Um estudo de Arqueologia Regional no médio curso do rio Tocantins, TO, Planalto Central brasileiro

Abstract

Este artigo apresenta alguns dos resultados da pesquisa realizada na bacia do córrego Água Fria, médio curso do rio Tocantins, TO, Brasil. Teve como objetivo identificar os sistemas de assentamento dos grupos sociais que ocuparam a área ao longo do tempo e a forma como esses grupos organizaram o espaço interno de suas áreas de habitação e de atividades. Isso implicou na realização de levantamentos sistemáticos em âmbito regional e intervenções nos 38 sítios arqueológicos identificados. Como resultado elaboramos um modelo interpretativo de organização e uso deste espaço desde há 12.000, quando inicia a ocupação da área por grupos de caçadores e coletores, até o advento dos grupos ceramistas agricultores. Suas conclusões contribuem para as discussões sobre as rotas de povoamento antigo e o surgimento, deslocamentos e crescente complexidade sociopolítica que teria ocorrido entre as sociedades de ceramistas agricultores do Brasil Central e das regiões vizinhas.

Os vazanteiros, a agricultura de vazante e as barragens da destruição no Médio Rio Tocantins: perspectivas etnoecológicas

“…Os geógrafos Júlio Paternostro (1945), Lysias Rodrigues (1945) e Fátima Oliveira (2008) e os arqueólogos Walter F. Morales (2007), Bueno (2005) e Pedreira e Zimmermann (2014) evidenciam a existência desse cultivo como remoto nesse horizonte amazônico. Remanescente das primeiras formas agrícolas incrementadas pelos povos primeiros [caçadores-coletores] e reproduzido historicamente pelos modos de vida às margens do rio Tocantins, a exemplo dos vazanteiros-pescadores.…”

Arqueologia da paisagem aplicada ao estudo dos sítios arqueológicos na bacia do rio Turvo-Grande, região norte do estado de São Paulo

“…O processo cíclico de reocupação traz fortes implicações na configuração dos assentamentos e habitações. Traduzidos muitas vezes na expansão e contração das aldeias indígenas, este processo demonstra que a disposição das habitações está, em alguns casos, em lenta e contínua movimentação, gerando mudanças consideráveis no registro arqueológico que incorpora esses movimentos, misturando-se evidências materiais de tempos diferenciados (MOI, 2007;MORALES, 2007;SCHIFFER, 2010). O resultado desse processo sistêmico é o "superdimensionamento de área e população de um sítio, mascarando os padrões de organização espacial e de utilização interna dos assentamentos" (MORALES, 2007, p. 85).…”

“…Nossa proposta é debater amplamente nossos dados regionais com outras áreas de estudos, tanto no âmbito arqueológico quanto no de história de ocupação regional. (MOI, 2007;MORALES, 2007;SCHIFFER et. al., 2010).…”

“…Velho II excluem a hipótese de tratar-se de uma antiga área de habitação. A baixa densidade de material arqueológico sugere tratar-se de pequenos abrigos próximos aos caminhos ou trilhas e às margens de rios (POSEY, 1979) ou áreas de atividades específicas interconectadas com as áreas de habitação (BINFORD, 1982;MORALES, 2007). margens não revelaram objetos arqueológicos móveis, provavelmente, porque as águas da represa não estavam recuadas suficientemente para que esses materiais fossem evidenciados, como no ano de 2009. No entanto, a ênfase do monitoramento foi dada ao georreferenciamento dos blocos de basalto com possíveis marcas de amolador, como apresentados nas Fotos 4 e 5.…”

“…áreas de atividades específicas como a pesca(MORAIS, 1999;MORALES, 2007), interconectadas com áreas de habitação, pressupõem um modelo de interação ambiental já bastante conhecido(BINFORD, 1982). Ponderamos que alguns relatos históricos, como os compilados por Florence (1875), citam a existência de pequenos ranchos kayapós que podem correlacionar-se aos dados arqueológicos mencionados.…”