Vulnerabilidade social e Covid-19: considerações com base na terapia ocupacional social

Abstract

Resumo A terapia ocupacional social se localiza ao longo da história como subárea que se constrói no Brasil, principalmente na emergência de estudar, pesquisar e questionar temas relacionados às contradições e injustiças sociais da sociedade capitalista, propondo ações terapêutico-ocupacionais que buscam o seu enfrentamento. No contexto da pandemia da COVID-19, os abismos postos por essas contradições têm ficado cada vez mais evidentes, nacional e globalmente, tendo em vista a desigualdade estrutural existente. A população em vulnerabilidade social é a maior impactada pelos seus efeitos, dada a ausência e/ou insuficiência de recursos, estratégias de prevenção e/ou tratamento da doença em seus cotidianos, associados às dificuldades de realizar o isolamento social, a manutenção do emprego e da renda, bem como o menor acesso à saúde e ao saneamento básico. Frente a isso, compreende-se que as questões macrossociais têm relação direta com o desenvolvimento da doença e a forma como afeta os diferentes grupos populacionais. Desta forma, destaca-se a importância das contribuições da terapia ocupacional social, no âmbito da pesquisa e/ou intervenção, baseadas em um pensar/fazer que acolha os desejos e as necessidades dos indivíduos e grupos, que problematize os impactos das desigualdades estruturais na vida cotidiana, que fortaleça movimentos de afirmação da vida, da autonomia, da cidadania e dos direitos. Por fim, fomentando estratégias de igualdade e reconhecimento, na democratização das possibilidades de dar continuidade à vida em meio e após a pandemia.

Gender expressions in the care and COVID-19 prevention process during the pandemic: reflections from and to social occupational therapy

“…There is a multiplicity of possibilities for actions that could be reproduced considering the particularities of each context and territory; thinking about the audiences present in this context, we will focus on activity workshops and conversation circles, as interventions that expand the repertoires of everyday possibilities for overcoming barriers that prevent social participation (Farias & Leite Junior, 2021). The execution of activity workshops constitutes an active intervention tool that produces coexistence spaces that allow access to group and individual realities and the diversities present in a collective space (Silva & Malfitano, 2021).…”

“…The crisis caused by the COVID-19 pandemic has profoundly affected the lives of all individuals. However, the health, social and economic consequences triggered by mass contamination fall more heavily on the most vulnerable part of the population, opening up the pre-existing inequalities in society, whether economic, racial, and/or gender (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, 2020; Farias & Leite Junior, 2021;Faustino & Gonçalves, 2020), with this last dimension being the focus of the discussions in this article.…”

Uma equipe colaborativa enfrentando a pandemia: a perspectiva de uma terapeuta ocupacional em um serviço de saúde mental infantil/A collaborative team facing the pandemic: the perspective of an occupational therapist in children's mental health service

“…Porém, não é o trabalho de um único profissional que transforma o serviço e qualifica a atenção. Para o avanço da assistência e alcance da integralidade, faz-se necessário um trabalho em equipe interprofissional e colaborativo, que integre os saberes de todas as categorias profissionais e permita um diálogo coletivo e horizontal (Dutra et al, 2020). Ainda mais em um momento conturbado de pandemia, as equipes de saúde não conseguem avançar com seus objetivos comuns sem que haja comunicação e confiança entre todos.…”

Proteção social e experiências terapêuticoocupacionais: a vida na pandemia de Covid-19

“…Paralelamente, em consonância ao indicado por Farias e Leite Jr. (2021) 30 sobre as possibilidades de contribuição da Terapia Ocupacional Social para o enfrentamento das consequências da pandemia, o esforço se voltou para a continuidade do trabalho que, desde 2004, desenvolvemos com jovens de grupos populares urbanos em diferentes equipamentos sociais [31][32][33] com o desafio de, seguindo as orientações sanitárias de distanciamento social, propor intervenções de forma remota, utilizando tecnologias digitais de comunicação.…”