O texto trata do cinema distópico, que tem lugar no Brasil dos últimos anos, como propositor de questões concernentes ao cenário sociopolítico que se instalou no país. Com base principalmente em preceitos advindos advindos de trabalhos que se dedicam às ditas ‘teorias de cineastas’ (PENAFRIA, M. et alii. Teoria dos cineastas: uma abordagem para a teoria do cinema, 2015), e em estudos de Alexandre Astruc (2012), Frantz Fannon (2002), e Ismail Xavier (2020), o enfoque principal recai sobre o filme Bacurau (2019), de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, cujo universo fictício sintomaticamente distópico estimula no espectador, potencialmente, uma vivência catártica capaz de levantar reflexões acerca da experiência estética como uma experiência política e de resistência.
O presente estudo trata da campanha presidencial da Coligação “O Povo Feliz de Novo” (PT/PCdoB/PROS), que teve lugar no Brasil em 2018. O olhar para o material audiovisual utilizado na campanha de primeiro turno é precedido de ligeira contextualização que se constrói desde a reeleição de Dilma Rousseff à presidência da República (2014) e seu posterior impeachment (2016), até a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2018. Debruçamo-nos sobre a noção de imaginário proposta por Michel Maffesoli, a qual nos permite aproximar a proposição geral da campanha – “Lula, Haddad e o Povo” – aos adventos do desejo de estar junto, do lúdico, do afetivo e do laço social.
O estudo, assumindo a comunicação como partilha do sensível (RANCIÈRE, 2009) entre indivíduos e setores da sociedade, ocupa-se do filme Marighella (Wagner Moura; Brasil, 2021) tomado como fenômeno comunicacional, observando nas narrativas que ali têm lugar a forma como transbordam da tela do cinema para matérias jornalísticas e postagens em redes sociais. A análise concentra-se nas estratégias estéticas e comunicacionais que no filme (e além dele) funcionam como mobilizadoras de interações sociais (BRAGA, 2017). Constata-se que o produto cinematográfico configura um fluxo comunicacional que começa antes da realização do filme e continua depois de seu lançamento. Marighella, especificamente, multiplica-se na diversidade dos dispositivos midiáticos da contemporaneidade, assim tornando-se parte de discursos contrapostos, alvo de críticas e símbolo de resistência.
O artigo se ocupa do Novo Cinema Argentino – particularmente dos filmes O pântano (La ciénaga, Lucrecia Martel, 2001) e Leonera (Pablo Trapero, 2008) – como potência das configurações domésticas que inscreve no detalhe da instituição familiar uma memória pósditatorial em que imobilidades, exclusões e barreiras são as imagens privilegiadas. Trata-se de um cinema que apresenta ambientes domésticos paradoxais, nos quais proliferam e convivem, lado a lado, práticas ambíguas de acolhimento/abrigo e de repressão/opressão – revelando as relações familiares como modos de experiências advindas do lugar da morada, que poderá se constituir em paisagem anestésica ou em espaço estésico.
O estudo propõe um olhar analítico à ficção seriada Manhãs de setembro (Luis Pinheiro e Dainara Toffoli; 2021, Amazon Prime Video), cuja protagonista é uma travesti que inesperadamente se depara com a presença de um filho em sua vida. Enquanto ele se acomoda ao ambiente da casa da mãe, ela incomoda-se. Ao colocar em tela imagens dos contrários e contraditórios que se estabelecem na tessitura das relações familiares, os arranjos estéticos da série operam como construtores de brechas e promotores de encontros sensíveis.
O artigo trata de procedimentos estéticos relacionados, nos termos da sociossemiótica, às construções figurativas do bufão e do herói (Landowski, 2002), a partir da seleção e da análise de imagens de opositores políticos divulgadas em redes sociais ou veículos jornalísticos. Em 2018, Jair Bolsonaro, então candidato do Partido Social Liberal (PSL), fez uso de uma estética atrelada ao doméstico e ao improviso, ‘dando-se a conhecer’ na expressão do bufonismo, de modo isolado e em oposição ao lulismo, fenômeno político de esquerda representado pela figura de Luiz Inácio Lula da Silva, líder do Partido dos Trabalhadores (PT), que constrói uma estética do ‘ser e estar junto’ em ações coletivistas, associando-se aos preceitos do heroico. O estudo apresenta reflexões concernentes ao imaginário bolsonarista em contraposição ao imaginário lulista.
O estudo objetiva discutir como os tópicos religião e neoliberalismo se articulam no discurso jornalístico, durante as eleições presidenciais de 2018. Como corpus desta pesquisa, seleciona-se 69 notícias, que interseccionam menções religiosas e neoliberais, veiculadas no caderno especial “Eleições 2018” do jornal Folha de São Paulo. A partir de questões relacionadas às temáticas, religiosidades e candidatos em destaque, o estudo se desenvolve por meio de uma análise sistemática de conteúdo, incluindo a categorização e codificação das notícias. Logo, buscando perceber a confluência entre religião e neoliberalismo, durante a eleição corrente, conseguimos observar que o material jornalístico em estudo valorizou um discurso associado a moral e a segurança individual do sujeito, por vezes, apontando o cinismo e até mesmo as ditas fakenews.
O presente estudo conecta-se à velhice a partir de leituras estéticas capazes de possibilitar a desautomatização do cotidiano, construindo e transformando a rotina sensível, quanto às possíveis fraturas estéticas e escapatórias da vida diária, tendo como norte duas obras principais: Da imperfeição, de Algirdas Julien Greimas (2002) e Velhice: uma estética da existência, de Silvana Tótora (2015). Para tal compreensão da arte como potência transformadora da velhice, olha-se atentamente para o curta-metragem Guida (Rosana Urbes, 2014) e suas elaboradas estratégias narrativas enquanto inscrições e inferências de manifestações simbólicas do longeviver em suas fugas estésicas.
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