Neste artigo, objetiva-se investigar o posicionamento autoral revelado pelo emprego de marcas de pessoalidade e de impessoalidade em artigos científicos de três áreas de conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas, Educação e Engenharias, tendo como ponto de partida a primeira área aqui listada. O aporte teórico utilizado insere-se nas abordagens do letramento como práticas sociais de uso da escrita e, mais estritamente, o letramento acadêmico como as práticas específicas da esfera universitária. Nesse quadro, buscou-se mapear as ocorrências de pessoalidade (reveladas pelo emprego de primeira pessoa do discurso – ‘nós’) e de impessoalidade (reveladas pelo emprego de terceira pessoa – ‘se’). Para a concretização dessa meta, optou-se por adotar uma metodologia de cunho qualiquantitativo, adotando a técnica da análise de conteúdo. Concluiu-se, entre outros aspectos, que, na área de Ciências Sociais Aplicadas, há uma relativa flexibilidade no emprego da pessoalidade em relação à impessoalidade textual; nas áreas de Educação e de Engenharias, a preferência é pela pessoalidade e pela impessoalidade, respectivamente. Trata-se de um estudo que pode contribuir significativamente para o ensino e a pesquisa no âmbito das práticas letradas universitárias.
O sucesso na carreira profissional sempre foi pautado pelas habilidades técnicas do indivíduo (hard skills) necessárias à resolução dos problemas do dia a dia. Recentemente, o desenvolvimento de habilidades humanas, também conhecidas como “soft skills”, ganharam destaque no relacionamento interpessoal e corporativo. O que chama atenção é que tais habilidades ainda não fazem parte da maioria dos currículos regulares de formação profissional. Objetivou-se com o presente estudo entender qual o nível de autoconsciência entre discentes do ensino básico, técnico e tecnológico participantes de Grupos de Estudo Acadêmicos acerca de seus comportamentos em relação às soft skills. Foi aplicada avaliação por meio de um questionário onde as habilidades foram agrupadas em três grupos distintos: Grupo 1: gestão de tempo e organização; Grupo 2: empreendedorismo e capacidade de execução de tarefas; e Grupo 3: autoconhecimento e mentalidade. As respostas dos alunos foram comparadas à percepção dos Orientadores dos Grupos de Estudo quanto a real capacidade de cada aluno em alcançar o objetivo esperado frente ao item avaliado tomando como base a relação desenvolvida entre aluno e orientador. Diante dos resultados, pode-se observar que a autopercepção dos estudantes sobre suas próprias habilidades pessoais é um fator a ser trabalhado em sala, ou mesmo em projetos extracurriculares, para que, a partir do aumento de consciência da necessidade de melhoria, os estudantes desenvolvam, além das tradicionais habilidades técnicas, suas habilidades pessoais tão necessárias ao mercado de trabalho contemporâneo, e assim caminhem em direção à evolução e ao desenvolvimento profissional.
A transformação do perfil dos estudantes tem fomentado a reinvenção da educação ao longo das duas últimas décadas, no sentido de priorizar o desenvolvimento de competências, habilidades e valores mais condizentes com o mercado de trabalho atual. Neste contexto, as metodologias ativas têm se mostrado eficazes na melhoria do processo de ensino e aprendizagem, mas ainda são utilizadas timidamente no ensino médio profissionalizante, especialmente nos cursos relacionados às Ciências Exatas. A fim de analisar e discutir pesquisas existentes dirigidas à utilização de métodos ativos no cenário brasileiro e, especificamente, estudar a aplicação dessas metodologias em um curso técnico integrado de Edificações, foram realizados um estudo bibliométrico aprofundado sobre o tema no Brasil e pesquisas por meio de entrevistas e questionários com docentes e discentes do referido curso. Os resultados traçam um panorama da aplicação dessas metodologias no cenário brasileiro, mostrando avanços da sua utilização no decorrer dos últimos anos e apontando os principais aspectos positivos, dificuldades e desafios percebidos na implementação dessas práticas. As experiências vivenciadas no curso de Edificações ratificaram os resultados encontrados no estudo bibliométrico e apontaram caminhos para o aprimoramento da utilização dessas metodologias naquele curso.
O presente trabalho tem por objetivo analisar as questões de Ciências da Natureza de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), quanto às competências e habilidades determinadas pela Matriz de Referência do ENEM (MR-ENEM), e avaliar a abordagem dos livros didáticos (LD) de Biologia aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2018 sob essa mesma óptica. Para tanto, as questões que envolviam Biologia das provas do ENEM de 2018 e 2019 foram classificadas quanto ao tema e subtema abordados e avaliadas quanto às competências e habilidades requeridas. Também foram analisados os três LD de Biologia do PNLD 2018 mais utilizados em escolas públicas brasileiras. Ecologia e Poluição foram, respectivamente, o tema e o subtema mais presentes nas provas analisadas. Para resolução das questões, diversas competências e habilidades foram requeridas, com destaque para a competência C3 e para as habilidades H10 e H12. Nos LD analisados, destacaram-se os materiais complementares sobre temas atuais, recursos visuais diversos e atividades. Não foram encontradas questões multidisciplinares. Nas obras avaliadas, apresentaram-se abordagens bastante distintas em relação às competências e habilidades. Evidencia-se, assim, que são necessários esforços para que o Ensino Médio efetivamente ofereça ao aluno oportunidades de desenvolver competências e habilidades por meio de um ensino interdisciplinar, contextualizado e voltado à resolução de situações-problema aplicáveis ao seu cotidiano.
Em tempos de acirrada política neoliberal comprometida com o produtivismo acelerado, o artigo é uma das formas de comunicação que mais circulam no âmbito acadêmico-científico, objeto sobre o qual recaem muitos dos índices de ranqueamento institucionais e é ele próprio tema recorrente de estudos vinculados aos estudos do letramento, à didática da escrita e aos estudos do discurso. Encontramos em Swales (1990) propostas que buscam articular saberes de campos teóricos distintos que podem contribuir para a didática da escrita acadêmica. Nessa seara, o objetivo principal deste estudo é compreender como a orientação retórica de introduções e conclusões dos artigos científicos da área da Educação se faz presente na composicionalidade, no estilo e no desenvolvimento temático desse gênero. Trata-se de uma pesquisa documental, cujo corpus é composto por 16 artigos da área da Educação, tendo sido os periódicos avaliados como Qualis A1, no quadriênio Capes 2013-2016. Os resultados revelam a presença dos movimentos retóricos apontados por Swales, por meio das estratégias discursivas de engajamento e posicionamento (HYLAND, 2015), e contribuem para a composicionalidade do gênero. Apesar disso, não é possível afirmar, como descrito por Swales, que tais movimentos sejam de ordem obrigatória. Verificou-se também que as configurações de escolhas sistemáticas de linguagem devem ser compreendidas no interior de um campo disciplinar e que o texto reflete as escolhas e as limitações que atuam sobre os autores.
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