Resumo Este ensaio objetiva refletir sobre o exercício profissional de terapeutas ocupacionais tomando como referencial teórico a concepção de cotidiano com base em Agnes Heller. Na terapia ocupacional, a discussão sobre cotidiano e vida cotidiana revela uma ênfase no seu uso como uma chave de leitura e de intervenção para pensar a vida das pessoas, grupos ou populações destinatárias das ações profissionais; assim, o foco tem sido sempre o cotidiano do outro. Propomos, neste artigo, um deslocamento reflexivo e problematizamos o cotidiano do profissional em si, entendendo que os limites e possibilidades no/do trabalho são tensionados no espaço da vida cotidiana em que o exercício profissional acontece e é atravessado pelas estruturas da cotidianidade. Discutimos o próprio cotidiano como locus de resistência à alienação e à possibilidade de suspensões temporárias da cotidianidade por meio de um trabalho crítico, capaz de articular as dimensões técnica, ética e política do exercício profissional, de transitar entre as esferas individual e coletiva na leitura e intervenção sobre as demandas profissionais, de superar a dicotomia teoria e prática e, assim, reafirmar o compromisso com a transformação da sociedade, em que lutas por redistribuição e reconhecimento produzam justiça e participação social.
Este resumo traz os resultados de uma pesquisa cujo objetivo foi verificar se a participação de sujeitos com experiência de sofrimento psíquico em uma Cooperativa de Geração de Renda gera contribuições para suas vidas. Foi realizado um estudo exploratório qualitativo do tipo estudo de caso. Os dados foram produzidos através de observação participante, registro em diário de campo e realização de entrevistas semiestruturadas junto a seis trabalhadores de uma cooperativa no município do Rio de Janeiro. Os dados foram analisados com base na Análise de Conteúdo do tipo Temática. Foram obtidos quatro temas: Trabalho como construtor de identidade social; Trabalho como viabilizador de sociabilidade; A renda do trabalho cooperativado e seu impacto na vida dos sujeitos; e O significado da cooperativa na perspectiva dos cooperativados. Como resultado constatou-se que estar inserido nessa modalidade de trabalho causou transformações na vida desses sujeitos em relação a sua participação social e autonomia.
Resumo Terapeutas ocupacionais compõem as equipes técnicas da assistência social anteriormente à formalização de sua inserção no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), ocorrida em 2011. Com isso, a discussão sobre o trabalho nesse setor e sobre a questão social ganhou relevância na profissão do ponto de vista interventivo e teórico-acadêmico. Neste estudo, refletimos, a partir da perspectiva marxista, sobre a forma como a questão social determina as demandas que requisitam o trabalho na assistência social. Em seguida, apresentamos as concepções de projetos societários - entendidos como projetos coletivos que expressam intencionalidades de classe para a sociedade, e de projetos profissionais - definidos como projetos coletivos relacionados às profissões, constituídos de princípios éticos e políticos, que são referenciais teórico-metodológicos para o exercício profissional e que estabelecem bases para suas relações com os usuários dos serviços, com outras profissões e com organizações e instituições. Finalizamos propondo que a terapia ocupacional social é um referencial teórico-metodológico que pode ser adotado para construir um projeto profissional crítico-transformador: crítico à estrutura e à dinâmica da sociedade capitalista que repõem continuamente as expressões da questão social, tangenciando os cotidianos dos sujeitos; ao modelo neoliberal de gestão do Estado que fragiliza os direitos e precariza a vida das pessoas; às tendências conservadoras do trabalho na assistência social que individualizam, medicalizam, psicologizam e moralizam a leitura das problemáticas que se apresentam como demandas profissionais; e ao papel e função social da terapia ocupacional na sua relação com a sociedade, rompendo com uma visão tecnicista e pretensamente neutra da profissão.
Occupational therapists compose technical teams in social assistance services before the formalization of their insertion in the Unified Social Assistance System (SUAS), which occurred in 2011. As a result, the discussion about the work in this sector and the social question has gained relevance in the profession from an interventional and theoretical-academic point of view. In this study, from a Marxist perspective, we reflect on how the social question determines the demands observed in social assistance work. Next, we present the concepts of societal projects - understood as collective projects that express class intentions for society, and of professional projects - defined as collective projects related to professions composed of ethical and political principles, which are theoretical and methodological references for professional practice, and that establish bases for their relationships with service users, other professions, and organizations and institutions. We conclude by proposing that social occupational therapy is a theoretical and methodological framework that can be adopted to construct a critical-transformative professional project: critical of the structure and dynamics of capitalist society that continually replace the expressions of the social question, touching the everyday life of subjects; critical of the neoliberal model of State management that weakens rights and makes people’s lives precarious; critical of the conservative trends of work in social assistance that individualize, medicalize, psychologize, and moralize the reading of problems presented as professional demands; critical of the role and social function of occupational therapy in its relationship with society, breaking with a technical and supposedly neutral view of the profession.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.