Toxoplasmose experimental em coelhas gestantes

Abstract

A toxoplasmose congênita constitui-se numa das formas de maior importância da doença tanto em humanos quanto em animais domésticos, e que se manifesta com maior freqüência durante os dois primeiros trimestres da gestação. Por outro lado, quando adquirida no terceiro trimestre, ocorrem infecções subclínicas no feto ou mesmo ausência de infecção (DESMONTS e COUVREUR, 1974).Em humanos, quando a primoinfecção ocorre durante a gestação, aproximadamente 40% dos fetos se infectam. Dentre estes, uma porcentagem de 15% morrem ou apresentam sintomatologia severa ao nascerem, 19% demonstram sinais clínicos moderados e o restante apresenta infecção subclínica (VITOR, 1994).A transmissão congênita do T. gondii também foi observada em animais utilizados para consumo humano. O T. gondii é descrito como parasito habitual de ovinos, caprinos, suínos e bovinos em várias partes do mundo (VITOR e PINTO, 1991;WARNEKULASURIYA et al., 1998;ESTEBAN et al., 1999). A importância dessa enfermidade nos animais de interesse zootécnico é evidenciada quando são consideradas as perdas econômicas decorrentes, principalmente, de abortos, natimortos e crias debilitadas, devido à transmissão congênita do parasito (LINKLATER e DYSON, 1979;McSPORAN et al., 1985).Apesar da infecção por T. gondii ser relativamente freqüente em coelhos domésticos, em muitos países, a manifestação clínica da toxoplasmose é aparentemente rara nesta espécie (DUBEY et al., 1992).A epidemiologia da toxoplasmose está descrita em lebres selvagens e em coelhos domésticos na Escandinávia e nos EUA (DUBEY et al., 1992), em coelhos selvagens na Alemanha (MANGOLD et al., 1999) e República Tcheca (LITERAK e RYCHLIK, 1999). O coelho constitui-se em reservatório de T. gondii, cuja infecção é mantida graças à transmissão intra-uterina do protozoário (HEJLICEK e LITERAK, 1995). Svoboda e Svobodova (1987) ressaltaram a importância da carne de fígado de coelhos infectados na transmissão da toxoplasmose para cães e gatos.Resumo: Neste ensaio foram comparados aspectos clínicos, obstétricos, imunológicos e patológicos entre coelhas gestantes inoculadas com oocistos de Toxoplasma gondii e coelhas gestantes não inoculadas. Os resultados obtidos demonstram ser a coelha gestante altamente sensível à infecção toxoplásmica. Aborto e óbito foram observados em 100% das coelhas infectadas, antes do término da gestação. Os aumentos máximos de temperatura corporal foram observados entre o quarto e o nono dia pós-inoculação (DPI). Alterações hematológicas também foram observadas. Devido ao caráter hiperagudo decorrente da infecção toxoplásmica, detectou-se resposta imune humoral nas coelhas infectadas somente no 7 o DPI. Os exames anátomo-histopatológicos demonstraram, principalmente, alterações hepáticas, renais e pulmonares. Com base nos dados obtidos no estudo, comprovou-se que coelhas gestantes são extremamente sensíveis a oocistos de T. gondii, apresentando severas alterações em diversos órgãos, assim como aborto e óbito prematuro. Palavras-chave: Toxoplasma gondii, coelhas gestantes, aborto. Abs...