Resumo Este artigo apresenta e resume os principais achados em relação às repercussões do Programa de Volta para Casa nos territórios existenciais de seus beneficiários. Para isso, insere-se no bojo dos estudos internacionais e nacionais sobre o impacto das políticas públicas e avaliação do próprio beneficiário sobre elas. Dado o volume e a extensão dos dados, optou-se por apresentar análises a partir das narrativas construídas, elencando-se quatro aspectos: história de vida, autonomia, o que o dinheiro faz poder e relação com a rede de saúde. Considerando que os(as) participantes contam com anos ininterruptos de internação psiquiátrica, os achados evidenciaram um perfil de pessoas majoritariamente em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com predominância de raça/cor negra e baixa escolaridade. O histórico de exclusão e negligência, portanto, teria contribuído para o adoecimento, reclusão e permanência em instituições fechadas. Pode-se afirmar que o Programa de Volta para Casa, associado à moradia, possibilitou a essas pessoas em processo de desinstitucionalização o aumento de poder contratual quanto ao cuidado de si, ao estabelecimento de relações afetivas, à circulação na cidade, ao consumo de bens e serviços e, consequentemente, maior capacidade de expressão, comunicação e posicionamento crítico. Foi possível observar novas esferas de negociação engendradas pelo recebimento do dinheiro.
A formação de profissionais na perspectiva da Reforma Psiquiátrica brasileira é um dos desafios para a atenção qualificada na Rede de Atenção Psicossocial. O Projeto de Percursos Formativos na Rede de Atenção Psicossocial foi uma estratégia de educação permanente oferecida para a rede de atenção à saúde mental que buscou enfrentar esta questão. A estratégia teve como principais recursos de formação a troca de experiências e a ampliação das possibilidades de intervenção a partir da convivência com outras realidades de maneira horizontal, por meio do aprendizado entre pares e pela colaboração. Para viabilizar essa proposta, o projeto Percursos Formativos consistiu-se de quatro dimensões/componentes complementares chamadas de: i) Intercâmbio entre Experiências, ii) Oficinas para Atualização e Integração do Trabalho em Rede, iii) Plano de Educação Permanente e iv) Engrenagens da Educação Permanente. O projeto contemplou mais de 90 municípios espalhados pelas 27 unidades federativas do país e resistiu a mudanças no contexto político que atravessaram o seu tempo de execução, ao mobilizar dimensões técnicas e políticas tanto nos territórios de atuação quanto na condução institucional do projeto. Os atores do projeto passam à radicalização da proposta da Atenção Psicossocial, fortalecendo o território como construção, o fomento ao movimento social ampliado, a participação dos usuários dos serviços e a construção de estratégias coletivas para a defesa da Reforma Psiquiátrica brasileira, implicando-se na luta das forças políticas envolvidas no processo de transformação do país.Palavras-chave: Educação permanente. Saúde Mental. Desinstitucionalização.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.