O foco deste estudo é a socialização estudantil no Ensino Superior no entendimento docente, como fenômeno social e intersubjetivo significante na formação acadêmica. Utilizou-se uma metodologia qualitativa combinando análise de conteúdos narrativos e a inspiração teórica da fenomenologia social para a interpretação dos relatos. Os conteúdos foram compilados de entrevistas estruturadas realizadas com docentes universitários do Centro de Educação da UFRN. A socialização estudantil universitária, além de ser definida como período de prolongamento da escolaridade de indivíduos até o Ensino Superior, é entendida como processo cotidiano de internalização de normas, de interação social e de pertencimento a grupos sociais, no qual a atuação dos professores é crucial. Mas o entendimento docente da socialização estudantil convive com uma ambiguidade: os professores respeitam e incentivam a socialização com fins cognitivos; mas, ao mesmo tempo, desconhecem a realidade da vida cotidiana dos estudantes, e muitos se distanciam de modos de favorecer a socialização acadêmica afetiva e social. Simultaneamente, docentes e estudantes têm consciência de que eles não são somente consociados solidários no Ensino Superior, mas também são atores sociais e agentes educacionais interativos. A importância de estudos sobre a socialização é a de que os seus achados poderiam contribuir para se superar a “invisibilidade” fenomenológica da vida social comum dos estudantes no mundo acadêmico. Além de reforçar vínculos de pertencimento e de sentido cognitivo-afetivo, para docentes e estudantes, uma compreensão das características cotidianas da socialização estudantil provocaria novas inspirações para metodologias de ensino que também fossem mais críticas, inclusivas, sustentáveis e participativas.