos. A análise demonstrou que há uma produtividade do fenômeno de reelaboração nos tweets, nos quais gêneros de esferas diversas, como a jornalística, a publicitária e a cotidiana, além do próprio tweet, são reelaborados.
Neste artigo, abarcamos três estágios das Gramáticas no ensino de Língua Portuguesa. Tendo em vista demonstrar como operam diferentes materiais, realizamos uma análise comparativa da classe “pronomes pessoais” em uma Gramática Tradicional, um Livro Didático e uma Gramática Científica. Atrelamos essa análise à apresentação dos seguintes contextos: a instauração da NGB, a proposição do PNLD e a produção de gramáticas por linguistas. A discussão dos dados demonstrou que, do ponto de vista das definições, há uma consonância entre a Gramática Tradicional e o Livro Didático, ambos pautados pela NGB. Já na Gramática Científica, diferentes tipos de pronomes são agrupados e apresentados como integrantes de diferentes processos que ocorrem na língua. Do ponto de vista das funções, o Livro Didático, assim como a Gramática Científica, ilustra a importância do contexto para a compreensão do funcionamento da classe de palavra em análise. Por sua vez, a Gramática Tradicional evidencia seu caráter prescritivista, pois, além de pautar-se majoritariamente em exemplos literários descontextualizados, apresenta usos dos pronomes considerados “errados”. Em conclusão, apontamos que não há um método ou manual gramatical definitivos para o ensino de Língua Portuguesa, mas sim obras que se complementam e podem ser utilizadas em conjunto para esse fim.
Segundo Bakhtin (2011), cada campo da atividade humana elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados: os gêneros do discurso, que são modificados e reelaborados à medida que os campos se desenvolvem. Pesquisas mais recentes, como a de Costa (2010), propõem que o fenômeno de reelaboração é responsável pelas transformações nos gêneros discursivos, o que pode ocasionar o surgimento de um novo gênero — reelaboração criadora — ou a modificação de um gênero já existente — reelaboração inovadora externa (incorporação de características de outros gêneros) ou interna (adequação a novas exigências comunicativas). Neste trabalho, analisa-se o fenômeno de reelaboração de gêneros em tweets — textos de até 280 caracteres publicados na rede social Twitter — com propósito didático. Para isso, adota-se uma abordagem qualitativa descritiva na observação de quatro tweets que apresentam conteúdos programáticos das áreas de Ciências Humanas, Matemática, Linguagens e Ciências da Natureza, os quais foram salvos por meio de capturas de tela. A análise dos dados mostrou uma variedade de gêneros sendo reelaborados dentro dos tweets, tais como questão de vestibular, anúncio de propaganda, anúncio publicitário, publicação de Instagram, problema matemático, resumo, entre outros. A diversidade de gêneros reelaborados no Twitter demonstra a postura ativa dos sujeitos de linguagem na transformação dos gêneros. Ressalta-se, ainda, que grande parte dessas reelaborações é potencializada pelos recursos multissemióticos oferecidos pelo Twitter, dentre os quais se destacam enquetes, imagens, links, hashtags e retweets comentados.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.