Objetivou-se com esse trabalho avaliar o efeito da distribuição espacial de árvores (Anadenanthera falcata, Albizia polycephala e Cassia grandis) em cultivo de cafeeiro sombreado (Coffea arabica cv. Obatâ), sobre a resistência mecânica, umidade e propriedades químicas do solo. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com quatro repetições, em esquema fatorial 4x2. O primeiro fator foi a localização dos pontos de amostragem do solo no cafezal sombreado, determinados por dois pontos na mesma linha de plantio das árvores (D1L - um metro de distância do tronco da árvore e D6L - seis metros de distância do tronco da árvore) e dois pontos paralelos a esses localizados na entrelinha de plantio das árvores (D1E e D6E). O segundo fator foi a profundidade de coleta do solo: 0,0-0,20 m e 0,20-0,40 m. As maiores resistências mecânicas do solo à penetração foram observadas nos pontos D1L e D1E, com 8,89 Mpa e 6,55 Mpa, respectivamente. O menor valor de pH (4,62) e o maior teor de alumínio no solo (4,95 mmolc dm-³) foram encontrados na linha de plantio das árvores, no ponto D1L. A distribuição espacial das árvores não alterou a umidade do solo, variando entre 0,11 e 0,14 kg kg-1e os teores de matéria orgânica, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, os quais se mantiveram dentro das faixas consideradas adequadas para o cultivo do cafeeiro. Conclui-se que as árvores avaliadas elevam a resistência do solo à penetração e provavelmente exercem maior competição por nutrientes com o cafeeiro, aumentando o pH e os teores de Al do solo, quando localizadas no ponto D1L, possivelmente, em função da distribuição e concentração das raízes das mesmas. Contudo, a distribuição das árvores não influenciou a umidade e os teores de matéria orgânica, P, K e Ca do solo.
O objetivo deste artigo é apresentar as reflexões de um grupo de docentes e pesquisadores, com diferentes formações, perfis e áreas de atuação, sobre o processo de construção de uma nova agenda de pesquisa e extensão interdisciplinares, com vistas à transdisciplinaridade. Para tanto, descreve um processo de concepção e elaboração de projetos, baseado no conceito de pesquisa-ação e tendo a interdisciplinaridade como meta, na caracterização de sistemas socioecológicos complexos. Os projetos realizados enfocaram a resiliência da agricultura familiar, na região de fronteira agrícola intitulado Portal da Amazônia (MT). Discute-se, a partir desse processo, a possibilidade de construção dialógica de projetos, narrando seus principais desafios na busca pela real indissociabilidade entre o ensino, a pesquisa e a extensão. Conclui-se que as escolhas relativas aos fundamentos teóricos e metodológicos que embasaram os projetos foram essenciais para a construção do fazer acadêmico interdisciplinar, e que o processo de pesquisa-ação, conforme construído e aqui descrito, possibilitou a relação dialética entre a transdisciplinaridade e as três dimensões do conhecimento acadêmico, pauta constante nas discussões atuais sobre a avaliação do Ensino Superior no Brasil.
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O trabalho visou à caracterização do uso e ocupação da terra da Bacia Hidrográfica Córrego da Conserva em Vargem Grande do Sul – SP. O mapeamento foi realizado com o uso do software livre QGIS para estudo da área. As classes obtidas foram: nascente, corpos de água, cursos de água, pivô central, área construída, cana–de-açúcar, citros, pasto, vegetação nativa e as Áreas de Preservação Permanente (APP’s) presentes na área. Os resultados obtidos ressaltam a pequena proporção de 4,18% de vegetação nativa presente na área de estudo. O território ocupado mostra um uso intensivo da água na irrigação da agricultura convencional, com a técnica de pivô central, evidenciando assim conflito no uso da água. Assim, torna-se necessário um planejamento do uso e ocupação da terra, na busca da sustentabilidade com enfoque agroecológico. Neste sentido, deve-se salientar a importância do manejo adequado da terra e da irrigação, a fim de colaborar para o planejamento da área e assim dar suporte às políticas públicas locais.
RESUMOUma das características mais marcantes da agricultura familiar brasileira é a sua heterogeneidade e, incluso neste aspecto, estão as diferentes formas de complementar a renda familiar. Nesse sentido, este artigo tem como objetivo caracterizar a agricultura familiar, no Brasil, em especial à questão dos plurirrendimentos, que são os estabelecimentos onde há atividades agropecuárias (produção vegetal, produção animal e derivados, e produtos agroindustriais) conjuntamente com aquelas atividades não vinculadas à agropecuária (podendo ser outras receitas do estabelecimento ou do produtor). O estudo é ampliado utilizando-se de dados das receitas da agricultura familiar no Rio Grande do Sul e Pernambuco, dois estados que têm disparidades socioeconômicas e manifestam diferentemente as estratégias pluriativas. Com a finalidade de atingir os objetivos, foi feito um levantamento bibliográfico sobre o tema, além de uma pesquisa exploratória com a coleta de dados quantitativos secundários utilizando o Censo Agropecuário de 2006 e 2017, como também indicadores socioeconômicos disponíveis no IBGE-SIDRA e IBGE Estado e Cidade. Como resultado, observa-se uma estratégia de diversificação da renda do agricultor familiar, ao realizar atividades além das agrícolas dentro da propriedade ou fora dela. Os dados nos estados de Pernambuco e Rio Grande do Sul evidenciam a hipótese de que as condições socioeconômicas podem influenciar no plurirrendimento dos estabelecimentos, com base nos indicadores socioeconômicos.
Conservação da biodiversidade, restauração florestal e redução do desmatamento são demandas prementes da sociedade brasileira. No Portal da Amazônia, fronteira agrícola inserida no Arco do Desmatamento, são urgentes estratégias que garantam produção agrícola com permanência de agricultores familiares, aliadas à redução do desmatamento e conservação da agro e biodiversidade. Esta pesquisa traz um olhar multidisciplinar para os quintais agroflorestais, em 19 comunidades, em dois municípios. Identificamos as espécies agrícolas e florestais cultivadas, seus principais usos e potenciais para produção de alimentos, diversificação da produção, geração de renda e uso e conservação de espécies florestais nativas em 44 quintais. Trabalhamos também com a espacialização da riqueza de espécies, pensando a paisagem dos dois municípios. Foram identificadas 201 espécies, com diversos usos potenciais. Dessas, 48% geram renda a partir de várias fontes de comercialização já estabelecidas, nos dois municípios. A escolha de espécies a serem cultivadas (com alta diversidade, baixa similaridade entre quintais, uso frequente de espécies exclusivas e implantação de espécies florestais nativas), aliada ao potencial uso dessas espécies para consumo e comercialização, denotam a importância dos quintais para a diversificação produtiva, alimentar e de renda para a agricultura familiar. Os números de riqueza e a distribuição espacial dos quintais demonstram que a diversificação em escala local (propriedade rural) implica em diversificação na escala regional (município). Os resultados indicam aceitação do modelo como sistema de produção, para além dos sistemas simplificados usuais em áreas desmatadas da Amazônia. Pode-se apontá-los como espaços biodiversos por decisão de seus mantenedores, que diversificam a produção, favorecem a conservação de espécies florestais nativas e contribuem para o desenvolvimento e conservação da agro e biodiversidade na região. Conclui-se que podem ser implementados como novos sistemas produtivos no Portal da Amazônia, contribuindo para o desenvolvimento local e regional, gerando benefícios ecológicos, econômicos e sociais.
O objetivo desse trabalho foi mapear e quantificar a cobertura arbórea em cinco assentamentos de reforma agrária, analisar seu arranjo e distribuição, e sua contribuição para a melhoria da conectividade. A área foi mapeada (com QGIS 3.0.1) e dividida em três blocos (Rural, Urbano e Periurbano). Foram calculadas métricas (com Fragstats 4.2) e analisada a estrutura da paisagem três níveis: manchas, classe e paisagem. Foram mapeadas 118 manchas, cujas categorias (árvores isoladas, núcleos de árvores, plantios de bordadura, plantios comerciais e remanescentes de vegetação), número, tamanho e distribuição variam nos lotes e entre os blocos. A cobertura arbórea foi de 33,89 ha na área Periurbana, 4,22 ha na área urbana e 50,94 ha na área rural. Há predominância de árvores isoladas e núcleos de árvores na área urbana, plantios comerciais estão mais presentes nas áreas rural e periurbana, e há mais plantios de bordadura na área rural. O componente arbóreo e florestal mantido, conservado e/ou implantado pelos agricultores dentro de seus lotes aumenta a cobertura arbórea (diferentes arranjos perfazem 15% da área total dos lotes). Essas manchas contribuem com a conectividade na paisagem, sua presença reduz a distância entre elementos de 111,34 m para 11,36 m na área rural e de 578,72 m para 13,08 m na periurbana. Os resultados evidenciam que os assentamentos estudados contribuem para conservação e permanência do componente arbóreo e florestal, e para aumento da cobertura arbórea na paisagem dos assentamentos, melhorando sua qualidade.
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