Este artigo apresenta uma discussão oriunda de pesquisa de doutorado que tem por objetivo desenvolver a noção de “lugar de autoria” a fim de compreender o cenário atual da produção de livros didáticos. Nesta ocasião, tendo como aporte teórico as contribuições de Michel Foucault, o conceito de autoria é revisto com base na função que desempenha no discurso. Na atual conjuntura política e econômica, é problematizado o papel das editoras na produção de materiais didáticos, propondo-se um olhar para além da atuação mercadológica. A partir de entrevistas realizadas com autores de livros didáticos, compreendemos que o “lugar de autoria” se constitui na especificidade de seu tempo e espaço.
A autoria de livros didáticos tem ocupado, em nossa sociedade, um lugar secundarizado em parte decorrente da desvalorização dos conhecimentos e materiais produzidos na/para a instituição escolar. Reconhecendo a relevância de pesquisas que buscam compreender a especificidade e complexidade dessa produção, discutimos, em diálogo com as teorizações foucaultianas sobre “o que é um autor”, a autoria de livros didáticos em perspectiva de investigação que a considera uma função discursiva, constituinte de sujeitos em contextos nos quais saberes e poderes são disputados, negociados, validados. Essa questão é discutida no âmbito das políticas públicas e do mercado editorial brasileiro, no qual profundas transformações têm afetado as condições e possibilidades do exercício desta função, reposicionando sujeitos e suas produções.
RESUMO A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) tem suscitado importantes debates sobre a constituição de um currículo escolar. Neste artigo, desenvolvemos uma reflexão sobre como essa proposta curricular tem mobilizado discussões sobre as possibilidades de constituição e de desenvolvimento do ensino de História. Enquanto dispositivo regulador da educação, que tipo de poder esse documento exerce sobre aquilo que é praticado nas escolas? Para além dos constrangimentos e amarras que o currículo gera no ensino, poderíamos também enxergar potencialidades para um ensino de História que dialogue com as realidades vividas por nossos alunos e alunas e compartilhadas no espaço escolar? A partir dessas questões norteadoras, desenvolvemos este artigo em três partes: em um primeiro momento, apresentamos a trajetória de publicação da BNCC e os embates em torno do ensino de História, bem como os conceitos de currículo e de Ensino de História com os quais trabalhamos. Em um segundo momento, apresentamos como a comunidade disciplinar (GOODSON, 1997) tem debatido sobre os sentidos de História presentes na BNCC, a partir de um levantamento de artigos científicos que têm apresentado este currículo como tema de pesquisa. E em um terceiro momento, apresentamos algumas chaves de leitura do documento a partir dos conceitos de “competências gerais” e da “atitude historiadora”. Por fim, teremos condição de responder à questão: que possibilidades a BNCC pode proporcionar para um ensino significativo no ensino de História?
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