Um método chamado Pinotti: sal medicamentoso, malária e saúde internacional (1952-1960)

Abstract

Analisa a criação, a recepção e o abandono do método Pinotti de combate à malária: sal de cozinha misturado com cloroquina. Idealizado no início da década de 1950 pelo malariologista brasileiro Mario Pinotti como ação profilática e terapêutica contra a malária, foi testado durante a primeira metade daquela década e utilizado no Brasil entre 1959 e 1961, como parte da campanha de erradicação da malária coordenada pela Organização Mundial da Saúde. Conquistou reconhecimento no cenário internacional da saúde, sofreu críticas e foi testado em outros países até meados dos anos 1960. Argumentamos que, no Brasil, o abandono foi devido, sobretudo, ao ocaso político de seu criador, a partir de 1960.

Brasil isn't only disease: Juscelino Kubitschek and the search for a new image of Brazil

“…The US origins and the actions of the Serviço Especial de Saúde Pública (Special Public Health Service) (SESP) made this organization a target for the criticism of the "developmentalists" (Campos 2006). The doctor and malariologist Mário Pinotti, Juscelino Kubitschek's Minister of Public Health from 1958 to 1960, is the figure who is highlighted as the best expression of the vertically-and technologically-oriented programs, especially those for the eradication of diseases (Hochman 2007;Silva 2008;Silva and Hochman 2011). …”

“…For a brief biography of Mário Pinotti, see Hochman, 2007. For more general aspects of his medical-political trajectory see Silva, 2008;2015;Hochman 2008;Silva and Hochman 2011. 9. This number of cases, mentioned in various presidential speeches after 1945, did not come from either research or national censuses.…”

Malária: Dos velhos fármacos aos novos alvos moleculares

“…Uma campanha nacional de erradicação baseada na pulverização de diclorodifeniltricloroetano (DDT) e tratamento dos casos febris com cloroquina foi lançada pelo governo nos anos 50, conforme recomendações da OMS. Em 1952, um método de profilaxia medicamentosa -o sal cloroquinado-idealizado por Mário Pinotti, diretor do Serviço Nacional de Malária, foi instituído experimentalmente em trabalhos de campo na tentativa de solucionar o problema endêmico da Amazônia (SILVA; HOCHMAN, 2011). Essas campanhas conseguiram conter a malária, pois na década seguinte registrou-se o menor número de casos (OLIVEIRA-FERREIRA et al, 2010).…”

“…Cerca de 15 a 200 esporozoítos são injetados por um único mosquito infectado (AMINO et al, 2006;GUEIRARD et al, 2010;SILVIE et al, 2007). No sistema circulatório, após cerca de 60 minutos os esporozoítos invadem os hepatócitos, iniciando assim o ciclo exoeritrocítico.…”

Plasmodium vivax malaria elimination: should innovative ideas from the past be revisited?

“…As a result of its strong bitterness, many people discarded the supplemented salt before a sufficient amount of the drug was consumed (PL Tauil, unpublished observations); insufficient consumption of drugs is a known risk factor for the development of drug resistance. For this reason, after the first trial, Pinotti was concerned about the possibility of antimalarial resistance, which manifested years later in P. falciparum (da Silva & Hochman 2011). This result was crucial for abandoning this strategy.…”