vi "Não é ofício de poeta narrar o que realmente acontece, e, sim o de representar o que poderia acontecer, quer dizer, o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. (...) Por isso, a poesia é algo de mais filosófica e mais elevada do que a história, pois esta refere ao particular e aquela principalmente ao universal." (Aristóteles, 1991, p.256 ) vii
RESUMONeste estudo, discutem-se os desafios específicos presentes na tradução poética e que são acentuados quando uma das línguas envolvidas é a língua de sinais dado que alguns recursos da poesia das línguas orais, como a ausência de foco nas características sonoras, códigos não primordiais para as línguas de sinais, são a um primeiro olhar intraduzíveis. Por essa razão, buscou-se refletir a cerca da tradução realizando-se um trabalho analítico descritivo com propostas de práticas tradutórias, no sentido língua portuguesa -Libras, envolvendo três poemas de Drummond presentes no livro "A Rosa do Povo", a saber: "A Flor e a Náusea", "Áporo" e "Anúncio da Rosa". A presente pesquisa foi realizada tendo como base os teóricos que abordam a problemática da tradução e, mais especificamente, a estética tradutória brasileira da transcriação. Foi feita também uma explanação sobre a Teoria Geral dos Signos, elaborada por Charles Sanders Peirce, com respeito a iconicidade do signo, objetivando a aplicação nas análises dos poemas fontes e sua respectivas traduções. Acredita-se que as reflexões e exemplos apresentados no decorrer desse trabalho contribuem para ampliar a compreensão da complexidade que existe no percurso tradutório em decorrência da diferença de modalidade e do gênero poético além de suscitar reflexões a respeito da prática e da formação do profissional TILS. Por fim, ressaltamos que a tradução de textos literários para a Libras pode contribuir na constituição da biculturalidade do surdo garantindo acesso à cultura das línguas orais.