Ripercorrendo il successo e il lungo cammino dell’Antropofagia culturale di Oswald de Andrade, l’articolo intende riflettere sul modo in cui è stata recentemente risignificata a partire da contributi teorici e artistici indigeni. Considerando le critiche mosse da tali riappropriazioni, questo testo si propone di leggere l’Antropofagia come proposta onto-politica di alleanza e trasformazione decoloniale, in connessione con produzioni e scritture contemporanee.
Resumo Uma dupla cicatriz, a das experiências traumáticas da ditadura brasileira e a da difícil vocalização feminina dessa memória contra o esquecimento, atravessa os dois romances de Ana Maria Machado, Tropical sol da liberdade (1988) e Canteiros de Saturno (1991). Pioneiros entre as produções literárias escritas por mulheres e tendo como contexto os anos de chumbo e a época da redemocratização, essas obras permitem confirmar o papel antecipador da literatura na restituição e reconstrução desse passado brasileiro e, ao mesmo tempo, desmontar e desafiar a tradição androcêntrica da escrita da história. Em particular, os dois textos, soldando a esfera privada e o espaço público, e encenando ou construindo uma reflexão metaliterária, colocam as duas dimensões da questão de “gênero”: a reflexão sobre a busca da forma da escrita (gênero) para contar e construir uma leitura alternativa da história e uma memória feminina nas suas especificidades de pontos de vista e vivências (gênero).
As vozes das mulheres brasileiras hoje incomodam muito e o poder político conservador tenta continuamente (re)estabelecer a prioridade de fala dos homens e a ilegitimidade da presença das mulheres como sujeito político no espaço público. Neste particular momento político é interessante olhar para as experiências de mulheres que viveram e lutaram durante outro momento brutalmente conservador da história brasileira, aquele dos vinte e um anos da ditadura civil-militar. Em particular porque o governo Temer e o governo Bolsonaro construíram uma conexão explícita com a época da ditadura e porque o surgimento do movimento feminista brasileiro está ligado à historia da participação das mulheres na luta de oposição ao autoritarismo dos anos 60 e 70. Através de uma reconstrução das publicações de depoimentos e relatos de mulheres e romances escritos por mulheres, queremos refletir sobre o processo de transmissão da memoria feminina da luta contra a ditadura – entre remoção histórica e re-emergência literária – e sobre a temporalidade desta memoria para entender melhor a sua herança em relação às lutas que enfrentam hoje as mulheres brasileiras.
Uma enorme quantidade de ações e iniciativas se multiplicaram na Itália para homenagear a memória e a história de luta e de vida de Marielle Franco, após o seu assassinato. Se a narrativa sobre o caso pessoal de Marielle e a sua potente figura pode ter descuidado o contexto específico carioca ligado ao motivo da sua “execução política”, é inegável que a potência da sua herança está no feito de ter se tornado um símbolo transnacional do feminismo interseccional que combate, conjuntamente, sexismo, racismo, homofobia e transfobia, desigualdade económica, criminalização da pobreza e diferentes formas de neocolonialismo. Na Itália, onde existe uma longa história de negação do passado colonial, um difícil surgimento de vozes afroitalianas e onde os discursos e temas feministas são sempre mais instrumentalizados para fortalecer propagandas racistas contra imigrantes, a história da luta de Marielle Franco teve uma forte ressonância: a sua força no caminho de visibilização das lutas e vozes feministas afrodescendentes representou um importante exemplo pelas redes feministas nacionais e transnacionais.
Hoje, a defesa dos direitos humanos, em todos os campos do saber, é fundamental e imprescindível. Ao mesmo tempo, a história recente mostra a necessidade de problematizar o seu uso em alguns contextos de “aplicação”. Por meio desse artigo, queremos reconstruir uma multiplicidade de posições que analisam as contradições e o uso conservador dos direitos humanos, colocar a importante questão da necessidade da politização desses direitos e refletir sobre a relação com a literatura e a crítica literária à luz dessas posições e problematizações (usando também o romance de Maria Valéria Rezende, Outros Cantos, como caso de aplicação do discurso).
A literatura atual que reconstrói e narra partes do passado traumático brasileiro é também uma tentativa de enfrentar e explicar as formas da violência contemporânea. Um dos momentos sombrios do passado brasileiro é o dos 21 anos da ditadura militar. Duas autoras que não viveram pessoalmente esses eventos, Liniane Haag Brum e Adriana Lisboa, decidem escrever sobre esse momento histórico e sobre o seu “buraco negro”, representado pela brutal repressão da guerrilha do Araguaia. Embora sejam dois textos diferentes, escritos a partir de escolhas e motivações diferentes, eles são aproximados por um lado pelo desafio de contar uma parte da história de violência do próprio país a partir de uma precisa temporalidade escolhida, aquela do presente em que as autoras vivem (do “tempo do pós”); por outro lado pela capacidade de estruturação ficcional de uma relação íntima entre duas personagens que permite tentar o preenchimento do silêncio causado pelo trauma passado e a encenação de um processo de construção da pós-memoria. A narração gerada por essa escrita ficcional entre quem viveu no tempo da violência e quem tenta entender o que foi restitui a experiência da violência para quem nasceu “depois”.
A categoria de “literatura das mulheres” – categoria de análise criada a partir de percursos históricos e sócio-políticos que levaram a reivindicar um espaço específico na organização do saber – poderia ser repensada como um campo aberto, feminista, livre e em transformação. De fato, a criação literária e os feminismos partilham a necessidade da liberdade e da contínua transformação. A análise da produção literária de mulheres que escreveram sobre a época da ditadura – época em que começou o desenvolvimento de um verdadeiro movimento feminista no Brasil – ajuda a refletir sobre presentes e possíveis relações entre os feminismos militantes, as influências feministas e a criação literária.
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