Voluntariado em Operações Humanitárias: Os Motivadores de Estudantes Brasileiros

Abstract

RESUMOAs operações humanitárias têm atraído o interesse da academia e das organizações visto o número elevado na ocorrência de desastres naturais ou produzidos pelo homem. Nesse contexto, este estudo teve por objetivo identificar a percepção dos estudantes acerca da motivação para o voluntariado em Operações Humanitárias e Situações Críticas. Para tanto, utilizou-se de uma pesquisa descritiva quantitativa, realizada com 253 alunos de uma Universidade privada do Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul. Como técnica de análise dos dados foi utilizada a análise fatorial. As principais contribuições do estudo são a validação de conteúdo e empírica do instrumento de coleta de dados e a constatação de que os principais motivadores para atuação voluntária nas operações humanitárias estão conectados aos objetivos altruístas e preocupações humanitárias, além dos ganhos de carreira, fatores sociais e de autorrealização. Palavras-chave:Operações humanitárias; Motivação; Voluntariado. INTRODUÇÃOAs operações humanitárias constituem um campo de estudo relativamente novo, que compreende as atividades relativas à entrega de ajuda humanitária em casos de catástrofes, sendo elas naturais ou causadas pelo homem (KOVÁCS;SPENS 2007 SPENS , 2011; VAN WASSENHOVE, 2006). Assim, mediante a ocorrência de desastres em uma determinada comunidade, as operações humanitárias terão como finalidade a aquisição e entrega dos suprimentos e serviços solicitados, tais como alimentos, água, abrigo temporário e medicina, entre outros, buscando a sobrevivência humana (MASKREY, 1993).A importância deste campo de estudo reside no fato de que os desastres têm ocorrido com maior frequência nos últimos anos, e, a exemplo dos tsunamis ocorridos no Oceano Índico em 2004 e do terremoto ocorrido no Haiti em 2010, não há preparação suficiente no que diz respeito à entrega de ajuda humanitária, sobretudo em locais distantes e com pouca estrutura (ALTAY; GREEN III, 2006). Ademais, de acordo com Thomas e Kopczak (2005), a previsão para os próximos 50 anos é de que o número de desastres naturais e provocados pelo homem aumentará em cerca de cinco vezes, o que fomentará ainda mais o interesse acerca do assunto.O Brasil, apesar de ter ostentado por anos o título de um país isento de desastres -visto a não ocorrência de furacões, maremotos e erupções vulcânicas (BATAGLIN; ALEM, 2014) constitui, na atualidade, um dos dez países com maior número ocorrências de desastres naturais do mundo, de acordo com o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas Sobre Desastres -CEPED da Universidade Federal de Santa Catarina (2013). As enchentes e secas, ocorridas em diversas regiões do país, somados à ocorrência extraordinária de furacões ou ciclones tropicais e aliados às epidemias e aos desastres causados pelo homem, como grandes incêndios, tem desmistificado a ideia de que o país não necessita de investimentos na área de operações humanitárias (BATAGLIN; ALEM, 2014). Apesar dessa importância crescente, contudo, poucos são os estudos referentes à área de operações humanitárias no...