Nos últimos anos, a presença reduzida de negros no ensino superior tem ocupado um espaço cada vez mais expressivo nas discussões das agendas de políticas públicas, do movimento social e da academia. Este trabalho busca estudar se e de que forma as mudanças observadas no perfil dos estudantes de graduação se alteraram nos últimos anos. Para tanto, utilizam-se os microdados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 para a construção do perfil do alunado que frequenta cursos de graduação com uma análise complementar de suas diferentes áreas de formação. As análises indicam uma melhora nas taxas de acesso à graduação para os negros, porém com resultados ainda distantes de sua participação no total da população brasileira. O trabalho apresenta o Índice de Paridade Racial - IPR - como um indicador sintético da distância entre negros e brancos nos diferentes aspectos apresentados.
ResumoA vantagem numérica das mulheres em matrículas no ensino superior é bem conhecida. Ao considerarmos a organização social de género no mundo do trabalho e da profissionalização, percebe-se, no entanto, que essa vantagem deve ser problematizada. O conceito de divisão sexual do trabalho é utilizado como orientação principal para essa problematização. Com base nas estatísticas nacionais, são analisadas as carreiras mais procuradas por homens e mulheres, apontando para possíveis mudanças na segregação das carreiras de ensino superior no caso brasileiro. Os dados coligidos apontam para uma inserção importante das mulheres em carreiras antes predominantemente masculinas, enquanto o movimento contrário não se concretiza.Palavras-chave: ensino superior, divisão sexual do trabalho, segregação de género, Brasil. Abstract Women in Brazilian higher education: new challenges and guaranteed spaceWomen's numerical advantage in enrollment in higher education is now well known. If we consider the gender social organization in the realm of work and professionalism, it can, however, be seen that this advantage should be problematized. The concept of sexual division of labour is used as the main guidance for such questioning. Finally, based on quantitative data extracted from databases national statistics, the most popular careers between men and women are analyzed, pointing to possible changes in the segregation of the careers in higher education on the Brazilian case. The data collected point to an important female insertion into careers before predominantly male, while the reverse movement is not realized. Keywords:Higher education, sexual labour division, gender segregation, Brazil. ResumenLas mujeres en la educación superior brasileña: nuevos retos y espacio garantizado La ventaja numérica de las mujeres en la matrícula en la educación superior es ampliamente conocida. Sin embargo, teniendo en cuenta la organización social de género en el ámbito del trabajo y profesionalismo, se puede observar que la ventaja numérica de las mujeres se debe problematizar. El concepto de división sexual del trabajo se utiliza como guía principal para tal cuestionamiento. Por último, con base en las estadísticas nacionales, se analizan las carreras más populares entre los hombres y las mujeres, que apunta a posibles cambios en la segregación de las carreras en la educación superior en el caso de Brasil. Los datos apuntan a una importante inserción femenina en las carreras antes predominantemente masculinas, mientras que el movimiento inverso no se realiza.Palabras-clave: enseñanza superior, división sexual del trabajo, segregación de género, Brasil.
RESUMO: O uso de indicadores para dimensionar desigualdades sociais tem se disseminado de forma mais intensa nas últimas décadas em estudos da área das ciências humanas. Trazer esse instrumental para a análise das mudanças ocorridas na participação de mulheres e negros nos cursos de graduação e pós-graduação, tem considerável importância em face da implementação de políticas de ação afirmativa que objetivaram a ampliação do acesso ao ensino superior de grupos sociais sub-representados, em especial os negros e indígenas. Este estudo apresenta os índices de Paridade de Gênero (IPG) e Paridade Racial (IPR) como instrumentos auxiliares na caracterização do público que acessou e frequentou a graduação e pós-graduação no período 2000-2010, a partir das informações fornecidas pelos Censos Demográficos de 2000 e 2010. Observa-se, nos resultados obtidos, que o acesso é tanto diferenciado por sexo como por cor/raça, com piores indicadores para os negros.
Este artigo tem por objetivo avaliar a influência do trabalho nas trajetórias escolares a partir dos microdados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio - PNAD 2006. Desenvolve-se uma modelagem estatística, visando explicar a defasagem entre idade e anos de estudo a partir da variável sexo e considerando o fator trabalho como variável de controle. Os resultados indicam que o trabalho prejudica o percurso escolar mais intensamente para os meninos e os afazeres domésticos de forma mais sutil para as meninas, com resultados piores para os negros de ambos os sexos, mas somente essa variável não explica a maior defasagem escolar do sexo masculino.
Este trabalho se insere em um conjunto de estudos na área educacional que investigam as diferenças nos resultados que homens e mulheres apresentam em pesquisas educacionais. O Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional é composto por um teste com 20 questões de dificuldade variada, que mensura como as pessoas utilizam-se da escrita e da leitura em seus espaços cotidianos, tendo sido desenvolvido pelo Instituto Paulo Montenegro (IBOPE) e Ação Educativa e aplicado a uma amostra estratificada da população brasileira, composta de 2.000 pessoas (15 a 64 anos). Os resultados indicam que as mulheres apresentam um resultado melhor em todas as questões do teste na comparação com os homens. Utilizando o conceito de gênero e afastando-se da dicotomia homem-mulher, trabalhou-se com três grupos ocupacionais: homens que trabalham; mulheres que trabalham fora e donas-de-casa. A análise inferencial realizada indica que as diferenças entre as proporções médias de acertos nos três grupos ocupacionais são significativas, uma vez controladas as cinco variáveis preditoras (escolaridade, idade, cor, Critério Brasil e gosto por leitura). Isso sugere que as diferenças encontradas entre os grupos independem dessas variáveis preditoras. Na análise questão a questão, observa-se que, para nove destas, as mulheres que trabalham apresentam um desempenho médio superior aos homens que trabalham ou donas-de-casa. O que mais surpreende é que em três questões as donas-de-casa apresentam um desempenho significativamente superior aos homens que trabalham.
Resumo Nas últimas décadas, observa-se um crescimento da participação de estudantes negros no ensino superior no Brasil, apontando uma mudança no perfil étnico-racial. Esse novo cenário é resultado da pressão dos movimentos sociais negros com a conquista de diferentes políticas de inclusão por meio de cotas, iniciadas nos anos de 1990 e fortalecidas nos anos 2000. Apesar das iniciativas, a participação de negros em comparação com o total da população é ainda distante da desejada. Para compreender essa realidade, é necessário trazer à discussão informações quantitativas para caracterização do percurso dos jovens no ensino médio e das marcas das diferenciações das escolas frequentadas por brancos e negros. Para complementar as análises de pertença racial, faz-se necessário trazer outros marcadores sociais, como sexo e condição social. Trabalha-se assim com a interseccionalidade e a constituição de quatro grupos de análise: homens brancos, mulheres brancas, homens negros e mulheres negras. Como contribuição, este artigo apresenta dados disponibilizadas pelo IBGE, por meio dos Censos Demográficos de 2000 e 2010, como evidências das mudanças observadas nas instituições de ensino superior no Brasil quanto à diversidade étnico-racial. Esses dados dimensionam os desafios ainda presentes e que precisam ser enfrentados visando a uma educação de qualidade para todos.
Over the last decades, there is an expansion of the access to graduate studies in Brazil. Characterizing those who attend and complete this stage of schooling has been the object of a varied set of research projects and publications. Studies on racial relations in this field can be analyzed, among several possibilities, by looking at the authorship of papers by Black students or as the topic being addressed in the theses and dissertations that have be written. In this paper, we analyze the evolution of the studies on racial relations taking as our data source the M.A. and PhD works submitted to Brazilian institutions with a record in the Capes theses and dissertations database. By defining 191 descriptors, we have characterized information from the records of dissertations and theses in a span of 25 years . In whole, 4,204 works were found about this topic, submitted to 800 graduate programs from 161 universities or research institutes. There is clear evidence that the growth in the amount of dissertations and theses dealing with racial relations is higher if compared to the average of works submitted in the same period, which shows an increasing interest on this theme that may be associated with the expansion of access of Black people to higher education and, even more restrictedly, to the graduate studies programs. Another key aspect we explored in this paper is the fact that there are more women than men in the productions identified in the theme of racial relations in Brazil.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.