Necropolítica: Uma pequena ressalva crítica à luz das lógicas do ‘arrego’

Abstract

O artigo objetiva apontar alguns limites quanto ao uso da noção de “necropolítica” no tocante à leitura da letalidade violenta. Como referência para análise, proponho analisar o problema das mortes ocasionadas por intervenção policial em duas escalas: uma local, referente a um “caso” ocorrido no Morro da Providência; outra mais ampla, que diz respeito à lógica espacial das mortes ocasionadas pela polícia na metrópole carioca. Defendo a ideia de que tal problema possui particularidades no Rio de Janeiro, não sendo possível universalizar os significados da morte quando pensamos na chave específica das ações letais praticadas pelo Estado.

The analytic gradient of fear of crime : an emotional structuring of the topic from a Latin American literature review

“…17 -n o 1 -2024 -e 57668 André Luiz Gomes Soares living in peripheral areas such as favelas, which is recognized as the Brazilian profile that suffers most from violence (RIBEIRO; CANO, 2016;WAISELFISZ, 2012;VARGAS, 2013). 15 These interests based on differential control, mainly by the state, of favela territories, attribute contingent meanings to political commodities (MISSE, 2007) involved in illegalism, which puts tension in the common use of the term "necropolitics" to address the deaths of criminal subjects in these contexts (RODRIGUES, 2021). 16 This interpretation simultaneously attributes to the studies in this part of the analytical gradient the indication that social representations of fear affect people's subjectivities and recognizes that this possibility is central to expanding the analytical proposal of this article to a way of observing empirical reality.…”

O palco suplicial de uma guerreira: o estigma de ser mulher de preso em um episódio de linchamento virtual

“…O público quer definir basicamente se sua morte foi justa e esse julgamento depende de sua matabilidade, ou seja, da vulnerabilidade causada pelo desejo dos outros de sua morte. O desprezo por pessoas consideradas descartáveis para vários setores da população pode ser pensado como uma expressão da necropolítica, quando a morte ganha destaque nas formações políticas (MBEMBE, 2018;RODRIGUES, 2020). No universo prisional, acaba-se por contagiar familiares de presos e outros atores com perfis socioeconômicos similares pela matabilidade das pessoas representadas como bandidos (WERNECK et al, 2021b) em decorrência do processo de sujeição criminal (Misse, 2023(Misse, [1999) ao qual elas são submetidas.…”

Ainda construção e já ruína: para uma antropologia dos urbanismos globais

“…A beleza artificial de Nova York para Lévi-Strauss se converte, na visão de Certeau, em uma perspectiva privilegiada para se apreender os dispositivos de poder incorporados na prática do urbanismo sob o capitalismo que lhe era contemporâneo. A cidade é feita dos espaços dos planejadores e dos itinerários pedestres, mas também das calçadas irregulares e múltiplas gambiarras, das pequenas territorialidades de soberanias fragmentadas, dos mediadores, lideranças, despachantes, gatos e gatilhos nas infraestruturas dos serviços públicos, pelos esquemas de troca de mercadorias políticas que se territorializam e institucionalizam ALVES, 2019;MISSE, 2007;RODRIGUES, 2021) e das "pessoas como infraestrutura" (SIMONE, 2004), os múltiplos atravessadores de esquemas oficiais e informais, ilegais e consolidados, que vão desde guardadores de carros até os grandes esquemas das milícias contemporâneas.…”