Trabalhadoras Rurais E Luta Pela Terra: Interlocução Entre Gênero, Trabalho E Território

Abstract

A construção de relações de gênero nos territórios de luta pela terra (assentamentos e acampamentos), dos trabalhadores e trabalhadoras rurais no Brasil, só pode ser compreendida a partir da processualidade social que os define. As funções sociais das trabalhadoras acampadas mudam uma vez que se transformam em assentadas, o que repercute diretamente na redução do seu espaço político e social. A preocupação que permeia esta interlocução radica na necessidade de desvendar processos estruturais e locais da divisão social e sexual do trabalho, que criam e reproduzem a ideologia hegemônica que por sua vez, direcionam as relações de gênero, com o objetivo de manter o status quo do controle social.

Narratives From Women Rural Workers: The Construction of Subalternity, Hierarchized Spaces and Colonial Domination

“…The interviewee also reproduces a stereotype by saying that, if the woman does not work, it is due to "lack of motivation", even though she previously stated what is the discursive practice of some of the husbands. Garcia (2002) presents a similar situation in his work. The settled rural workers participating in Garcia's research, actively fighting for properties, claim that non-active women do not participate because they do not want to.…”

“…Research on rural workers addresses the struggle for land in settlements and social movements (Costa, Dimenstein, & Leite, 2014;Garcia, 2002;Salvaro, Lago, & Wolff, 2013;Van Der Schaaf, 2003), the social relations of genders and differentiated valorization of the work performed by male and female workers in family farming (Sales, 2007;Silva, & Ribeiro, 2004), in sustainable extraction (Lisboa, & Lusa, 2010;Mendes et al, 2014), and on the rural exodus of young women (Brumer, 2004).…”

“…And, once reproducing this discourse they are agreeing and reinforcing the idea that underlies it. Garcia (2002), after researching about female rural workers, concluded that the notion of women is automatically linked to the private and reproductive spheres, whose activities are not considered work, once they are not paid. The tasks developed in the productive sphere, which can be remunerated, are considered subordinate and complementary, that is, an aid.…”

A Idosa E a Construção Social De Gênero

“…Ao mesmo tempo que as mulheres expressaram certa sensação de inferioridade; incapacidade feminina e insegurança quanto ao espaço público, os homens buscaram reforçar a rejeição à hesitação, destacando pontos positivos da sua produção, mesmo quando descreviam alguma dificuldade. Nem sempre as limitações são identificadas pelas mulheres como impeditivos do gênero, mas como escolhas pessoais, tentando minimizar a posição de inferioridade (GARCIA;JUNIOR, 2002). Este fato não diminui restrições, apenas mascara um pensamento que, dada a evolução da discussão de gênero, já não tem a força e a legitimidade de outrora.…”

Narrativas de Trabalhadoras Rurais: a Construção da Subalternidade, os Espaços Hierarquizados e a Dominação Colonial

“…Pesquisas sobre trabalhadoras rurais abordam a luta pela terra em assentamentos e movimentos sociais (Costa, Dimenstein, & Leite, 2014;Garcia, 2002;Salvaro, Lago, & Wolff, 2014;zVan Der Schaaf, 2003), as relações sociais de gênero e a valorização diferenciada do trabalho realizado por homens e mulheres na agricultura familiar (Sales, 2007;Silva & Ribeiro, 2004) e no extrativismo sustentável (Lisboa & Lusa, 2010;Mendes & Vaz, 2014), e também tratam sobre o êxodo rural de mulheres jovens (Brumer, 2004).…”