O artigo objetiva refletir sobre o corpo e a corporeidade infantil e como são vividos e constituídos nas instituições educativas. O texto é de natureza bibliográfica e as reflexões críticas empreendidas nos auxiliam a reconhecer que as práticas, espaços e relações estabelecidas atuam para disciplinar e constranger os corpos infantis com vistas a produzir o corpo-aluno. A partir da base teórica, foi possível reconhecer como, historicamente, a educação dirigida aos sujeitos infantis transforma o corpo-criança em corpo-aluno, processo instaurado desde a Educação Infantil a partir das práticas e rituais instituídos e ancorados em um conjunto de estratégias de vigilância, sanções e punições. As ponderações acerca dos modos de ser dos sujeitos infantis nas instituições educativas evidenciam que o corpo e a corporeidade passam, desde cedo, a ser objeto de investidas que acabam por anular as características infantis e atuar na constituição de alunos ajustados ao sistema escolar.
O artigo discute dados de investigação de mestrado, que teve entre seus objetivos problematizar a vivência da corporeidade no contexto da pré-escola, bem como considerar a dança como uma linguagem que proporcionaria uma formação humana que supera o controle dos corpos, empreendidos nos espaços educativos. O percurso teórico-metodológico contou com a realização de observações do cotidiano institucionalizado em duas turmas de pré-escola e registros em diário de campo da configuração dos espaços, das relações e das práticas. O contexto investigado revelou-se marcado por relações de poder que anulam o corpo-criança e buscam instituir o corpo-aluno, tanto pela organização espacial e pelas ações desenvolvidas, principalmente, pelas verbalizações manifestas.
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