A fenomenologia de Husserl, através de considerações acerca da consciência e seguindo o intuito constitutivo de “retornar às coisas mesmas” apresenta uma visão renovada da relação entre o sujeito e o mundo. Partindo do problema do conhecimento, a fenomenologia husserliana desdobra a problemática da presença ao mundo e da subjetividade, revelando a interdependência entre a consciência e o ser, entre o eu e a natureza. O sujeito puro, que resulta da epoché, afirma Husserl, enquanto forma pura da subjetividade, é livre, independente das condições materiais de sua inserção no mundo. Porém, o sujeito encarnado, cognoscente, agente no mundo, é ligado às formas do pensamento e da própria materialidade, sendo assim limitado pelas condições efetivas da existência. O presente artigo retoma as principais considerações husserlianas a respeito dessa relação, ao mesmo tempo problemática e necessária para o sujeito vivo, que circunscrevem sua liberdade atual mas que oferecem também as condições para a sua liberdade transcendental. Essa tensão se revela na fenomenologia pelas numerosas dicotomias ou rasgaduras (Riss) da teoria de Husserl e apresentam um quadro circunstanciado e complexo para pensar o problema da relação entre nossa liberdade e nossa natureza. Percorreremos sua obra atentos a esses desdobramentos e oposições, na expectativa de desvelar algumas possibilidades de compreensão da problemática na filosofia contemporânea e, mais especificamente, na fenomenologia.
Palavras-chave: Fenomenologia, Husserl, liberdade, natureza, conhecimento, existência.
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