No último Congresso da Sociedade Européia de Contracepção e Saúde Reprodutiva, realizado em 2010 na Holanda, Dinger et al. apresentaram os resultados de um estudo que avaliou comparativamente o risco do câncer de mama em usuárias do sistema liberador ntra-uterino de levonorgestrel (SLIU/LNG) e do dispositivo intra uterino contendo cobre (DIU/Cu) 1 .O estudo identificou, entre 2000 e 2007 nos registros de cânceres da Alemanha e Finlândia, 5113 casos de câncer de mama em mulheres abaixo de 50 anos confirmados histologicamente e 20452 controles.Todas foram analisadas quanto às características pessoais e fatores de risco para câncer de mama, como IMC, história ginecológica, uso de contracepção hormonal e TH, história familiar de cânceres ginecológicos, presença de comorbidades, uso de fármacos, indicadores socioeconômicos e estilo de vida.A estatística se apoiou em testes com poder analítico de detectar o risco de câncer de mama acima de 1,5 vezes e se basearam em três diferentes modelos de regressão logística para avaliar 14 fatores confundidores.Os resultados obtidos foram símiles nos dois países, tanto nas ex como nas usuárias atuais dos dois grupos (SLIU/LNG e DIU/Cu) no tocante ao risco de câncer de mama invasivo, aparecimento de metástases regional ou distante, tamanho/ tipo histológico do tumor e prevalência dos fatores de risco.O estudo de Dinger et al. surge num momento oportuno, pois pode contribuir na resposta de uma questão ainda atual e que se tornou candente após a publicação dos resultados do WHI 2 , qual seja, a da possibilidade dos progestógenos se associarem a oncogênese mamária, uma vez que seu uso, quando combinado ao estrogênio, propiciou um maior risco do câncer de mama do que o observado com o estrogênio isolado.O WHI foi o primeiro estudo duplo cego randomizado, placebo controlado a relatar maior risco de câncer de mama aos 5,2 anos no grupo de usuárias da associação estrogênio conjugado equino (ECE) com o acetato de medroxiprogesterona (AMP); diferentemente no grupo de usuárias do ECE isolado, constatou-se redução do risco aos sete anos de uso do esteróide, porém sem significância estatística. Posteriormente, a progesterona durante a segunda fase do ciclo menstrual, bem como o uso de progestógenos, foram responsabilizados a uma ação mitogênica no epitélio mamário (Nazário 1995) 5 . Do exposto se depreende que todos esses estudos geram um embasamento biológico plausível que permite supor um possível impacto do esteroide no determinismo do câncer de mama.Certamente, foi por isso que logo após o WHI muitos estudos emergiram da literatura com o intuito de esclarecer os possíveis mecanismos dos progestógenos na eclosão da mitogênese mamária Um dos que tem sido muito estudado relaciona-se ao impacto dos progestógenos sobre as enzimas presentes no tecido mamário normal e naquele com câncer que apresentam importante participação na bioformação e transformação metabólica dos estrogênios, androgênios e progesterona; entre essas enzimas, destacam-se a sulfatase, aromatase, 17 β hidroxiesteroide dehidro...