Este artigo se esboça no campo da arte e da desrazão a partir da perspectiva filosófica pós-estruturalista de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Busca apresentar a obra da multiartista Solange Gonçalves Luciano, intitulada Vestes Falantes, realizada junto à Oficina de Criatividade do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre/RS. Procura também expandir o papel das artes e das vestes, ao investigar como as matérias pesquisadas são capazes de estabelecer uma micropolítica que afirma a vida. A moda, quando entendida como um dispositivo capaz de movimentar os estratos sociais, atua como produtora de modos de vida. O dispositivo mencionado refere-se ao conjunto de práticas que utiliza a roupa como possibilidade inventiva. Por meio desta, outros modos de pensar foram operados, outras imagens vitais para criação de saberes e fazeres foram inventadas numa produção de camadas invisíveis, mas produtoras de linhas visíveis. O referencial teórico da pesquisa, por meio de revisão de literatura, se sustenta em autores que olham para as formações históricas e dialogam com a filosofia, a psicologia, as artes e a moda. A pesquisa se dispõe a construir um pensamento transversal por intermédio do método cartográfico de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Traça com o meio social, os objetos, as coisas, as imagens, novas aprendizagens e possibilidades de vida, na qual as Vestes Falantes criadas pela artista são formas sensíveis referentes a sensação, subjetivações, as quais foram chamadas de pinturas de si e compõem a artesania da sua existência.