Este trabalho teve por objetivo analisar de forma crítica e dialética a incorporação da Pedagogia Histórico-Crítica (PHC) por parte das pesquisas em Educação em Ciências (EC). Por meio de uma ampla revisão bibliográfica, realizada com procedimentos diversificados e pautada no Materialismo Histórico-Dialético, identificamos materiais que relacionavam a PHC e a EC, incluindo trabalhos da área de Educação Ambiental. Buscamos artigos publicados em periódicos específicos de EC, dissertações de mestrado, teses de doutorado, capítulos de livros, livros no todo e trabalhos apresentados no Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências (ENPEC). No total, identificamos 80 documentos, sendo cinco artigos de periódicos científicos, 28 trabalhos de congresso, 29 dissertações, dez teses, quatro capítulos de livro e quatro livros no todo. Em um primeiro movimento de tratamento dos dados, realizamos uma caracterização descritiva das pesquisas encontradas, observando a distribuição quantitativa dos diferentes tipos de trabalho ao longo dos anos, a instituição de origem de seus autores e seus respectivos grupos de pesquisa. Em seguida, recuperamos categorias do marxismo e da PHC para analisá-los de acordo com a lógica dialética. Discutimos quatro categorias que permitiram aprofundar o entendimento da PHC e compreender a incorporação dessa pedagogia pelas pesquisas em EC: PHC como teoria histórica, dialética e materialista; a superação da pseudoconcreticidade na PHC; a prática educativa dialética e os momentos didáticos da PHC; a mediação dialética da PHC. Apesar dos meritosos esforços empreendidos pelos autores para trazer essa pedagogia para a EC de forma original e inovadora, as análises desenvolvidas nessas diferentes categorias apontam para alguns aspectos recorrentes: um ecletismo teórico-metodológico que associa a PHC a teorias não pautadas no materialismo histórico-dialético; uma preocupação utilitarista que reduz a PHC à sua forma, identificada como cinco passos estanques, esvaziando-a de seu conteúdo; uma compreensão da prática social como sinônimo de cotidiano, retirando a perspectiva de superação da pseudoconcreticidade; a ausência do sentido de mediação dialética nos cinco passos e quanto ao papel do conteúdo escolar; um esvaziamento do sentido de catarse, entendido como etapa de avaliação ou conclusão de uma sequência didática. Em linhas gerais, observamos uma incorporação da PHC de natureza utilitarista e discutimos as possíveis justificativas e implicações disso para a construção dessa pedagogia na EC.
O referencial marxista tem sido pouco utilizado na história da ciência, sendo frequentemente acusado, no decorrer da história, de ideológico, geral e economicista, enquanto surgem outras abordagens que priorizam a análise do sujeito em detrimento da realidade objetiva. O objetivo deste trabalho é sistematizar uma abordagem historiográfica com base no materialismo histórico-dialético, discutindo aspectos históricos, teóricos e metodológicos, com a finalidade de propor formas de elaboração da história. Defende-se que é possível superar os paradigmas tradicionais por meio de uma historiografia marxista que revele elementos fundamentais nas discussões da história da ciência.
A inserção da História e Filosofia da Ciência no Ensino de Ciências é fundamental, pois remete à Natureza da Ciência (NdC).Entendendo que esse debate pode ser enriquecido por meio de um referencial teórico de interpretação da realidade, adotamos o materialismo histórico-dialético para analisar o caso de Nicolas Leblanc e a produção de soda para investigar a NdC. A síntese histórica se dá pela análise da particularidade do objeto considerando-a como campo de mediações entre os fatos universais e singulares inseridos na totalidade histórico-social. Analisamos as relações entre a química e a indústria no século XVIII e demonstramos, além das questões sobre NdC comumente destacadas, as dinâmicas entre o conhecimento artesanal e o industrial e as múltiplas relações entre a ciência e os aspectos sociais e naturais. O episódio explicita como a ciência é determinante e ao mesmo tempo determinada pela prática social.
O contexto de esvaziamento dos conteúdos científicos e do currículo de ciências na atualidade trouxe a necessidade de desenvolver esta investigação, dando centralidade às discussões sobre conteúdos e currículos. O objetivo foi o de identificar e analisar a concepção de mundo presente nas relações entre os conceitos científicos das ciências naturais e sua conversão em conteúdos escolares pela articulação com a teoria pedagógica histórico-crítica. Fundamentado na pedagogia histórico-crítica, esse objetivo foi cumprido por meio de uma revisão bibliográfica sistemática de 33 trabalhos da área de Educação em Ciências. A análise apontou que os critérios de seleção de conteúdos para a composição do currículo de ciências deram centralidade à prática social, à história, aos documentos oficiais e à literatura da área. Embora confundida com o cotidiano, a prática social é fundamental para que se tenha claro o papel da ciência diante das concepções de mundo que estão em disputa na sociedade. Já a história, explorada a partir da necessidade de articulação do conteúdo no seu contexto de produção científica, apresentou escassa relação com os fundamentos do processo pedagógico, comprometendo os objetivos de ensino no processo educativo. Por fim, houve a ausência de um posicionamento crítico dos pesquisadores nas situações em que se buscou os currículos oficiais e a literatura da área como referência para a seleção de conteúdos escolares de ciências. Esses resultados são importantes para avançar a discussão sobre conteúdos escolares com maior articulação e ponderação, no sentido de desenvolver uma concepção de mundo materialista, histórica e dialética nos estudantes.
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