Trajetórias do sagrado

Abstract

Neste artigo pretendo analisar algumas tendências de transformação na atualidade do campo religioso brasileiro, captadas por vários pesquisadores, entre os quais me incluo, sobre trajetórias religiosas individuais, duplicidades e multiplicidades religiosas. De início, contudo, pretendo resgatar algumas análises do fenômeno religioso na modernidade realizadas por um autor que, apesar da reconhecida importância de sua obra, é pouco mencionado e conhecido entre nós: Ernst Troeltsch, notável historiador alemão da religião e originalmente teólogo, contemporâneo e interlocutor de Max Weber. Não há traduções de seus textos para o português, a não ser alguns pequenos excertos de sua obra mais conhecida, sobre os conceitos de igreja e seita, publicados em coletâneas e revistas 1 . No entanto, fugirei da discussão sobre a distinção institucional entre as formas associativas (igreja e seita) propostas pelo autor, pois ele próprio já as considerava ultrapassadas para explicar a vida religiosa de seu tempo: a religiosidade eclesiástica, em ambas as formas citadas, estaria em crise já em inícios do século XX, embora não acreditasse ele em seu futuro desaparecimento. Sua crise adviria do repúdio ao autoritarismo eclesiástico no moderno mundo cristão, tanto no católico como no protestante, devido sobretudo à preocupação com a realidade imanente trazida pela modernidade

Religião, formação docente e socialização de gênero

“…8-Practioners of Umbanda, an Afro-Brazilian religion that brings together African traditions, Roman Catholicism and American Indigenous beliefs through syncretism (translator's note). 9 -The data concerning religion migration and double religiosity follow what was found by Negrão (2008): 38% and 11% respectively. week, while 85.71% attend to religious rites (masses, services, etc.…”

Ciências Sociais Hoje: Sociologia

“…Processos de pluralização, pelos quais as fronteiras entre as religiões se tornam complicadas e se invaginam (produzindo grupos com perfis semelhantes em religiões diferentes) e se intensifica o trânsito entre elas (não só passagem, mas visitas, peregrinações, temporadas, aprendizados); as relações entre as religiões se multiplicam (ecumenismo e diálogo inter-religioso ou intensificação da competição e surgimento de agonismos e antagonismos entre algumas delas); e reclames por novas formas de regulação estatal da religião emergem (por parte tanto de minorias religiosas como de atores seculares). Pluralismo pode ser visto de modo pouco rigoroso analiticamente -contentando-se com os vários modi vivendi que se arranjam e rearranjam no cotidiano -ou pode dar lugar a reflexões mais conceituais e estruturais sobre o que ocorre com a religião quan-do submetida a profundas e generalizadas condições de pluralização (Burity, 2015;Reesink, 2011;Montero, 2006Montero, , 2016Negrão, 2008a;2008b).…”

A Relação Ser Humano-Natureza No Desencantamento Religioso Do Mundo

“…Por fim, deve-se fazer uma ressalva em relação à análise tanto do desencantamento do mundo no contexto brasileiro quanto a um possível reencantamento, pois é preciso levar em consideração que para alguns acadêmicos (PRANDI, 1996(PRANDI, , 1997GUERRIERO, 2006;NEGRÃO, 2008), o desencantamento religioso do mundo nunca ocorreu no Brasil, portanto, não faz sentido falar em reencantamento. No entanto, segundo Silas Guerriero (2006, p. 51), "[...] o mundo não está encantado da mesma maneira que antes", e para Reginaldo Prandi…”