Comparamos os juízos morais de pessoas surdas sobre a reação a uma humilhação vivenciada no passado e sobre a reação hipotética a uma humilhação similar no presente. Participaram 11 surdos, entre 15-25 e 35-45 anos. Utilizamos o método clínico piagetiano em língua de sinais, com uma entrevista semiestruturada. Quanto ao passado, as principais respostas indicaram "nenhuma reação" e "fugir ou sair do local". Em relação ao presente, a resposta "nenhuma reação" manteve-se, porém "tentar conversar" foi destaque, acompanhada por novo tipo de reação: "desprezar". As justificativas sobre as reações no passado são "ausência ou rompimento de vínculo" em relação ao agressor e "defesa da integridade física". Quanto ao presente, as principais justificativas tratam de "ausência ou rompimento de vínculo" e "solução de um conflito". A humilhação é tema reconhecido pelos participantes e a diferença temporal influenciou os seus juízos sobre a reação.
<p>Investigamos as opções morais e éticas de pessoas surdas quanto aos cursos de graduação no presente e à atividade profissional, mediante entrevistas baseadas no método clínico piagetiano em língua de sinais. Dos 16 entrevistados, 13 atuavam, principalmente, como ‘instrutor(a) de Libras’ e ‘professor de Libras’. Houve matrícula em mais de um curso, prevalecendo as áreas de ‘linguística e letras’ e ‘ciências humanas’, baseados principalmente na conexão com a comunidade surda e a si próprios. Verificou-se que a formação acadêmica e a atuação profissional dos participantes está vinculada à constituição de políticas públicas inclusivas no âmbito educacional e social a pessoas surdas, sendo que o reconhecimento legal da Libras como língua oficial da comunidade surda representa uma das principais conquistas dessa parcela da população, a qual foi fortalecida com a implantação de cursos de graduação na perspectiva bilíngue, por meio do “Programa Viver sem Limite”. Sugere-se a realização de novas pesquisas, com enfoque nos projetos de vida de pessoas surdas em uma perspectiva ética, nas condições de acesso de surdos à educação superior e na sua atuação efetiva no mercado de trabalho em outras esferas profissionais. O presente estudo pode, ainda, contribuir com a avaliação do impacto das políticas públicas na perspectiva de seus beneficiários, contribuindo para consolidar as que forem favoráveis ao propósito da inclusão.</p>
ResumoRefletiu-se sobre as identidades de indivíduos surdos em uma perspectiva ética. A pergunta "Quem eu sou?" relaciona-se com reflexões sobre a vida boa, sendo necessário o processo de tomada de consciência de si e a constituição da função simbólica para definição identitária. A comunicação é aspecto central neste estudo considerando-se que a maioria dos surdos sofre o atraso na aquisição da língua e a exclusão nos processos educacionais. Participaram 16 pessoas surdas que se matricularam em instituições de educação superior. Aplicou-se o método clínico piagetiano, por meio de entrevistas individuais semiestruturadas em língua de sinais, com enfoque nos relatos sobre a aquisição da língua de sinais e a presença de pessoas surdas na família ou em seus relacionamentos afetivos. Os principais dados indicam que sete participantes adquiriram a língua de sinais entre os 19 e 21 anos de idade. A principal categoria de identidade surda foi a de transição. Os auxiliares na aquisição da língua foram principalmente os 'amigos surdos' e as 'pessoas da comunidade surda'. A partir da constituição das identidades surdas, foi possível constatar que a experiência subjetiva de expansão de si foi propiciada no contato com a comunidade surda e sua língua de sinais. Propostas de estudos sobre a constituição da identidade surda em relação com suas projeções de si no futuro podem ser realizadas, contribuindo com a ampliação do estudo sobre a perspectiva ética. No âmbito educacional, recomenda-se que as escolas bilíngues sejam espaço privilegiado de interações linguísticas e desenvolvimento do potencial comunicativo de crianças surdas.Palavras-chave: Identidade surda; Perspectiva ética; Aquisição de língua de sinais.
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