“…Eles versam, de modo geral, sobre a produção da morte em populações nativas pelos impactos de grandes projetos ligados à mineração e à expansão do agronegócio (PEDRO e SANTOS, 2018;PENIDO, 2018;MONDARDO, 2019), o problema da "seletividade penal" e do racismo no sistema prisional (CARVALHO, 2018;REBOUÇAS e SANTOS, 2018;UZIEL et al, 2018), políticas públicas de saúde sobre populações vulneráveis NETO, 2018;MATOS e TOURINHO, 2018), o controle técnico-burocrático do Estado sobre a vida dos mortos (MEDEIROS, 2017(MEDEIROS, , 2018, entre outros. No entanto, a maior parte deles se debruça sobre facetas específicas da violência sobre a vida dos vivos, em especial no tocante à dimensão de gênero (RUCOVSKY, 2015;BENTO, 2018;CAVALCANTI et al, 2018;GOMES, 2018;STEFANI MEDEIROS, 2019) e, sobretudo, à dimensão racial das mortes produzidas pela letalidade violenta (ALVES, 2011;RIBEIRO JÚNIOR, 2016;BERTRANI GOMES, 2017;MIRANDA, 2017;CARDOSO, 2018). Grosso modo, todas essas obras se relacionam, de uma maneira maior ou menor, com a ideia contida em Mbembe (2018a) sobre uma (necro)política centrada na produção da morte em larga escala -o que talvez sinalize um dos traços fundamentais da contemporaneidade como um mundo em crise sistêmica segundo o autor.…”