Violência pós-morte contra travestis de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil

Abstract

Este artigo busca descrever e analisar as violências vivenciadas pelas travestis em suas trajetórias (que, muitas vezes, culminaram em seus homicídios), direcionando o olhar para as violências que continuam mesmo após a morte. A intenção é compreender um tipo de violência que se manifesta na normalização de gênero pós-morte que busca apagar a história e os rastros da existência travesti. Trata-se de estudo baseado em metodologia qualitativa, por meio de pesquisa etnográfica. A etapa etnográfica deste artigo ocorreu entre os meses de setembro de 2019 e fevereiro de 2020, sendo decorrente do assassinato de cinco travestis. Os resultados indicaram a existência de um dispositivo de normalização pós-morte que atua contra o desejo final das travestis, negando-lhes uma morte digna.

Acesso aos cuidados em saúde de travestis e mulheres transexuais no Brasil

“…Tal fato pode fazer com que a sociedade seja mais permissiva em relação às violações de direitos humanos desse grupo incluindo a área da saúde. O número de assassinatos de travestis e mulheres transexuais mostra como essas pessoas são alvos fáceis da violência que continua mesmo após a morte das travestis com o apagamento de suas identidades como relatado por Souza et al (2021).…”

“…Souza et al (2021) em pesquisa etnográfica estudaram a violência pós-morte contra travestis numa cidade do sul do Brasil apontaram a existência de uma normalização de gênero para masculino no pós-morte que tenta apagar a história da existência travesti. Participaram do estudo 26 travestis e foi analisada a ocorrência de cinco assassinatos de travestis naquela cidade num período de cinco meses.…”

Os desafios enfrentados pela população LGBTQIA+ em um ambiente público em Belém/Pará: relato de experiência

“…Porém, a categoria dos transgêneros, composta pelos transexuais e travestis, não foi incluída nesse processo. Sabe-se que as violências sofridas pelos trans e travestis persistem mesmo após a morte, quando lhes são negados o uso do nome social e a identidade de gênero dessas pessoas na Declaração de Óbito não são respeitados (Souza et al, 2021).…”

Questões sobre gênero: novos paradigmas e horizontes

“…Apesar disso, é possível apontar o compartilhamento da leitura social de "anormalidade" de tais experiências. Tal leitura advém da cisão da cisnormatividade e tem como consequências as diversas formas de violênciaestrutural, simbólica, patrimonial, sexual, psicológicas e físicas (Souza, Miskolci, Signorelli, Balieiro & Pereira, 2021;York, Oliveira & Benevides, 2020;Zabala, 2020;Lima, 2020;Soares Parente, Moreira & Alencar Albuquerque, 2018).…”