Este artigo aborda as reflexões dos Wapichana – povo de língua aruaque que vive nas savanas de Roraima no Brasil, na Guiana e também na Venezuela – sobre a validade de uma prática de conhecimento considerada tradicional: a pesca com timbó. Em conversas cotidianas e nas recentes discussões públicas sobre os cuidados com ambiente, a questão da (in) sustentabilidade do uso deste conjunto heterogêneo de plantas como técnica de pesca tem sido uma constante entre as comunidades que vivem na região Serra da Lua, em Roraima. O objetivo deste trabalho é apresentar alguns elementos que permitam compreender o debate entre os Wapichana em seus termos conceituais e em seus aspectos relacionais presentes nas análises indígenas sobre a técnica. O argumento é que a controvérsia sobre essa técnica reflete uma dinâmica cosmológica, na medida em que as análises indígenas são reflexões sobre organização social e reciprocidade no manejo de recursos naturais. Palavras-chave: conhecimento tradicional, processos técnicos, análises indígenas, Wapichana
Awnetypan amazad: políticas indígenas do habitar e gestão territorial-ambiental em terras indígenas Awnetypan amazad: indigenous politics of dwelling and territorialenvironmental management of indigenous lands
Resumo Este artigo apresenta uma análise etnográfica sobre xamanismo no contexto pluriétnico do maciço guianense ocidental. Aborda particularmente sua modalidade agressiva que é definida regionalmente como ataque kanaimé. O universo sociocultural que caracteriza esse tipo de ação xamânica apresenta elementos de uma cosmo-ontologia que desafia a racionalidade ocidental, configurando modos de relação entre pessoas e plantas que colocam em jogo saberes específicos e práticas rituais. As reconfigurações contemporâneas dessas práticas xamânicas indicam o caráter aberto, a força e a heterogeneidade desse modo de conhecimento. A partir dos diferentes papéis exercidos por esses especialistas, o objetivo é trazer as reflexões indígenas sobre a ética do xamã na produção de malefícios e curas. O argumento é que esse universo xamânico leva a noção de fronteira ao plano da comunicação interespecífica, reverberando interrogações sobre o estatuto do humano.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.