Certamente, o que não nos falta no Brasil são relatos que avaliam o desenvolvimento histórico e contraditório da pesquisa educacional, cuja institucionalização aparece com a criação do INEP / Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, em 1938, sob a direção do Ministério da Educação. Os primeiros estudos aos quais tivemos acesso (Gouveia, 1971, 1976, Mello, 1983, Gatti, 1983, Demo, 1983), bem como os mais atuais (Warde, 1990; Alves-Mazzotti, 2001; Gatti, 2001, 2006) fazem referência às etapas, problemas, limitações e avanços da pesquisa em educação no Brasil. Apesar do aumento expressivo da pesquisa educacional na progressão histórica, na formação crescente de pesquisadores e nas diferenças contextuais de cada momento, os problemas deste campo poderiam ser resumidos da seguinte forma: inconsistência teórica e metodológica; uso limitado de métodos de coleta e análise de dados; pouca preocupação com a formulação de categorias teóricas, dando origem à aplicação ingênua de conceitos utilizados em outras ciências; linhas teóricas e metodológicas pouco claras; falta de compreensão do fenômeno educacional, sua dinâmica interna e suas conexões com a sociedade e a política. No contexto destas questões, gostaríamos de nos concentrar em uma delas, que foca particularmente na direção de nossa análise. Em 1981, Guiomar Namo de Mello tinha interesse em explicar que a pesquisa educacional no Brasil foi afetada por dois movimentos inter-relacionados: a pobreza teórica e a inconsistência metodológica (Mello, 1983). Nove anos depois (Warde, 1990), assume o fundamento de Mello, mas não vai muito longe no assunto. Surpreendentemente os pesquisadores que vieram depois não deram às falhas teóricas e metodológicas o peso que elas têm para determinar a qualidade dos resultados científicos educacionais (...).