Argumento, seguindo a perspectiva de Amie Thomasson acerca da metafísica da ficção, que os objetos ficcionais são artefatos abstratos. No entanto, o artefactualismo encontra dificuldades em fazer sentido das propriedades que podemos atribuir corretamente a um objeto ficcional: como é possível que um personagem ficcional, como L. B. Jefferies do filme Janela Indiscreta, seja um fotógrafo e um artefato abstrato ao mesmo tempo? Tal personagem pode fazer algo como investigar um crime? A fim de solucionar essa tensão conceitual, introduzo o vocabulário desenvolvido por Andrea Bonomi que trata dos proferimentos ficcionais, metaficcionais e paraficcionais. Então, em oposição às perspectivas que usam a noção de faz-de-contas para analisar o discurso ficcional, apresento a teoria dos adjetivos modificacionais de Hans Kamp e Barbara Partee e argumento que os usos que fazemos do adjetivo ‘ficcional’ são intersectivos no que diz respeito à metafísica dos objetos ficcionais, enquanto são privativos no que diz respeito às propriedades que lhes são atribuídas de acordo com a história. Consequentemente, apesar dos objetos ficcionais não exemplificarem as propriedades que lhes são atribuídas em uma história, uma vez que artefatos abstratos não têm localização espacial e não podem estabelecer interações causais com outros objetos, essas são as propriedades que temos permissões e somos obrigados a lhes atribuir. Assim, apresento uma perspectiva unificada sobre como as nossas práticas de ficção são inteligíveis e estão de acordo com a perspectiva artefactual.