As doenças mais freqüentes da esclera são de caráter inflamatório, sendo divididas em episclerite e esclerite. A episclerite é doença benigna, autolimitada, com inflamação do tecido episcleral superficial, ao passo que a esclerite é doença grave, progressiva, com inflamação dos tecidos episcleral superficial, profundo e escleral. A associação da episclerite e esclerite com doenças sistêmicas reumatológicas requer investigação sistêmica dos pacientes com inflamação escleral.
RESUMODescritores: Esclerite/diagnóstico; Esclerite/quimioterapia; Inflamação; Esclera/patologia; Infecções oculares bacterianas/diagnóstico; Infecções oculares bacterianas/quimioterapia; Doenças auto-imunes/diagnóstico; Artrite reumatóide/complicações; Corticosteróides/uso terapêutico; Prednisolona/ uso terapêutico; Diagnóstico diferencial; Resultado de tratamento
ANATOMIA E FISIOLOGIAA esclera constitui os 5/6 posteriores da túnica externa do globo ocular, com conformação esférica de 22 mm de diâmetro. Apresenta um orifício anterior que se continua com a córnea e um posterior para entrada do nervo óptico. Sua espessura é variável a depender do ponto anatômico: próximo ao nervo óptico -1mm; equador -0,5 mm; anterior -0,8 mm; porção posterior das inserções dos músculos retos -0,2 mm.As camadas da esclera são episclera, estroma e lâmina fosca. A episclera é constituída por tecido conjuntivo vascular denso que se origina do estroma escleral superficial e da cápsula de Tenon que a recobre. O estroma escleral, é constituído por fibras colágenas (10 -15 µ de espessura e 100 -150 µ de comprimento) dispostas no padrão em xadrez irregular paralelo à superfície do globo. A lâmina fosca, camada mais interna, está em íntimo contato com a úvea e apresenta células pigmentadas.A vascularização da episclera é oriunda do plexo episcleral superficial e profundo. O estroma escleral é avascular e o suprimento sanguíneo é dependente do plexo episcleral e da circulação da coróide. A camada episcleral superficial tem configuração radial e apresenta vasoconstrição com uso tópico de fenilefrina a 10%. O plexo vascular profundo recobre a esclera e não apresenta resposta vasoconstritora com fenilefrina a 10%. As veias episclerais realizam a drenagem sanguínea dos capilares episclerais e limbares.A inervação de esclera é realizada pelos nervos ciliares posteriores longos e curtos, ramos do trigêmeo.A função da episclera é de suporte nutricional da esclera, revestimento sinovial escleral e resposta inflamatória às agressões da esclera. A principal função da esclera é de proteção do conteúdo intra-ocular, sendo resistente e elástica. Possui atividade metabólica baixa, com nutrição através da vascularização episcleral e coroidal, sendo permeável à H 2 O, glicose e proteína. A opacidade da esclera é devido à maior birrefringência das fibras esclerais, irregularidade de intervalos entre as fibras, variação maior no