Voo ou cela: o papel da tecnologia na criação do imprevisível

Abstract

This paper analyzes different roles of technology in the creative process of contemporary visuality. Technology apparatus have their own rules, to which the operator submits, plenty of the times in a certain illusion of exercising a genuine freedom of creation. The danger of this illusion is an atrophy of the access to the imaginative capacities of the human being. Therefore, it is necessary to notice this kind of coercion operated by technology. Is the apparatus that seems to seduce the creator to a non-human place, somehow magic, in which the illusion of control can obstruct the access to the real potency of imagination.Keywords: Imaginação;Tecnologia; Processo Criativo IntroduçãoO trabalho de criação visual pode ser visto como um processo que, de início, é mais conectado com uma posição introspectiva e misteriosa, para em seguida transformar-se em ação. Aparatos tecnológicos e midiáticos que impulsionam a produção desenfreada de imagens tem um papel delicado na constituição da visualidade contemporânea. Câmeras fotográficas e de vídeo, softwares e instrumentos similares têm suas próprias regras, às quais o operador se submete, muitas vezes na ilusão de estar exercendo uma liberdade de criação. A proliferação, aperfeiçoamento e alcance cada vez maior desses dispositivos que permitem rápidas alterações nas imagens, aumenta o risco de qualquer pessoa considerar-se criativa.O aparato, seja a câmera ou o software, precisa estar submetido a um não-saber que caracteriza o humano, que aceita abrir mão do desejo de ocupar uma posição dogmática no mundo. Passar a incorporar incertezas, irresoluções e angústias, é frutificar o processo criativo. Arlindo Machado (2010) chama atenção para o risco de soluções excessivamente padronizadas e impessoais, resultado de uma potência criativa que seria mais pertencente ao aparelho do que ao artista que o utiliza. Para o autor, "Não é preciso muito esforço para constatar que a discussão estética foi quase que inteiramente substituída pelo discurso técnico, e que questões relativas a algoritmos, hardware e software tomaram grandemente o lugar das ideias criativas, da subversão das normas e da reinvenção da vida" (Machado, 2010, p. 54). Nessa perspectiva, o papel que a arte desempenha na direção de reinventar a vida pode submergir em um oceano fastidioso de repetições, no qual pouco ou nada se destaca. Assim, é preciso reconhecer que, apesar de não ser possível para o artista desprogramar a técnica (Machado, 2010, p.22), é vital empreender ao menos uma movimentação nesse sentido, evitando o fascínio de uma espécie de aura que emana dos dispositivos tecnológicos. O artista deve passar a ocupar uma posição em que não está mais no controle. De certa forma, é importante para o criador habitar em uma espécie de flutuação, em um estado intermediário entre a vida e a morte, para que possa criar com verdade. Neste lugar não se exerce controle sobre o oceano de sensações, é ele quem tem o comando. MetodologiaAtravés de Revisão Bibliográfica foi elaborado um pensamento filosófico que ...