Os incêndios florestais apresentam efeitos adversos ao planeta, como fragmentação florestal, perda de biodiversidade, poluição do ar e ameaça à vida e à saúde humana. No entanto, a ecologia do fogo atesta que o fogo é também um evento ecológico, dinâmico e indispensável para a sobrevivência de determinados ecossistemas. Devido a essa ambiguidade, esta revisão teve como objetivo sintetizar informações técnicas, literárias e científicas que auxiliem no entendimento das relações entre os ecossistemas e os incêndios florestais. Assim, foram abordados assuntos diretamente ligados à ecologia do fogo, como a dinâmica dos regimes de fogo, o comportamento do fogo, a relação entre os incêndios florestais e as emissões de carbono no Brasil. Mediante as informações compiladas, percebe-se que o fogo é indispensável para a sobrevivência de muitas fitofisionomias brasileiras existentes, principalmente no Cerrado, Pantanal e Pampa. Uma série de adaptações de espécies vegetais presentes em ambientes influenciados pelo fogo foram apresentadas. Também foi investigado o papel das variáveis no comportamento do fogo e como os incêndios estão relacionados às alterações climáticas. Estima-se que queimas não associadas ao desmatamento totalizaram 3,16 GtCO2 de emissões imediatas entre 1990 e 2020, sendo um dos principais contribuintes para emissão de gases de efeito estufa. Diante desse contexto, esta revisão ressalta a importância do desenvolvimento de políticas públicas para efeitos de curto e longo prazo de maneira a popularizar a conservação e o uso sustentável do fogo em ecossistemas propensos a ação dele.