resumo: Este trabalho passa em revista as ocorrências da imagem da cidade ferida na poesia grega de Arquíloco a Píndaro. Após observar essa figura nos versos de Sólon, volta-se para algumas questões de método acerca da análise de metáforas em uma língua antiga; em seguida, a noção de corpo cívico se torna objeto de uma breve digressão; enfim, procedese à leitura de passagens de Arquíloco, dos Theognidea e de Píndaro, no intuito de observar as dinâmicas pragmáticas da figura da cidade ferida. Palavras-chave: ferida; metáfora, sôma; "corpo cívico"; autoridade da poesia.
PragmaTique d'une méTaPhore: la ciTé blessée d'archiloque à Pindarerésumé: Ce travail passe en revue les occurrences de l'image de la cité blessée dans la poésie grecque d'Archiloque à Pindare. Après regarder cette figure dans des vers de Solon, on se tourne vers quelques questions de méthode sur l'analyse des métaphores dans une langue ancienne; ensuite, la notion de corps civique fait l'objet d'une petite digression; enfin, on lit quelques passages d'Archiloque, des Theognidea et de Pindare en vue de dégager les enjeux pragmatiques de la figure de la cité blessée. mots-clés: blessure; métaphore; sôma; "corps civique"; autorité de la poésie.A cidade doente é uma tópica bem difundida na Grécia da época clássica, não apenas na poesia trágica mas também na historiografia, na filosofia e na oratória.1 Mas antes que esta figura circule nos usos linguageiros gregos do séc V a.C, os distúrbios da cidade foram designados por meio da imagem de uma ferida. O objetivo do presente texto é passar em revista as principais passagens em que ocorre a imagem da cidade ferida na poesia grega arcaica, de Arquíloco a Píndaro. Começarei observando esta figura nos versos 1 Cf., por exemplo, Brock, 2013, p. 69-82.
O projeto de iniciação cientifica (PIBIC) “Entre festas e ritmos: aspectos performativos e musicais da poesia grega antiga” foi concebido para acolher estudantes no desenvolvimento de estudos de caso sobre poemas específicos. Cada plano de trabalho deve realizar um estudo introdutório sobre o contexto performativo do poema em questão e, em um segundo momento, incentivar experimentos de vocalização e percussão com o poema. Esses experimentos, adaptados de jogos de improviso vocal e de percussão corporal, são então propostos em oficinas de extensão abertas ao público não especializado. Este texto apresenta os estudos de caso desenvolvidos por dois estudantes entre 2018 e 2019 e faz um relato da primeira edição da oficina, realizada em 2019.
Ancorada na materialidade do corpo, a elaboração sociocultural da doença é reveladora das antropologias nativas, da produção de modelos do humano no seio das culturas. Por mais que a irrupção de problemas biológicos tenha alcance universal, afetando humanos no mundo inteiro ao longo de todas as épocas, as maneiras de experimentá-los e de concebê-los, as práticas segundo as quais são enfrentados e as relações intersubjetivas em torno deles tecidas são construídas no interior de uma situação cultural e histórica bem específica. Dialogando com estudos de antropologia da doença, o presente artigo investiga as dinâmicas de sentido subjacentes às representações de doenças como forma de punição divina na Grécia antiga, sobretudo em Hesíodo e Homero. Constata-se que a atribuição da origem de doenças às divindades pode tanto se inscrever em uma vindicta específica quanto remeter ao caráter fortuito das doenças a que toda gente está suscetível. Contudo, ambos os sentidos não deixam de articular a ordem do corpo e a ordem social. Na medida em que o antropomorfismo divino grego faz coincidir em um único vocábulo, timé, a estima social humana e a divina, que se expressa em atos de culto, a doença pode remeter à justiça divina quer em uma dinâmica retributiva como punição, quer em uma dinâmica distributiva que garante a distinção ontológica entre mortais e imortais.
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