Tomografia no trauma abdominal grave: risco justificável?

Abstract

RESUMO Objetivo: avaliar a evolução de pacientes vítimas de trauma abdominal grave, nos quais o protocolo de transfusão maciça foi acionado, e que foram submetidos à Tomografia Axial Computadorizada (TAC) no Pronto Socorro (PS), com o intuito de verificar o prognóstico do paciente e a eficiência diagnóstica da TAC nesse cenário. Métodos: estudo retrospectivo, longitudinal e observacional, feito em centro de referência para trauma. Foram selecionados 60 pacientes vítimas de trauma abdominal grave que ativaram o protocolo de transfusão maciça, divididos em dois grupos: os submetidos à TAC no PS e os que não foram. Verificou-se a acurácia da TAC, comparou-se o número de óbitos nos dois grupos, o tempo de internamento e os hemocomponentes transfundidos. Resultados: dos 60 pacientes, 66,67% receberam concentrados de hemácias ainda no PS; 33,3% foram submetidos à TAC na admissão, pela melhora hemodinâmica, e 66,7% não realizaram o exame na entrada. O percentual de óbitos foi de 35% em ambos os grupos. A diferença entre as médias do tempo de internamento entre os grupos não foi estatisticamente significativa, assim como a média da quantidade de concentrado de hemácias transfundido. No grupo que fez TAC, 45% não necessitaram de laparotomia exploratória. Conclusão: a TAC pôde ser realizada de maneira rápida em pacientes com instabilidade hemodinâmica na chegada ao PS, não influenciou significativamente a mortalidade e poupou alguns doentes de uma laparotomia exploratória desnecessária.

Análise sistematizada de tomografia computadorizada de abdome: um protocolo para médicos emergencistas

“…FIGURA -Fluxograma de escolha dos artigos Dos 20 artigos selecionados conforme metodologia descrita, 1 foi publicado nos anos 2010 7 , 2011 8 , 2012 9 , 2014 10 e 2022 11 , respectivamente; 2 pulicados em cada ano de 2016 12,13 , 2017 14,15 , 2020 16,17 e 2021 18,19 3 publicados em 2015 20,21,22 ; outros 4 artigos foram publicados em 2019. 23,24,25,26 A partir desses resultados, observa-se que a produção científica a respeito desta temática é recente, com maior destaque a partir de 2015. Esse resultado pode estar relacionado ao despertar da comunidade científica em relação aos exames de imagem que utilizam radiação ionizante e à segurança dos pacientes, bem como à crescente aquisição de tomógrafos por hospitais, à consolidação da TC nos Entre os 20 artigos selecionados, 6 apontaram as principais causas de dor abdominal na emergência ou indicações para TC de abdome, sendo comuns: dor abdominal inespecífica, uropatia obstrutiva, apendicite aguda, diverticulite e obstrução intestinal.…”

“…Nas doenças com causa traumática, a TC é importante modalidade de exame complementar. 7 O uso dela é, a princípio, limitado em pacientes hemodinamicamente instáveis 23 , mas também pode se mostrar estratégica quando usada de forma seletiva em trauma abdominal contuso. 15 A presença de ar na cavidade abdominal pode ser visualizada na TC a partir da descontinuidade da parede intestinal, seja o mecanismo de trauma perfuração, seja laceração.…”

Manejo clínico-cirúrgico dos pacientes com lesão esplênica aguda

“…Se a perda sanguínea não pode ser atribuída a fraturas de ossos longos ou pélvicos, ou a perda externas por lacerações, precisa-se presumir uma fonte intra-abdominal e o baço é a principal fonte. A mortalidade por um reconhecimento tardio de hemorragia esplênica está no topo da lista de causas de mortes previsíveis (PIMENTEL et al, 2015).…”

Abordagem De Traumas Abdominais

“…Se houver estabilidade, é indicada a TC de abdome. Em pacientes que realizaram a TC e houve evidência de lesões de baixo grau, recomenda-se tratamento conservador com observação constante e se, durante o internamento em UTI, o paciente apresentar queda de mais que 3g/Dl ou leucocitose recomenda-se laparotomia exploradora, se não, alta hospitalar (PIMENTEL et al, 2019).…”

“…A TC com duplo e triplo contraste pode não identificar a lesão de intestino delgado, o achado mais frequente deste método é líquido livre na cavidade peritoneal, sem lesão de víscera parenquimatosa associada. Sinais indiretos de lesão de intestino delgado são espessamento de parede intestinal e de mesentério (PIMENTEL et al, 2019).…”