Uso popular de recursos vegetais e perfil socioeconômico de moradores de comunidades rurais de Sinop, Mato Grosso, Brasil

Abstract

As plantas são essenciais à sobrevivência humana porque as utilizamos durante muitos anos para suprir as nossas mais diversas demandas. O estudo da relação entre homem e planta é importante para resgatar o conhecimento tradicional sobre a utilização dos recursos vegetais, possibilitando a transmissão dessas informações entre gerações. O objetivo da pesquisa foi apresentar o perfil socioeconômico dos moradores de comunidades rurais no município de Sinop, Mato Grosso, descrevendo o uso popular dos recursos vegetais coletados e cultivados, estabelecendo a relação sociocultural e econômica entre as famílias botânicas e os entrevistados. A metodologia foi baseada em levantamento de campo através da técnica de lista livre e questionário semiestruturado, utilizando o processo de seleção Bola de Neve. Foi usada análise de regressão linear simples para verificar se a renda explica o número de plantas citadas. As comunidades estudadas foram: Brígida, 11 de Julho, Adalgisa, Agrovila (Gleba Mercedes 5), Planalto, Bom Jardim e Monalisa, com o total de 226 pessoas entrevistadas. Foram citadas 2.885 plantas, sendo 217 espécies em 70 famílias botânicas distintas. As pessoas de origem da região Sul do país e aquelas com idade superior a 50 anos conhecem maior quantidade e plantas. A análise de regressão revelou que a renda pode explicar a quantidade de plantas citadas pelos entrevistados. O uso de plantas fornece qualidade de vida aos entrevistados, pois são importantes fontes de recursos alimentícios e medicinais, garantindo a subsistência deles, porém a transmissão de conhecimentos entre as gerações está sendo perdida.

Que fatores socioeconômicos influenciam a dinâmica da Ecologia Humana nos saberes etnobotânicos de comunidades circunscritas no Semiárido Mineiro?

“…Albuquerque et al (2011) identificaram uma tendência de idosos mostrarem maior riqueza de conhecimento quanto aos recursos vegetais do que pessoas mais jovens, com o número de plantas sendo proporcional à idade: quanto maior a idade do entrevistado, maior o número de plantas citadas. As pessoas mais velhas aprenderam sobre os usos dos recursos vegetais com seus ascendentes, majoritariamente mães e avós que outrora desempenhavam papéis de cuidadoras (SZERWIESKI et al, 2017).…”

“…Afunilando o olhar dessa relação com as plantas vemos que os conhecimentos, usos e práticas são bastante diversificados, seja no que tange a sua utilidade na esfera alimentar (fontes: nutricional humana e animal), estética (plantas ornamentais) ou na saúde (plantas medicinais), envolvendo vários grupos sociais e culturais altamente diversas (TROTTA et al, 2012). De acordo com Amorim et al (2003), o uso dos recursos vegetais pelas comunidades locais é resultado de uma série de influências culturais, trazidas há séculos pelos colonos europeus, indígenas e africanos.…”

Oficinas Sobre Plantas Alimentícias Não Convencionais Em Um Centro De Referência De Assistência Social

“…Em todo o território brasileiro existem comunidades tradicionais e de pequenos agricultores que praticam a agricultura familiar, cultivando em pequena escala uma ampla diversidade de espécies vegetais. Esse cultivo é importante para essas comunidades, pois os produtos são oferecidos no pequeno comércio, auxiliando na renda familiar, e parte do que é produzido serve para a subsistência (SPANHOLI; BARRETO, 2018).…”

“…A diversidade biológica do Estado de Mato Grosso está intimamente relacionada com a própria extensão territorial, privilegiada com a complexidade de biomas e rica diversidade étnica e cultural, os quais favorecem estudos na área (ALBUQUERQUE; ALVES; ARAÚJO, 2007). No Mato Grosso, os conhecimentos e informações que perduram sobre essas plantas são passados de geração para geração em todas as comunidades (indígenas, ribeirinhas, quilombolas, pantaneiras) e no próprio meio urbano, contribuindo para a riqueza cultural, econômica, social e biológica (SPANHOLI; BARRETO, 2018).…”

Caracterização de quintais e aspectos socioeconômicos de moradores que cultivam plantas medicinais em um assentamento rural

“…De forma geral, quando um grupo de pessoas reside há mais tempo em uma comunidade, passa a vivenciar maior contato com outros residentes, adquirindo, aos poucos, saberes daqueles com os quais se relacionaram. E, ainda, a interação com os recursos naturais de um determinado local também é maior, pelo fato de o entrevistado morar na região há um período prolongado de tempo(Spanholi & Barreto, 2018).…”