A incompatibilidade entre mulheres negras e brancas no movimento feminista, marcaram um grande momento dentro do movimento. Essas mulheres viviam uma mesma época histórica, mas não experenciavam das mesmas opressões. Isso significa que a dominação das mulheres, se passava dentro de um contexto muito mais amplo, do que somente a desigualdade de gênero, abarcando também questões como: raça e classe. Na sua criação, as pautas feministas não consideravam a situação de vida de mulheres negras e pobres e enfocavam quase sempre na luta por direitos que atingiriam as mulheres brancas de classe média. Essas mulheres reivindicavam direitos políticos e espaços no mercado de trabalho para conquistarem sua autonomia financeira, ao mesmo tempo que as mulheres negras que sempre trabalharam, ocupavam a base da pirâmide econômica, e sendo assim, obviamente, esses privilégios requeridos pelas feministas brancas não as atingiriam. A temática da violência contra mulheres negras, por exemplo, é uma das pautas essenciais para se pensar nas diferenças existentes entre as vivências das mulheres como um todo. Acontece que as mulheres negras, desde o início da história mundial e mesmo após a abolição da escravatura, foram silenciadas e vinculadas a escravidão, ao sexo e a pobreza, o que potencializa ainda mais a opressão. A mulher negra, pobre, da periferia é a que mais perece os efeitos da culpabilidade branca. Nesse interim, um espaço para discutir a interseccionalidade entre classe e raça foi criado. Ficou claro a partir daí que o movimento feminista necessitava ser muito mais do que a busca por igualdade no mercado de trabalho. Era necessário que houvesse uma reestruturação de toda a sociedade na busca de uma nação fundamentalmente antissexista. Para tanto, o movimento feminista deveria ser consolidado em uma base de consciência crítica que discutisse a interseccionalidade de gênero, raça e classe, firmado em uma sororidade verdadeira, além da necessidade de reconhecimento e entendimento de como o capitalismo, havia colaborado para manutenção do sistema sexista e opressor das minorias. A proposta a partir daí seria pensar em uma teoria feminista que pudesse condenar a dominação racista, classista e sexista na busca pela verdadeira libertação de mulheres brancas e negras da dominação patriarcal.