Seguindo os rastros dos processos de gentrificação -fenômeno global que atualmente se reveste dos mais distintos formatos em várias partes do mundo -este trabalho apresenta os resultados de uma pesquisa ainda exploratória que vem sendo realizada desde 2019, no Mercado Novo, em Belo Horizonte, Brasil. O principal objetivo é o de compreender o modo como o processo em curso no Mercado Novo revela os efeitos da «supermodernidade» nos espaços, em suas dimensões física e social. Ancorados no método etnográfico, os dados coletados revelam como histórias e memórias são criadas a partir de uma "autenticidade calculada", transformando o espaço em uma mercadoria cultural. Em síntese, este trabalho fomenta a discussão acerca das consequências dos processos de gentrificação na produção do espaço, sejam «não-lugares», conforme conceituação de Marc Augé, sejam «nódulos de conectividade internacional», segundo expressão de Doreen Massey, na medida em que configuram espaços de base relacional internacionalizada e pouco diversificada.
Resumo Nos contemporâneos processos de transformação das grandes cidades, os mercados públicos têm sido um dos alvos espaciais que induzem mudanças nas práticas sociais e nos perfis de seus usuários e consumidores. Em Belo Horizonte, o Mercado Central e o Mercado Novo revelam essas tendências e tornam-se objetos privilegiados de estudo de caso. Esta pesquisa, realizada entre 2017 e 2019, buscou identificar transformações, resistências e tensões, em curso, nesses tradicionais espaços comerciais. As análises buscaram ultrapassar uma perspectiva simplista ou generalista de gentrificação, esquadrinhando lógicas de caráter segregacionista e a alteração das práticas sociais, econômicas e culturais, devido a processos ainda anteriores, como os de patrimonialização, gourmetização e turistificação, caracterizados pela exploração de atividades culturais dirigidas a um público solvente e rotativo. Utilizando observações etnográficas, entrevistas e documentos, este estudo analisa como as dimensões - história, rede de relações e identidade - são configuradas cotidianamente. Esta pesquisa mostra como os processos identitários e os sentimentos de pertencimento são diferentes em cada espaço. No Mercado Central preservam-se os padrões tradicionais de propriedade individual e longevidade das lojas. Já a iniciativa “Velho Mercado Novo” busca a “autenticidade calculada” e reforça indiscriminadamente a perspectiva do consumo do lugar.
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