Resumo Este texto apresenta resultados de uma pesquisa com estudantes membros de um grêmio estudantil de uma escola pública de Santa Catarina, buscando responder à questão: que sujeito a escola tem produzido na contemporaneidade democrática? Ancorados em base epistemológica pós-estruturalista, objetiva-se problematizar práticas democráticas de um grêmio estudantil. Os principais teóricos utilizados foram Deleuze, Guattari e Foucault. A ferramenta de produção dos dados foi o diário de campo, composto por áudios registrados em reuniões do grêmio. Apesar de o grêmio refletir a gestão democrática e se constituir em um espaço de múltiplas possibilidades, infere-se que ele opera, simultaneamente, como extensão do currículo, ao produzir os sujeitos demandados neste tempo. Sujeitos dóceis, úteis e participativos.
Este artigo visa estabelecer um diálogo entre Nietzsche, Deleuze e a educação. Para isso são estabelecidas e problematizadas algumas relações entre as concepções teóricas de moral de negação, desenvolvida por Nietzsche; Diferença, formulada por Deleuze e a abordagem pós-crítica dos estudos curriculares. O objetivo perseguido neste trabalho foi problematizar ressonâncias da moral judaico-cristã na relação educação-Diferença e possíveis efeitos de poder decorrentes disso. Com base em aporte teórico de enquadramento epistemológico pós-estruturalista, argumenta-se que a moral de negação atravessa os currículos escolares. Em função disso, os currículos assumem determinadas identidades como essências tomando-as como modelos nos processos de subjetivação. Por privilegiar a produção de identidades, os currículos não concebem a Diferença em si mesma, sem referente. Apenas a concebem como diferença em relação a, como variação de identidades naturalizadas que privilegiam e tentam reproduzir. A partir de Deleuze propõe-se pensar os currículos na perspectiva da Diferença. Currículos pensados por essas lentes teóricas não assumem passivamente a moral de negação e a identidade como verdades fundantes e absolutas, mas as colocam em questão enquanto defendem uma moral afirmativa que cria e recria a si dando vazão à Diferença em si mesma. Currículos assim constituídos não buscam homogeneizar os indivíduos, mas aumentar sua potência de agir e afirmar-se como singularidades em processos constantes de construção-desconstrução-reconstrução.
We present the results of a survey conducted with students who are members of a student council at a public school in Santa Catarina. We seek to answer the question: what subject is the school producing in contemporary democracy? Based on post-structuralism, we aim to problematize the democratic practices of a student council. We used Deleuze, Guattari, and Foucault as our main theoretical framework. For data collection, we used a field diary composed of audios recorded at council meetings and transcriptions. Although the student council reflects on democratic management and establishes a space of multiple possibilities, it operates simultaneously as an extension of the curriculum by producing the docile, useful, and participative subject demanded by our time.
Artes de governo do liberalismo autoritário
Government arts of authoritarian liberalismArtes de gobierno del liberalismo autoritário Amarildo Inácio dos Santos Universidade Federal da Bahia (Brasil)
Este artigo discute as reformas no Ensino Médio brasileiro que serão implementadas por força da vigência da Lei 13.415 de 2017. O atual presidente do Brasil, Michel Temer implementou reformas urgentes na educação logo que assumiu a presidência em meio a um processo bastante controverso. As reformas foram implementadas sem diálogo com a sociedade civil organizada e pesquisadores da área. A referida lei modifica o Ensino Médio alterando carga horária, o currículo e os investimentos em formação de professores. Diante disto, o objetivo deste trabalho é problematizar a reforma do Ensino Médio, para tanto, a metodologia utilizada é a análise documental da Lei no 13.415 de 2017 e bibliográfica. Os estudos de autores como Julia Varela, Fernando Alvarez-Uria, Inés Dussel e Marcelo Caruso são utilizados para pensar a instituição escolar. As pesquisas de Michel Foucault são utilizadas para discutir as estratégias biopolíticas de governo. A análise do texto legal permite inferir que a reforma produzirá uma precarização na formação dos jovens dificultando seu acesso às universidades públicas e gratuitas direcionando-os para a formação técnica e profissional, uma vez que o mercado precisa de especialistas. A reforma do ensino médio brasileiro visa alinhar o currículo do Ensino Médio brasileiro com a atual ordem mental e social, a fim de produzir o sujeito necessário a essa ordem, o homo oeconomicus neoliberal.Palavras-chave: Biopolítica. Currículo. Ensino Médio. Neoliberalismo. Reforma.
A diversidade atravessa documentos oficiais da educação e ressoa em currículos e práticas pedagógicas produzindo discursos de respeito e tolerância. Este trabalho é de abordagem qualitativa e utiliza como estratégia metodológica a arqueologia de Foucault para analisar condições de possibilidade de irrupção de discursos sobre diversidade na educação brasileira. Foram analisados trabalhos de estudantes expostos em murais de uma escola nos quais três discursos foram mapeados: discurso jurídico, de igualdade e de tolerância. O objetivo é problematizar esses discursos a partir de uma análise ancorada na diferença pensada por Deleuze (1988). Conclui-se que, ao difundir discursos sobre diversidade, o currículo reclama um lugar para as identidades diversas, mas não questiona a norma que as produz. Neste sentido, a diferença deleuzeana permite pensar um currículo que foge da representação, pois a diferença não é, ela varia infinitamente à medida que se repete.
Santos e Cervi-Grêmio estudantil e rostidades 2 Educação Unisinos-v.24, 2020 participativa enquanto sobrecodifica suas desvianças com rostidades opostas instaurando binarismos que estancam os fluxos da diferença pura ao codificá-los.
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