Tratamento restaurador atraumático em dentes permanentes: uma revisão integrativa da literatura

Abstract

Introdução: A Odontologia de Mínima Intervenção (MI) é uma filosofia de tratamento que considera o manuseio de lesões cariosas com técnicas conservadoras. Entre elas o Tratamento Restaurador Atraumático (ART). Esta pesquisa buscou revisar a literatura acerca da longevidade do ART com cimento de ionômero de vidro de alta viscosidade. Metodologia: Trata-se de um estudo de revisão integrativa da literatura em que os dados foram coletados a partir de estudos primários, por meio de análise sistemática qualitativa, seguindo os parâmetros do PRISMA. A partir da pergunta norteadora: “Qual é a longevidade das restaurações atraumáticas em dentes permanentes?” por meio dos critérios PICO, utilizando a base de dados PubMed. Resultados: Coleta de artigos, extração de dados. Foram selecionados 12 artigos entre os anos de 2005 e 2020 que se enquadraram ao tema. Países como Brasil e China foram os mais participativos. Foram encontrados resultados favoráveis quanto a utilização da técnica ART, em que o CIVAV apresentou resultados comparáveis à RC e superiores aos CIVs convencionais num período de acompanhamento de 1-5 anos. As marcas mais utilizadas nos estudos foram Maxion, Fuji II, Vitremer e Filtek. Uma das principais causas de falha foram perda do material/desgaste. Conclusão: foi possível concluir que apesar da heterogeneidade (quanto à melhor técnica e melhor material a ser utilizado), a ART possui bons resultados comparados a técnica convencional, não apresentando grandes diferenças significativas, e o CIVAV se equipara em sobrevida e sucesso à RC. Entretanto, a substituição pelos CIVs convencionais não assegura os mesmos resultados.

Tratamento restaurador atraumático, uma técnica viável para o sistema público de saúde

“…Na década de 80, na Tanzânia, país situado na África, Frencken constatou que uma grande parte populacional era desassistida de atendimento odontológico, fosse por questões financeiras ou mesmo por não possuir de artifícios que contribuíssem para que a odontologia convencional fosse executada, como por exemplo, a ausência de energia elétrica. Com a proposta de deselitizar a odontologia, para torná-la includente e de driblar esses obstáculos com objetivo de propagar de forma mais ampla a assistência bucal à essas pessoas, foi idealizado o ART, por se tratar de uma técnica restauradora e preventiva de mínima intervenção e que utiliza instrumentos puramente manuais, o que não se faz necessário equipamentos elétricos (Lima et al, 2008;Pazuch et al,2014;Navarro et al,2015;Tavares al.,2015;Asakawa et al,2017;Dorri et al,2017;Saber et al, 2019;Novais et al, 2022). A idealização do Tratamento Restaurador Atraumático ofertou às populações de diversas classes sociais um tratamento odontológico restaurador definitivo, de mínima intervenção e que não depende do âmbito clínico para ser executado, podendo ser realizado em locais de maiores demandas, como escolas, comunidades indígenas, zonas rurais e etc.…”

“…O tratamento restaurador atraumático (ART) é uma estratégia incumbida na filosofia do tratamento de lesões cariosas, que preconiza uma odontologia minimamente invasiva, com condutas preventivas, educativas e restauradoras, objetivando promover, recuperar e manter a saúde integral da população (Lima et al 2008;Navarro et al,2015;Tavares et al,2015;Novais et a., 2022). Portanto, a sua idealização foi pautada em minimizar a quantidade de endodontias e de exodontias que eram realizadas nas populações carentes.…”

“…Preconiza-se o uso apenas de instrumentos cortantes manuais para a remoção da dentina mais superficial (infectada) com caráter de irreversibilidade e com alto potencial cariogênico e dispensa o uso de anestesia, preservando a dentina mais profunda (afetada) por ser passível de remineralização e restauração imediata utilizando o cimento de ionômero de vidro (CIV) de alta viscosidade (Figueiredo et al 2004;Lima et al 2008;Dutra et al, 2015;Tavares et al,2015;Pinheiro et al 2016;Dorri et al,2017;Moura et al,2017;Novais et al, 2022). Logo, o uso de eletricidade e equipamentos rotatórios odontológico não se faz necessário.…”

“…Visando obter um material que aumente as taxas de sobrevida das restaurações do ART, foi criado o Glass Carbomer (carbômero de vidro). Quimicamente assemelha-se com CIV convencional, mas possui diferença nas partículas de pó nanométricas e a presença de fluorapatita na composição, o que reforçam o material quando usado em restaurações e é dependente de fonte de calor, advinda da fotopolimerização, para obter presa, sendo assim, uma modificação da técnica (Lopes et al, 2016;Faridi et al, 2018;Júnior et al, 2022). 2018) enfatizam que estudos aprofundados ainda precisam ser realizados, mas já fica evidente a introdução no mercado de um produto que vem com a proposta de satisfazer a principal limitação do CIV convencional, que são restaurações de faces múltiplas.…”