Resumo: A Visão de Túndalo é um exemplum, narrativa de caráter moralizante transmitida a um auditório, com objetivo de obter a conversão. Produzida no século XII por um monge cisterciense desconhecido, foi traduzida para o português no século XV. Através da figura do Diabo e dos tormentos no Inferno, os fiéis se arrependeriam dos pecados cometidos e buscariam a salvação, adotando o comportamento indicado pela Igreja Católica para conduzi-los ao Paraíso.
RESUMO.A partir do momento em que ascendeu ao poder político por meio do Movimento de Avis (1383-1385), D. João e seus filhos estimularam a produção de obras que indicavam modelos de comportamento voltados à educação da corte e conhecidos como Prosa Moralística. A Crónica de D. João I, escrita por Fernão Lopes após a morte desse monarca, com o objetivo de legitimar o seu poder e o de sua descendência, também se constitui em manual educativo, pois propõe modelos ideais de comportamento da nobreza e da monarquia. A "nova nobreza" deveria estar ligada à "causa nacional" e o "novo monarca" deveria possuir uma série de virtudes incontestáveis, que ultrapassassem a condição de bastardia de D. João I e o apresentassem como novo modelo de monarca. Portanto, os dois heróis e modelos educativos do cronista Fernão Lopes são o nobre Nuno Álvares Pereira, associado à imagem do cavaleiro arturiano Galaaz, e o rei D. João, o Messias de Lisboa, que "salvou" aquela cidade do domínio castelhano. As relações entre nobreza e monarquia propostas na Crónica indicam a centralização do poder e disciplinarização dos nobres pela monarquia. ABSTRACT. Educational models for nobles and kings in Fernão Lopes's John I'sChronicles. When he achieved political power through the Avis movement (1383-1385), John I and his sons stimulated the production of literary works, known as "Moralistic prose," that furnished behavior patterns within the context of education at the royal court. Fernão Lopes's John I's Chronicles, written after the monarch's death tried to legitimize his power and the power of his descendants. It was also an educational manual since it provided ideal models for the behavior of nobles and kings. The "new nobility" should be involved with the "national cause" and the "new king" should show incontestable virtues that would be beyond the illegitimacy status of John I. The latter would be indicated as a new royalty model. Therefore, the two heroes and educational models of the chronicler Fernão Lopes are the nobleman Nuno Alvares Pereira, associated to the representation of the Arthurian knight Sir Galahad, and King John of Portugal, the Messiah of Lisbon, who 'saved' the city from the Castilian domain. Relationships between the monarchy and the nobility suggested in the Chronicles indicate power centralization and the discipline meted out by the monarch on the nobles.
RESUMOEste artigo realizou uma análise sobre as múltiplas imagens do Diabo, com base em três iluminuras do século XV. Foi possível observar os seguintes elementos: 1-o ente maléfico como uma cabeça, com uma imensa boca aberta, conhecida como a Boca do Inferno; 2-o ser do Mal humano, mas com características animalizadas, portando garras, pelo, rabo, entre outros aspectos, ainda com aspecto devorador; 3-Lúcifer representado de forma bela, como o anjo rebelde expulso do Céu por Deus. Foram analisadas três imagens; uma da obra Vision de Tondal, na qual é representado como a Besta Aqueronte, em forma de Boca do Inferno, e duas imagens do livro Les Très Riches Heures do Duc de Berry, quando é figurado com traços animalescos na imagem intitulada "Inferno" (fl.108r) e ainda com suas características angélicas em "A queda dos Anjos Rebeldes" (fl. 64v). Nas duas últimas iluminuras o Diabo apresenta elementos de soberano do Inferno. Além disso, foi possível constatar que esse ser apresenta traços ambíguos no imaginário cristão. ABSTRACTThis article conducted an analysis on the multiple images of the Devil, based on three illuminations of the 15th century. It is possible to observe the following elements: 1-the evil one as a head, with a huge open mouth, known as the Hellmouth; 2-as a human being, but with animalistic characteristics, carrying claws, the tail, among other things, still with devouring aspect; 3-represented in beautiful shape, as the rebel angel, Lucifer, expelled from heaven by God. Three images were analyzed; one from the narrative Vision
Resumo: Para os homens e mulheres da Idade Média, a ida ao Paraíso depois da morte era o principal propósito, motivo pelo qual este lugar pode ser considerado uma utopia por excelência, espaço ao mesmo tempo, físico e espiritual de felicidade e bem-estar. De acordo com Le Goff (2002, p. 21), depois da ressurreição, que ocorre no fim do mundo, os "bons" vivem eternamente num lugar de delícias, o Paraíso. Porém para atingir este local, os humanos devem abster-se de pecar no mundo terreno. Assim, o lugar de plenitude se opõe diretamente ao Inferno, local das punições eternas. No intuito de afastar os indivíduos dali, foram compostas muitas narrativas, dentre as quais as viagens ao Além-túmulo. A Visio Tnugdali (Visão de Túndalo) é a mais conhecida dos relatos visionários e que teve maior difusão dos séculos XII a XVI. Neste artigo é feita uma reflexão sobre a utopia no Paraíso na obra Les Visions du Chevalier Tondal, produzida no século XV, com iluminuras de Simon Marmion, em contraponto com algumas distopias, em especial o filme Metrópolis, de Fritz Lang (1927). Mesmo na cidade futurista daquela película são mostrados elementos do Paraíso e Inferno, com analogias à representação cristã. A Visio Tnugdali através do Paraíso como espaço utópico, bem como as distopias da atualidade, nos auxiliam a refletir sobre a sociedade melhor e mais justa que desejamos.Palavras-chave: Utopia. Visions of the Knight Tondal. Distopias. Metrópolis.Abstract: For men and women of the Middle Ages, going to Paradise after death was the main purpose, which is why this place can be considered a utopia par excellence, space at the same time, physical and spiritual of happiness and well-being. According to Le Goff (2002, p. 21), after the resurrection, which occurs at the end of the world, the "good ones" live eternally in a place of delights, Paradise. But to reach this place, humans must refrain from sinning in the earthly world. Thus, the place of plenitude is directly opposed to Hell, the site of eternal punishments. In order to keep out the individuals from there, many narratives were composed, among which the voyages to the Beyond-grave. Visio Tnugdali (Vision of Tnugdal) is the best known of the visionary narratives and it had greater diffusion from the centuries XII to XVI . In this article a reflection on the utopia in Paradise is made in the Visions du Chevalier Tondal, produced in the 15th century, with illuminations by Simon Marmion, in counterpoint with some dystopias, especially Fritz Lang's 1924 film Metropolis. Even in the futuristic city of that film are shown elements of Paradise and Hell, with analogies to the Christian representation. Visio Tnugdali through the idea of Paradise as utopian space, as well as current dystopias, help us to reflect on the better and more just society we want.
Resumo: O Livro de Montaria, um manual de caça ao javali, foi composto pelo primeiro monarca da Dinastia de Avis, D. João I. A escrita e o livro sofrem um incremento a partir dessa dinastia que para se afirmar produziu várias obras pedagógicas, visando disciplinar o comportamento dos nobres. O rei pretende ensinar os "grandes" e considera o "andar ao monte" a mais importante das artes, por recrear a mente do monarca, ocupado com os trabalhos governativos, e também por servir à preparação física dos homens de armas. Mas segundo o soberano era necessário praticá-la corretamente, não se afastando dos ofícios religiosos, das tarefas políticas e do comportamento ideal exigido aos bellatores. Por isso, D. João indica a temperança nas ações e que os excessos fossem evitados na prática da caça, fazendo uma analogia entre essa atividade e a vida cotidiana. Num momento de centralização do poder o monarca se apresenta como espelho de virtude aos súditos e como preceptor da sua corte, que lhe deve ser submissa. Tanto D. João quanto seus filhos, D. Duarte e D. Pedro, produziram obras no intuito de ensinar o comedimento à nova nobreza em ascensão e o comportamento adequado na sociedade, visando, através do exemplo dos "defensores", educar também o povo.
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