Ao reler as entrevistas realizadas para minha pesquisa de doutorado, identifiquei um fator presente em todo o texto da tese como preocupação de fundo, embora nunca claramente enunciado (Castro, 2013). Trabalhadores homens e mulheres do setor de Tecnologia de Informação (TI) 1 então entrevistados me contavam, nas entrelinhas de suas histórias de vida, sobre a incapacidade de interromper suas trajetórias produtivas, fosse essa interrupção para cuidar da saúde, tirar licença-maternidade, desfrutar do descanso remunerado nos finais de semana, feriados e férias, ou mesmo para se aposentar.Apesar da heterogeneidade de interrupções possíveis em uma trajetória de trabalho, recortadas por sexo, idade 1 Nomeio de setor de TI o conjunto de práticas, ofícios e indústria de produção de softwares e oferta de serviços informáticos. Os profissionais entrevistados são pessoas que se identificaram como trabalhadores de TI e estão relacionados a essas atividades (ex. análise de sistemas, de rede, planejamento de infraestrutura, webdesign etc.). * Os dados analisados neste artigo derivam da pesquisa de doutorado em Ciências Sociais, Afogados em contratos: o impacto da flexibilização do trabalho nas trajetórias dos profissionais de TI, realizada com o apoio da Capes.